Alta-Venda – Wikipédia, a enciclopédia livre
A Alta Venda era uma estrutura orgânica de reunião da organização secreta de carácter político-religioso Carbonária Portuguesa.
Origem e funções
[editar | editar código-fonte]Fundada entre finais de 1898 e seguramente antes de 1900[1] é Luz de Almeida quem nos dá uma perspectiva de como as coisas se passaram,[2] assumiu numa das primeiras reuniões da criação da organização Carbonária Portuguesa o estatuto de provisória que só veio a perder quando esta foi dissolvida tal como a "Suprema Alta-Venda"[3] sendo que os membros desta última passaram para uma nova Alta-Venda que ficou a ser o corpo dirigente da Carbonária Portuguesa.
Os nomes que pertenciam a esta eram secretos até para a Venda Jovem-Portugal sendo um órgão com membros invisiveis até para estes. Este era o órgão de gestão da Carbonária Portuguesa e o seu pólo dinamizador principal
Remodelação e funções definitivas
[editar | editar código-fonte]A dada altura[4] Luz de Almeida (não havendo data calcula-se que será em 1907 pois foi antes de este ter sido preso pela polícia no dia 28 de Janeiro de 1908 nas vésperas da Janeirada,[5] também conhecido como Golpe do elevador da Biblioteca[6]) decide remodelar a estrutura Superior da Carbonária Portuguesa, reunindo o Conselho Florestal, ficando esta estrutura com as seguintes atribuições: eleição e destituição do Grão-Mestre, do Grão-Mestre Adjunto, das Altas-Vendas e dos Juízes do Tribunal Secreto; definição e estabelecimento da parte ritualística. Eram assim limitados os poderes da Venda Jovem-Portugal reforçando-se o carácter secreto da organização numa altura em que se preparavam importantes desenvolvimentos na história portuguesa na qual a Carbonária Portuguesa teve forte influência.
A partir desta altura a Alta-Venda passa a ser o verdadeiro centro dinamizador das actividades conspirativas da Carbonária Portuguesa.
Integrantes
[editar | editar código-fonte]Não se conhece a totalidade dos que integravam as Altas-Vendas sabe-se no entanto que Luz de Almeida presidiu a todas,[7] de entre os integrantes que se conhece:[2][8][9]
- 1.ª (desde a fundação) Luz de Almeida, como Presidente, José Maria Cordeiro, Ivo Salgueiro, José Soares e Silva Fernandes (que era o único não académico[10]);
- 2.ª (até 1903) Luz de Almeida, como Presidente, José Maria Cordeiro, Ivo Salgueiro, José Soares e um quinto desconhecido;
- 3.ª (de 1903 até data desconhecida) Luz de Almeida, como Presidente, José Maria Cordeiro, Ivo Salgueiro,[11] Ferreira Manso e Emílio Costa;[12]
- ?.ª (de 1907 a Janeiro de 1909) Luz de Almeida, como Presidente, César de Vasconcelos, como Vice-Presidente, Henrique Cordeiro, como Tesoureiro, António dos Santos Fonseca, como Secretário, J. M. dos Santos Júnior e Franklin Lamas como Vogais;
- ?.ª (de 1909 a 1911 e uma das últimas de que se tem conhecimento) Luz de Almeida, como Presidente, António Maria da Silva, Machado dos Santos, Carlos Cândido dos Reis[13] e um quinto desconhecido.
Referências
- ↑ Porque foi neste ano que foi fundada a Loja Montanha no então Grande Oriente Lusitano Unido de que foram fundadores os Carbonários e o seu Venerável-Mestre foi Luz de Almeida precisamente o Chefe máximo das estruturas da Carbonária Portuguesa
- ↑ a b MONTALVOR, Luís de (direcção),História do Regime Republicano em Portugal, Capítulo: A obra revolucionária da propaganda: as sociedades secretas (pp. 202-56, Vol II), Lisboa, 1932
- ↑ Organização provisória constituida um "Bom Primo" que foi eleito pela Alta-Venda provisória e a quem foram conferidos plenos poderes para que secretamente escolhesse entre os membros daquela entidade, quatro outros "Bons Primos", o escolhido foi Luz de Almeida
- ↑ Luz de Almeida in História do Regime Republicano em Portugal, Capítulo: A obra revolucionária da propaganda: as sociedades secretas, p. 229, Vol II, MONTALVOR, Luís de (direcção),Lisboa, 1932
- ↑ A Janeirada foi planeada por António José de Almeida e tinha como organizador na sombra, Luz de Almeida, este na altura chefiava a Alta Venda da Carbonária Portuguesa, onde era secundado por Machado dos Santos e António Maria da Silva, este golpe deu-se depois que António José de Almeida na sequência do Congresso Republicano de Setúbal realizado em 1907, ter ficado de organizar a tomada do poder pelos republicanos por via revolucionária. António José de Almeida acabaria por ser preso com os conpiradores no Elevador da Biblioteca.
- ↑ O Elevador da Biblioteca, que já não existe, era um Elevador similar ao Elevador da Bica que ligava a Praça do Município (chamada então de Largo do Pelourinho) e o Largo da Biblioteca em Lisboa e foi o local onde alguns dos principais revolucionários republicanos do golpe de 28 de Janeiro de 1908 se deixaram encurralar e foram presos, por esse motivo esta revolução para além de ser conhecida por Janeirada foi mais popularmente denominada por Golpe do Elevador da Biblioteca.
- ↑ Embora estivesse exilado entre Janeiro de 1909 e Outubro de 1910 era quem daria as ordens do seu exilio, havendo a indicação de encontros entre este e os outros membros em países estrangeiros.
- ↑ VENTURA, António, A Carbonária em Portugal 1897-1910, Livros Horizonte, 2008 (2.ª Ed.), ISBN 978-972-24-1587-3
- ↑ Entrevista a Luz de Almeida, Jornal República de 29 de Setembro de 1911
- ↑ Ver o verbete Carbonária Portuguesa, capitulo A fundação e reoganização para entender o porquê desta referência.
- ↑ Substituido nesse ano por ter recolhido ao leito e mais tarde ter falecido de tuberculose
- ↑ Substituido em Agosto de 1903 por ter partido para a Bélgica, onde foi concluir a sua formatura em letras.
- ↑ Também conhecido por Almirante Reis e substituído em Outubro de 1910 depois do seu suicídio em 5 de Outubro de 1910
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- MONTALVOR, Luís de (direcção),História do Regime Republicano em Portugal, Capítulo: A obra revolucionária da propaganda: as sociedades secretas (pp. 202–56, Vol II), Lisboa, 1932
- ROCHA MARTINS, D: Manuel II (Memórias para a História do seu Reinado), p. 143, Lisboa, Sociedade Editora José Bastos, s. d., Volume I - Capítulo IV A Carbonária
- Entrevista a Luz de Almeida, Jornal República de 29 de Setembro de 1911
- VENTURA, António, A Carbonária em Portugal 1897-1910, Livros Horizonte, 2008 (2.ª Ed.), ISBN 978-972-24-1587-3