Tito Clódio Éprio Marcelo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Tito Clódio Éprio Marcelo
Cônsul do Império Romano
Consulado 62 d.C.
74 d.C.
Morte 79 d.C.

Tito Clódio Éprio Marcelo (em latim: Titus Clodius Eprius Marcellus; m. 79) foi um senador romano da gente Clódia nomeado cônsul sufecto para o nundínio de novembro e dezembro de 62 com Quinto Júnio Marulo e novamente para os meses de maio e junho de 74 com Quinto Petílio Cerial Césio Rufo. É conhecido por ter sido adversário do senador estoicismo Trásea Peto e por seu embate contra Helvídio Prisco. Éprio também ficou famoso por sua capacidade de cair nas graças dos imperadores da época, especialmente Nero e Vespasiano, e por sua hostilidade a qualquer oposição senatorial ao poder imperial. Contudo, no último ano do reinado de Vespasiano, em circunstâncias obscuras, foi acusado de traição e se matou.

Nome e origem

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Éprio Marcelo era um homem novo, "que conta-se ter nascido em Cápua" de um família sem nenhuma distinção social.[1] Sua filiação e tribo são conhecidas por causa de uma inscrição encontrada em Cápua e preservada no museu arqueológico de Nápoles.[2] Com base no fato de o prenome de seu pai ter sido "Marco", o historiador Ronald Syme sugere que ele teria nascido nascido um "Éprio, filho de Marco" ("Eprius M.f") que foi adotado por um Tito Clódio; os dois prenomes para o raro nome "Éprio" são Marco e Lúcio, nunca Tito. Apesar de serem conhecidos vários "Marcos Clódios", o historiador Olli Salomies considera a teoria de Syme "muito provável".[3]

É possível que Éprio Marcelo tenha se beneficiado de um patrocínio do poderoso ministro do imperador Cláudio, Lúcio Vitélio, que o tornou pretor por um dia, o último do ano de 48.[4] Segundo uma inscrição encontrada em Pafos,[5] Éprio Marcelo comandou uma legião antes disto, foi legado imperial propretor na Lícia e Panfília entre 53 e 56 e em Chipre. Ele era conhecido como um orador habilidoso, determinado e furioso que "ardia com os olhos, o semblante e a voz".[6] Depois disto foi cônsul pela primeira vez no último trimestre de 62 com Quinto Júnio Marulo.[7]

No julgamento de Públio Clódio Trásea Peto numa acusação inventada de maiestas ("traição"), Éprio Marcelo foi o principal acusador e defendeu que ele era um traidor da tradição e da religião romanas.[6] A origem da disputa era o genro de Trásea Peto, Helvídio Prisco, que, em 68, acusou Éprio, mas abandonou o processo quando percebeu que a condenação dele envolveria diversos outros senadores. Em dezembro de 69, logo depois da vitória de Vespasiano na guerra civil, Helvídio, como pretor-eleito, atacou a conduta de Éprio no Senado durante o conflito, que se defendeu vigorosamente afirmando ser um dos súditos que "haviam tentado servir o Estado sob a liderança de maus imperadores". Segundo ele, era "muito bom emular Bruto e Catão em força moral, mas ele era apenas um senador e todos haviam sido escravos juntos".[8]

Logo depois, Éprio acabou se tornando um dos amigos e conselheiros mais próximos de Vespasiano. Ele se gabava de ser membro de dois dos mais prestigiosos colégio sacerdotais da Roma imperial, o dos sodais augustais e o dos áugures.[2] Entre 70 e 73, foi procônsul da Ásia por um mandato anormalmente longo de três anos[9] e retornou a Roma para seu segundo consulado sufecto entre maio e junho de 74 com Quinto Petílio Cerial Césio Rufo.[10] Nesta época, Helvídio Prisco foi banido e depois assassinado, supostamente por ordem de Vespasiano, um processo no qual alguns desconfiaram das maquinações de Éprio. Em 79, ele próprio se viu envolvido num complô com o ex-general viteliano Aulo Cecina Alieno contra a dinastia flaviana. Chamado a depor no Senado e condenado, Éprio cortou sua própria garganta com uma navalha.[11]

Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Públio Petrônio Turpiliano

com Lúcio Júnio Cesênio Peto
com Cneu Pedânio Fusco Salinador (suf.)
com Lúcio Veleio Patérculo (suf.)

Públio Mário
62

com Lúcio Afínio Galo
com Quinto Mânlio Ancário Tarquício Saturnino (suf.)
com Públio Petrônio Níger (suf.)
com Quinto Júnio Marulo (suf.)
com Tito Clódio Éprio Marcelo (suf.)

Sucedido por:
Caio Mêmio Régulo

com Lúcio Vergínio Rufo

Precedido por:
Domiciano II

com Lúcio Valério Cátulo Messalino
com Lúcio Élio Oculato (suf.)
com Quinto Gávio Ático (suf.)
com Marco Arrecino Clemente (suf.)
com Sexto Júlio Frontino (suf.)

Vespasiano V
74

com Tito III
com Tibério Pláucio Silvano Eliano II (suf.)
com Lúcio Júnio Quinto Víbio Crispo II (suf.)
com Quinto Petílio Cerial Césio Rufo II (suf.)
com Tito Clódio Éprio Marcelo II (suf.)
com Caio Pompônio (suf.)
com Lúcio Mânlio Patruíno (suf.)
com Cneu Domício Tulo (suf.)

Sucedido por:
Vespasiano VI

com Tito IV
com Domiciano III (suf.)
com Lúcio Pasidieno Firmo (suf.)


Referências

  1. Tácito, Dialogus de oratoribus 8, 1
  2. a b CIL X, 3853
  3. Olli Salomies, Adoptive and polyonymous nomenclature in the Roman Empire, (Helsinski: Societas Scientiarum Fenica, 1992), p. 93
  4. Tácito, Anais XII.4, 3
  5. AE 1956, 186
  6. a b Tácito, Anais XVI.29, 1.
  7. Paul A. Gallivan, "Some Comments on the Fasti for the Reign of Nero", Classical Quarterly, 24 (1974), pp. 292, 310
  8. Tácito, Histórias, IV,3-10.
  9. Werner Eck, "Jahres- und Provinzialfasten der senatorischen Statthalter von 69/70 bis 138/139", Chiron, 13 (1983), pp. 287-292
  10. Paul Gallivan, "The Fasti for A. D. 70-96", Classical Quarterly, 31 (1981), pp. 188, 214
  11. Dião Cássio, História Romana LXVI.16, 3.