Américo Tomás – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Américo Tomás | |
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Américo Tomás | |
13.º Presidente da República Portuguesa | |
Período | 9 de agosto de 1958 a 25 de abril de 1974 |
Antecessor(a) | Francisco Craveiro Lopes |
Sucessor(a) | António de Spínola |
Ministro da Marinha | |
Período | 6 de setembro de 1944 a 10 de maio de 1958 |
Antecessor(a) | Manuel Ortins de Bettencourt |
Sucessor(a) | Raul Ventura |
Dados pessoais | |
Nome completo | Américo Deus Rodrigues Thomaz |
Nascimento | 19 de novembro de 1894 Lisboa, Portugal |
Morte | 18 de setembro de 1987 (92 anos) Cascais, Portugal |
Cônjuge | Gertrudes Ribeiro da Costa Thomaz |
Partido | União Nacional, depois Acção Nacional Popular |
Profissão | Oficial da Marinha de Guerra |
Assinatura | |
Serviço militar | |
Lealdade | Portugal |
Serviço/ramo | Marinha Portuguesa |
Anos de serviço | 1914-1974 (expulso) |
Graduação | Almirante da Armada |
Conflitos | Primeira Guerra Mundial Guerra Colonial Portuguesa |
Américo Deus Rodrigues Tomás[1] OSE • ComA • GOA • ComC • GCC • GColTE[2] (Lisboa, Alcântara, 19 de novembro de 1894 – Cascais, Cascais, 18 de setembro de 1987) foi um político e militar português. Foi o décimo terceiro Presidente da República Portuguesa, e último do Estado Novo, deposto no 25 de Abril após um mandato de quase 16 anos. Notório também por ter "vencido" o candidato oposicionista Humberto Delgado em 1958, com recurso a fraude eleitoral[3].
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nasceu em Alcântara, Lisboa, a 19 de novembro de 1894, filho de António Rodrigues Tomás (Ferreira do Zêzere, c. 1870), e de sua esposa, Maria da Assunção Marques (Lisboa, c. 1874), criados da casa da família Rodrigues de Mattos e Silva de Abrantes e do Sardoal.[4]
Em 16 de outubro de 1922 desposou Gertrudes Ribeiro da Costa, filha de António José da Costa e de sua esposa, Adelaide do Carmo Ribeiro. Deste casamento nasceram três crianças, das quais apenas duas filhas sobreviveram (Maria Natália e Maria Madalena).[5]
Carreira académica
[editar | editar código-fonte]Ingressou no Liceu da Lapa em 1904, e concluiu a sua formação secundária no Liceu Passos Manuel em 1911. Frequentou a Faculdade de Ciências durante dois anos, entre 1912 e 1914, ano em que ingressou na Escola Naval, como aspirante no corpo de alunos da Armada.
Carreira militar
[editar | editar código-fonte]Em 1916, ao concluir o curso da Escola Naval, e durante a Primeira Guerra Mundial, desempenhou funções no serviço de escolta no couraçado Vasco da Gama, depois no cruzador auxiliar Pedro Nunes e nos contratorpedeiros Douro e Tejo.[6]
Em 1918 foi promovido a primeiro-tenente. Seguiram-se as promoções a capitão-tenente (1931), capitão de fragata (1939), capitão de mar e guerra (1941), contra-almirante (1951) e almirante (1970).[7]
A 17 de março de 1920, entra ao serviço do navio hidrográfico 5 de Outubro, onde serviu nos dezasseis anos seguintes, desempenhando ainda as funções de chefe da Missão Hidrográfica da Costa Portuguesa e vogal da Comissão Técnica de Hidrografia, Navegação e Meteorologia Náutica e do Conselho de Estudos de Oceanografia e Pesca e perito do Conselho Permanente Internacional para a Exploração do Mar.[6] A 5 de outubro de 1928 foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a 5 de outubro de 1932 Comendador da Ordem Militar de Avis e a 9 de maio de 1934 Comendador da Ordem Militar de Cristo.[8]
Foi nomeado chefe de gabinete do Ministro da Marinha em 1936, presidente da Junta Nacional da Marinha Mercante de 1940 a 1944 e Ministro da Marinha de 1944 a 1958. A 10 de agosto de 1942 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis e a 1 de agosto de 1953 foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.[8]
Em 1944 foi o 14.º presidente do Clube de Futebol Os Belenenses.[9]
Durante o desempenho de funções como Ministro da Marinha, foi o principal responsável pela elaboração e aplicação do Despacho 100 (de 10 de agosto de 1945), diploma que reestruturou e modernizou a Marinha Mercante portuguesa, permitindo também a constituição da moderna indústria da construção naval no país. Esta ação fez com que, nos meios navais, ao contrário do resto da sociedade portuguesa, o nome do Almirante Américo Thomaz seja, ainda hoje, muito respeitado.
