Abracadabra – Wikipédia, a enciclopédia livre
Abracadabra é uma palavra mágica usada historicamente como encantamento, e contemporaneamente em ilusionismo.
História
[editar | editar código-fonte]A primeira menção conhecida da palavra foi no século II em um livro chamado Liber Medicinalis (às vezes conhecido como De Medicina Praecepta Saluberrima) por Sereno Sammonico,[1] médico do imperador romano Caracalla, que no capítulo 52 prescreveu que pacientes com malária use um amuleto contendo a palavra escrita na forma de um triângulo.[2][3]
O poder do amuleto, afirmou ele, faz com que doenças letais desapareçam. Outros imperadores romanos, incluindo Geta e Alexandre Severo, eram seguidores dos ensinamentos médicos de Sereno Sammonico e podem ter usado o encantamento também.[1]
Foi usado como uma fórmula mágica pelos gnósticos da seita de Basilides ao invocar a ajuda de espíritos benéficos contra doenças e infortúnios.[4] É encontrado nas pedras Abraxas, que eram usadas como amuletos. Posteriormente, seu uso se espalhou além dos gnósticos.
O ministro puritano Increase Mather rejeitou a palavra como desprovida de poder. Daniel Defoe também escreveu com desdém sobre os londrinos que colocaram a palavra em suas portas para evitar doenças durante a Grande Peste de Londres.[5]
A religião de Thelema soletra a palavra "Abrahadabra", e a considera a fórmula mágica do Éon atual. O fundador da religião, Aleister Crowley, explica em seu ensaio Gematria que descobriu a palavra (e sua ortografia) por métodos cabalísticos. A palavra "Abrahadabra" também aparece repetidamente na invocação de Hórus em 1904 que levou à fundação de Thelema.[6]
Abracadabra agora é mais comumente usado como uma palavra mágica na performance de ilusionismo. A palavra faz parte de um conjunto limitado de palavras que podem ser digitadas em sua totalidade usando o lado esquerdo de um teclado QWERTY.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Abracadabra é de origem desconhecida, mas de acordo com o Oxford English Dictionary, sua primeira ocorrência conhecida está nas obras do segundo século de Quinto Sereno Sammonico.[7] Seu primeiro uso na língua portuguesa data do século XVIII, segundo o Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, de António Geraldo da Cunha.[8]
Várias pseudoetimologias estão associadas à palavra[9]: de frases em hebraico que significam "eu criarei enquanto falo",[10] ou aramaico "eu crio como a palavra" (אברא כדברא),[11] a etimologias populares que apontam para palavras semelhantes em latim e grego, como abraxas[7] ou para sua semelhança com as quatro primeiras letras do alfabeto grego (alfa-beta-gama-delta ou ΑΒΓΔ).[12] De acordo com o OED Online, "nenhuma documentação foi encontrada para apoiar qualquer uma das várias conjecturas".[7]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b Sammonicus, Quintus Serenus (1786). Quinti Sereni Samonici De medicina praecepta salvberrima (em latim). [S.l.]: In bibliopolio I.G. Mv̈lleriano. p. 4
- ↑ Shah, Sonia. «The Tenacious Buzz of Malaria». WSJ (em inglês). Consultado em 22 de fevereiro de 2023
- ↑ «Homework Help and Textbook Solutions | bartleby». www.bartleby.com (em inglês). Consultado em 22 de fevereiro de 2023. Cópia arquivada em 22 de novembro de 2008
- ↑ «Abracadabra». 1911 Encyclopædia Britannica. Consultado em 22 de fevereiro de 2023
- ↑ Defoe, Daniel (1911). A journal of the plague year. Robarts - University of Toronto. [S.l.]: London Dent
- ↑ (The Equinox I, no. 7. 1912)
- ↑ a b c «"abracadabra"». Oxford Advanced Learner's Dictionary. Consultado em 22 de fevereiro de 2023
- ↑ Carlos Rocha (3 de maio de 2006). «Origem e datação de abracadabra -». Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Consultado em 25 de fevereiro de 2023
- ↑ «Magic words: performative utterance in fact and fantasy | OxfordWords blog». web.archive.org. 26 de fevereiro de 2017. Consultado em 22 de fevereiro de 2023
- ↑ Kushner, Lawrence (1993). The book of words = Sefer shel devarim : talking spiritual life, living spiritual talk 1st Quality pbk. ed ed. Woodstock, Vt.: Jewish Lights Pub. p. 11. OCLC 40436334
- ↑ Lew, Alan (1 de agosto de 2003). This Is Real and You Are Completely Unprepared: The Days of Awe as a Journey of Transformation (em inglês). [S.l.]: Little, Brown
- ↑ Flanders, Judith (2020). A place for everything : the curious history of alphabetical order First US edition ed. New York: [s.n.] p. xxv. OCLC 1143631587