A Noite – Wikipédia, a enciclopédia livre
A Noite | |
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Manchete do jornal A Noite, sobre a morte de Carmen Miranda em 6 de agosto de 1955 | |
Periodicidade | diária |
Formato | standard |
Sede | Rio de Janeiro |
País | Brasil |
Fundação | 18 de junho de 1911 |
Fundador(es) | Irineu Marinho |
Término de publicação | 27 de dezembro de 1957 |
Publicações irmãs | "A Noite Ilustrada" |
A Noite foi um jornal vespertino brasileiro da cidade do Rio de Janeiro, editado diariamente entre 18 de junho de 1911 e 27 de dezembro de 1957. Foi, assim como O Globo, fundado pelo jornalista Irineu Marinho.[1]
Histórico
[editar | editar código-fonte]A Noite foi fundado em 1911 por Irineu Marinho, Castelar de Carvalho, Marques da Silva e outros idealistas, como o primeiro vespertino do Rio de Janeiro.[2] Saindo às 19 horas com o noticiário até por volta das 17h30, alcançou rápida popularidade, também auxiliada por manchetes de última hora em edições atualizadas.[2] O jornal chegou a ter sete edições diárias e é o único vespertino da cidade a alcançar a tiragem de duzentos mil exemplares.[2]
Em 1925, Irineu afastou-se da direção do jornal, sendo sucedido por Geraldo Rocha.[2] Marinho estava na Europa quando soube do plano de Geraldo para torná-lo acionista minoritário na empresa. Desligou-se da empresa e fundou O Globo.[2]
Em 1929, foi inaugurado o Edifício A Noite, então o mais alto do Rio, a nova sede do jornal.[2]
Depois de passar pelas mãos de grupos franceses, A Noite foi encampado pelo Governo Federal em 1940.[2] Ainda naquela década, sob a administração de Carvalho Neto, Lincoln Massena e Almerio Ramos, o jornal voltou a atingir equilíbrio orçamentário, porém já na década seguinte voltou a ser deficitário.[2]
O jornal foi fechado quase no fim de 1957, numa decisão do superintendente das Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional que foi criticada pelos outros jornais da cidade.[2] "[A Noite] nasceu e cresceu à sombra do prestígio popular que logrou granjear num período de agitação política", escreveu o Correio da Manhã. "Chegou ao máximo, depois começou a descida, quando elementos estranhos à profissão se apoderaram da folha. A Revolução de 1930 completou a obra ao tomar, por meio de confisco, os bens da empresa. Nas mãos do Governo, acentuou-se cada vez mais a decadência do outrora querido jornal. Acabou-se, agora, do ponto de vista material, mas de há muito estava moralmente condenada na opinião pública. A justiça do povo, nesses casos, é inexorável."[2]
Já o Jornal do Brasil defendeu que o fechamento de A Noite representava a "incompetência administrativa do Estado brasileiro": "A desconfiança do público em relação à imprensa de qualquer governo é de tal natureza que, em menos de vinte anos, A Noite deixou de ser o maior vespertino da cidade para perecer [de] morte inglória. É um instante melancólico na vida da cidade e da imprensa brasileira, e o Governo deve ter pensado bastante, medido nem as soluções e os caminhos, antes de fazer a velha capital sofrer essa nova dor inesperada."[2]
Segundo funcionários disseram ao Diário Popular, "o fechamento do vespertino é parte de um plano que vai de sua extinção à transferência da Rádio Nacional e outros órgãos para o controle de determinado grupo econômico" não identificado por eles.[2] "O jornal estava, realmente, sem recursos para se manter", reconheceu o redator-chefe Carvalho Neto. "Acredita-se agora que o jornal seja vendido. A solução para todos seria a vigência do decreto elaborado no governo do general Dutra, que dava A Noite aos empregados. Eles poderiam arrendá-la com direito de opção de compra pelo 'custo histórico'. A solução que conhecemos hoje é trágica, dolorosa e, sobretudo, melancólica."[2]
Impacto cultural
[editar | editar código-fonte]O jornal organizou o Miss Brasil 1929, quando foi eleita a miss Distrito Federal, Olga Bergamini de Sá.[3] Em 1933, o jornal lançou um concurso que premiaria a melhor canção junina. A disputa terminou por criar o gênero musical de melodias feitas especificamente para as festas de São João, sendo vencido naquele ano por Benedito Lacerda, com a música "Briguei com São João".[4] Outras iniciativas do jornal foram a criação de concursos, como "Rei Momo Primeiro e Único" ou um de banhos de mar a fantasia, a Corrida da Fogueira e a estátua "Monumento ao Pequeno Jornaleiro", localizada no Centro do Rio.[2]
Em A Noite teve início a carreira da escritora Clarice Lispector, que, paralelamente ao serviço na Agência Nacional, ali teve seu primeiro trabalho como jornalista e tradutora, em 1939.[5] Também foi o local de início da carreira do desenhista Orlando Mattos.[6]
Várias publicações adicionais foram lançadas, aproveitando o prestígio de A Noite, como A Noite Ilustrada, Vamos Ler, A Carioca e A Manhã, além da Rádio Nacional.[2] O jornal também é considerado pioneiro na integração do leitor ao noticiário, graças à criação da seção "Carioca Repórter", mais tarde imitada por outros veículos.[2]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Dúnya Azevedo (2009). «A evolução técnica e as transformações gráficas nos jornais brasileiros». Revista Mediação / Fumec. Consultado em 12 de julho de 2018. Cópia arquivada em 12 de julho de 2018
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p «Melancólico fim do que foi o maior jornal do Rio». São Paulo: Diário Popular. Diário Popular (23 566): 22. 30 de dezembro de 1957
- ↑ «Visita das Misses de 1929 ao Quartel Central». CBMERJ. 4 de agosto de 2011. Consultado em 16 de fevereiro de 2014. Cópia arquivada em 16 de fevereiro de 2014
- ↑ Wander Nunes Frota (2003). Auxílio luxuoso: samba símbolo nacional, geração Noel Rosa e indústria cultural. [S.l.]: Annablume. 252 páginas. ISBN 9788574193335.
Referências às págs. 81, 119, 121, 123 e 124
- ↑ Elayne Bioni (2014). «Clarice Lispector» (PDF). moisesneto.com.br. Consultado em 12 de julho de 2018. Cópia arquivada em 12 de julho de 2018
- ↑ Orlando Mattos a um clique Diário do Grande ABC. 4 de abril de 2010.