Presidente da República da ditadura, 1958-74
[editar | editar código-fonte]Em 1958 foi o candidato escolhido pela União Nacional para suceder a Craveiro Lopes, com o beneplácito de António de Oliveira Salazar, não só por ser afeto ao regime mas também por ser pouco interventivo. Teve como adversário o General Humberto Delgado. Segundo os resultados oficiais das eleições de 8 de Junho de 1958, venceu com 75%, contra apenas 25% atribuídos a Delgado. O próprio Thomaz não votaria na sua eleição. Na sequência das eleições presidenciais, cujos resultados oficiais nunca seriam publicados oficialmente no Diário do Governo, conforme estipulava a legislação vigente, o regime determinaria, na revisão constitucional de 1959, que estas deixariam de ser diretas, passando a ser da responsabilidade de um colégio eleitoral, constituído exclusivamente por membros da União Nacional. Desta forma, o regime punha de parte qualquer tipo de mudança democrática encetada pelo voto da população portuguesa. Foi dessa forma reeleito em 1965 e 1972.
Américo Tomás, durante o desempenho das funções de Presidente da República, residiu sempre na sua residência particular, apenas usando o Palácio de Belém como escritório e para cerimónias oficiais.
Por inerência do cargo de Presidente da República, era detentor do grau de Grande-Colar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito desde 9 de agosto de 1963.[8]
“É a primeira vez que cá estou desde a última vez que cá estive.”
— Américo Thomaz
Foi pouco mais do que um chefe de estado cerimonial, aparecendo muitas vezes a inaugurar exposições de flores, a ponto de lhe darem o apodo de "o corta-fitas". Era alvo de chacota pelo seu pouco talento para o discurso público, tendo várias "gafes" suas ficado gravadas no imaginário popular, com destaque para frases como "É a primeira vez que cá estou desde a última vez que cá estive", ou "Hoje visitei todos os pavilhões, se não contar com os que não visitei", proferidas nas numerosas visitas e inaugurações que ocupavam a maior parte da sua atividade.[10][11][12]
Foi, no entanto, determinante na sucessão de Salazar. Marcelo Caetano era, na sua opinião, muito reformista, e impôs-lhe a manutenção da política colonial.[1]
Após o 25 de Abril de 1974
[editar | editar código-fonte]A revolução de 25 de Abril encontrou-o a poucos meses de cessar funções, uma vez que determinara deixar o cargo quando completasse 80 anos. Foi então demitido do cargo e expulso compulsivamente da Marinha, tendo sido enviado para a Madeira, donde partiu para o exílio no Brasil.[13][1]
Em 1980, Ramalho Eanes permitiu o seu regresso a Portugal.[1] Em 1981, morre, subitamente, a sua filha mais velha, Natália.[5] Foi-lhe negado o reingresso na Marinha e o regime de pensão extraordinária atualmente em vigor para ex-presidentes da República, tendo recebido uma pensão de militar reformado. Depois do seu regresso do exilio, Américo Tomás, viveu praticamente isolado, tendo passado sérias dificuldades financeiras, sendo obrigado a vender vários presentes e objetos de valor de quando era presidente. Publicou o seu último livro de memórias em 1983.[14]
Américo Tomás morreu em sua casa, em Cascais, de uma infeção generalizada, aos 92 anos, no dia 18 de setembro de 1987. O seu funeral foi simples e modesto, não tendo qualquer representação ou honras militares ou de Estado, sendo sepultado no Cemitério da Ajuda.[14][15]
Obra
[editar | editar código-fonte]- Sem Espírito Marítimo Não É Possível o Progresso da Marinha Mercante, Lisboa, s.e., 1956.
- Renovação e Expansão da Frota Mercante Nacional, prefácio de Jerónimo Henriques Jorge, Lisboa, s.e., 1958.
- Citações, Lisboa, República, 1975.
- Últimas Décadas de Portugal, 4 volumes vols., Lisboa, Fernando Pereira, 1980 e 1983.
Referências
- ↑ a b c d «Américo Tomás». Presidência da República. Consultado em 30 de abril de 2020
- ↑ «ENTIDADES NACIONAIS AGRACIADAS COM ORDENS PORTUGUESAS»
- ↑ «O primeiro dia do fim do Estado Novo». Público. 2008
- ↑ «Livro de registo de baptismos da Paróquia de Alcântara, Lisboa (1895)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. a fls. 22 e 22v., assento 69
- ↑ a b «Américo Tomás, MPR»
- ↑ a b Mascarenhas, João Mário; Telo, António José (1997). «Américo de Deus Rodrigues Tomás». A República e seus presidentes
- ↑ Américo Tomás (biografia) - Museu da Presidência.
- ↑ a b c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Américo Deus Rodrigues Thomaz". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 22 de julho de 2019
- ↑ «Lista de Presidentes». Os Belenenses. Consultado em 31 de outubro de 2015
- ↑ «Frases que entraram para a nossa História» (em inglês)
- ↑ Baptista Bastos (2012). «O Pobre Cavaco». Jornal de Negócios
- ↑ Raimundo, Orlando (2017). O último salazarista: a outra face de Américo Thomaz 1a. edição ed. Alfragide: D.Quixote. OCLC 1001344348
- ↑ Lei 1/74 que destituiu Américo Thomaz.
- ↑ a b «O Estado de S. Paulo - Acervo Estadão». Acervo. Consultado em 3 de maio de 2022
- ↑ «06884.201.30951». casacomum.org. Consultado em 29 de abril de 2022
Ligações externas
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Precedido por Francisco Craveiro Lopes | 13.º Presidente da República Portuguesa 1958 — 1974 | Sucedido por António de Spínola |