A Portuguesa de Nápoles – Wikipédia, a enciclopédia livre
A Portuguesa de Nápoles | |
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França | La Portugaise de Naples |
Portugal 1931 • p&b • 47 min | |
Gênero | drama histórico |
Direção | Henrique Costa |
Narração | Henrique Costa (argumento adaptado) Manuel Pinheiro Chagas (obra original) |
Elenco | Maria do Céu Foz António Pinheiro Heloísa Clara Barreto Poeira Joaquim Pimentel |
Música | Juan Fabre |
Cinematografia | Manuel Luís Vieira |
Edição | Henrique Costa |
Companhia(s) produtora(s) | Mello, Castelo Branco Lda. |
Distribuição | Mello, Castello Branco, Lda. |
Lançamento | 15 de junho de 1931 - Cinema Odéon, Lisboa |
Idioma | intertítulos em português |
A Portuguesa de Nápoles é um filme mudo português de drama e ficção histórica, realizado por Henrique Costa em 1931.[1][2][3] Baseado no romance "As Duas Flores de Sangue" (1875) de Manuel Pinheiro Chagas, retrata, apesar de forma floreada, os eventos verídicos que findaram tragicamente a vida da portuguesa revolucionária Leonor da Fonseca Pimentel (1752-1799) após a queda da República Napolitana em 1799.[4][5][6]
Foi o primeiro e único filme que Henrique Costa realizou, assim como o filme de estreia do ator português Barreto Poeira, cuja carreira cinematográfica contou com mais de 30 participações.[7]
Sinopse
[editar | editar código-fonte]Durante o reinado de Fernando IV de Bourbon, com a chegada da notícia da Revolução Francesa e da morte de Maria Antonieta, irmã da rainha Maria Carolina, a nobre portuguesa Leonor da Fonseca Pimentel torna-se suspeita de ter aderido à causa jacobina ao realizar em sua casa vários encontros e saraus com vários membros da alta sociedade e artistas de renome, onde discute e defende os ideais da "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", sendo pouco depois presa pelos espiões da Junta do Estado. Libertada quando as tropas de Napoleão Bonaparte invadem a cidade, Leonor abandona o seu estatuto de aristocrata e adere à revolução republicana, tomando um importante papel na formação da República Napolitana, até esta se render às forças aliadas da família real meses depois. Presa novamente, Leonor enfrenta um julgamento impiedoso e é condenada à morte na forca, tornando-se numa das mais conhecidas mártires revolucionárias de Nápoles.
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Maria do Céu Foz (Leonor da Fonseca Pimentel)[8]
- António Pinheiro (Pasquale de Simone, o espião)
- Heloísa Clara (amiga de Leonor)
- Barreto Poeira (juiz speciale)
- Vítor Cruz (juiz)
- Jaime Ferreira (Mário)
- João Sabino (Miguel, o louco)
- Rafael Alves (pintor)
- Joaquim Pimentel (oficial da guarda)
- Élia Rey
- Duarte Costa
- Francisco Sena
- Mário Ferreira
- Campos Pereira
- Júlio Costa
Produção
[editar | editar código-fonte]Henrique Costa estreou-se na indústria cinematográfica no ano de 1931, tomando como inspiração o romance "As Duas Flores de Sangue" de Manuel Pinheiro Chagas, para contar a história da revolucionária portuguesa Leonor da Fonseca Pimentel.[9] Com poucos meios financeiros e sem um forte apoio do estúdio para realizar um filme de época a rigor, contando somente como décors um palco ao ar livre e uma sala dentro de um palácio quase devoluto, em Sintra, a obra transformou-se num esforço de amor, tendo sido realizado de forma semi-amadora e consoante o tempo que este podia dispor, dividindo as filmagens com a sua vida profissional, sendo antiquário de profissão e tradutor e dramaturgo nos tempos livres, para além de o autor de "Terra Mater" (1926) e "Prosas Estranhas" (1927).[10]
Frequentador do teatro nacional, conseguiu no entanto atrair para o elenco da sua produção membros da companhia teatral do Coliseu dos Recreios, como a cantora lírica Maria do Céu Foz, várias bailarinas do Conservatório Nacional de Lisboa ou ainda atores conhecidos do grande público, como António Pinheiro e Alves da Cunha.[11] Após este último ter desistido do filme devido a conflitos de agenda, Henrique Costa convidou o então ator amador Barreto Poeira para participar no filme, tornando-se "A Portuguesa de Nápoles" o seu filme de estreia.[12][13]
Estreando a 15 de junho desse mesmo ano, no Cinema Odeón, em Lisboa,[14] três dias antes da estreia do filme "A Severa" de José Leitão de Barros, sendo este o primeiro filme sonoro produzido em Portugal e realizado por um português,[15] o seu filme englobou o grupo de últimos filmes portugueses a serem realizados sem som, ao lado de "A Lenda de Miragaia" (1931) de Raul Faria da Fonseca e António Cunhal, "Tragédia Rústica" (1931) de Alves da Cunha, "Nua" (1931) de Maurice Mariaud e "Toureiros por Amor" (1930) de Alexandre Amores.[16][17]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Costa, Henrique Alves (1978). Breve história do cinema português, 1896-1962. [S.l.]: Instituto de Cultura Portuguesa, M.E.I.C., Secretaria de Estado da Investigação Científica
- ↑ Ribeiro, Félix; Ribeiro, M. Felix; Pina, Luís de; Cruz, José de Matos (1982). Le Cinéma portugais (em francês). [S.l.]: L'Equerre
- ↑ Anuario del cine español (em espanhol). [S.l.]: Sindicato Nacional del Espectáculo, Servicio de Estadística y Publicaciones. 1955
- ↑ Santos, Maria Teresa; Pereira, Sara Marques (2001). Leonor da Fonseca Pimentel: a portuguesa de Nápoles, 1752-1799. [S.l.]: Livros Horizonte
- ↑ Antunes, João (9 de junho de 2008). «Leonor da Fonseca Pimentel: ″Aqui sinto-me em casa″». Jornal de Notícias
- ↑ Multimédia, RTP (11 de outubro de 2007). «A Portuguesa de Nápoles». Rádio e Televisão de Portugal
- ↑ Grande enciclopédia portuguesa e brasileira: ilustrada com cêrca de 15.000 gravuras e 400 estampas a côres. [S.l.]: Editorial Enciclopédia. 1959
- ↑ Murtinheira, Alcides; Metzeltin, Igor (2010). Geschichte des portugiesischen Kinos: mit Personen- und Filmregister und 44 Abbildungen (em alemão). [S.l.]: Praesens
- ↑ «Cronologia do Cinema Português: 1931». Instituto Camões
- ↑ Ramos, Jorge Leitão (2 de novembro de 2012). Dicionário do Cinema Português 1895-1961. [S.l.]: Leya
- ↑ Vasques, Eugénia. António Pinheiro. [S.l.]: Leya
- ↑ Cruz, José de Matos (1998). Cinema português: o dia do século. [S.l.]: Grifo
- ↑ Cinéfilo. [S.l.]: Sociedade Nacional de Tipografia. 1931
- ↑ Rivista di letteratura italiana (em italiano). [S.l.]: Giardini Editori e Stampatori. 1997
- ↑ La Revue du cinéma, image et son (em francês). [S.l.]: Ligue française de l'enseignement et de l'éducation permanente. 1977
- ↑ Ribeiro, M. Felix (1983). Filmes, figuras e factos da história do cinema português, 1896-1949. [S.l.]: Cinemateca Portuguesa
- ↑ Close Up: Devoted to the Art of Films (em inglês). [S.l.]: Pool. 1931