Análise do comportamento – Wikipédia, a enciclopédia livre
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A análise do comportamento é uma ciência natural, formulada pelo psicólogo americano B. F. Skinner, que estuda o comportamento humano a partir da interação entre organismo/ambiente. A atenção do pesquisador é assim dirigida para as condições ambientais em que determinado organismo se encontra, para a reação desse indivíduo a essas condições, para as consequências que essa reação lhe traz e para os efeitos que essas consequências produzem - processo denominado "tríplice contingência", unidade funcional dessa ciência. Nesse sentido o comportamento é entendido como uma relação interativa de transformação mútua entre o organismo e o ambiente que o cerca na qual os padrões de conduta são naturalmente selecionados em função de seu valor adaptativo. Trata-se de uma aplicação do modelo evolucionista de Charles Darwin ao estudo do comportamento que reconhece três níveis de seleção - o filogenético (que abrange comportamentos adquiridos hereditariamente pela história de seleção da espécie), o ontogenético (que abrange comportamentos adquiridos pela história vivencial do indivíduo) e o cultural (restrito à espécie humana, abrange os comportamentos controlados por regras, estímulos verbais ou simbólicos, transmitidos e acumulados ao longo de gerações por meio da linguagem).
A análise pode ser experimental, no âmbito da pesquisa básica, baseando-se sobretudo em experimentos empíricos, controlados e de alto rigor metodológico com animais e humanos (ainda que este último demande certas limitações investigativas em virtude de maiores restrições ético-morais) ou aplicada, onde os resultados experimentais são diretamente aplicados a contextos não controláveis objetivamente, como acontece na maioria das formulações de estratégias terapêuticas.
Apesar da pesquisa básica centrar-se preferencialmente na observação direta de comportamentos públicos/abertos, considera-se nos âmbitos teórico e aplicado também o mundo privado/encoberto do sujeito. O mundo privado, acessível apenas ao próprio indivíduo e relatado (caso humano) ao mundo externo por meio do relato discursivo (comportamento verbal) é convencionalmente entendido por diversas abordagens teóricas da Psicologia e pelo senso comum como subjetividade. A problemática envolvida acerca da subjetividade na análise do comportamento foi cuidadosamente abordada por Skinner, principal representante dessa ciência:
Desde que é um processo, e não uma coisa, não pode ser facilmente mobilizado para observação. É mutável, fluido e evanescente, e, por esta razão, faz grandes exigências técnicas da engenhosidade e energia do cientista. Contudo, não há nada essencialmente insolúvel nos problemas que surgem deste fato.— Skinner, Ciência e Comportamento Humano
A análise científica do comportamento começa pelo isolamento das partes (variáveis) simples de um evento complexo de modo que esta parte possa ser melhor compreendida. A pesquisa experimental de Skinner seguiu tal procedimento analítico, restringindo-se a situações suscetíveis de uma análise científica rigorosa. Os resultados de seus experimentos podem ser verificados independentemente e sua conclusões podem ser confrontadas com os dados registrados. Assim, fazer análise do comportamento é determinar as características/dimensões da ocasião em que o comportamento ocorre, identificar as propriedades públicas e privadas da ação e definir as mudanças produzidas pela emissão das respostas (no ambiente, no organismo).
Para Skinner, um evento comportamental é o produto conjunto da história de aprendizagem do sujeito. Assim, pode-se dizer que o ambiente (externo - físico, social; interno - biológico, histórico) seleciona grandes classes de comportamento.
Seleção por consequências
[editar | editar código-fonte]O modelo causal de seleção do comportamento por consequências foi proposto por Skinner (1981). A explicação selecionista do comportamento é eminentemente histórica, e abre mão de argumentos semelhantes aqueles do paradigma da mecânica clássica. Em relação a este ponto, um erro frequente nas críticas à análise do comportamento é acreditar que, dentro do behaviorismo, a causa de um comportamento deve ser necessariamente imediata. Pelo contrário, a causa de um comportamento não precisa estar próxima e imediata, já que a causação imediata (se necessária) se opõe à explicação histórica - que, por sua vez, incorpora a história da espécie, a história do indivíduo e a história da cultura, considerando-se estas como três processos de seleção do comportamento. A análise recai sobre o produto integrado desses processos históricos, e sua separação ou análise é um artifício meramente didático ou metodológico. O comportamento humano é o produto da ação integrada e contínua de contingências filogenéticas, ontogenéticas e culturais (Skinner, 1981).
Isso evidentemente ainda passa pelo crivo de uma análise funcional de cada elemento destes circunstancialmente. O que faz da Análise do Comportamento uma ciência preocupada com a "prática" e a "função das coisas" na vida do sujeito. Não se trata, portanto, de "aniquilar" um dado comportamento disfuncional, mas avaliar as razões pelas quais ocorre e como implementar novos comportamentos e de que maneira isto poderia ser útil na real vivência do indivíduo.
Esse método é muito utilizado pelas grandes organizações mundialmente no mundo competitivo.
Crítica ao mentalismo
[editar | editar código-fonte]Esta ciência destaca-se, em regimento da filosofia e abordagem teórica behaviorista, pela exclusiva rejeição do modelo de pensamento dualista que divide a constituição humana em duas realidades ontologicamente independentes, o corpo físico e a mente metafísica - ou seja, nessa perspectiva processos subjetivos tais como emoções, sentimentos e pensamentos/cognições são entendidos como substancialmente materiais e sujeitos às mesmas leis naturais do comportamento. Tal entendimento não rejeita a existência da subjetividade (como dito anteriormente), mas destituí a mesma de um funcionamento automatista.
Logo, embora Freud e os psicodinâmicos estivessem igualmente interessados na base ontológica da ação, Skinner adotou uma posição mais extrema, afirmando que todos estes fatores conhecidos tradicionalmente como mentais são, na realidade, comportamentos e devem ser estudados como tais, não classificados como causa do comportamento, o que o coloca em oposição a explicações internalistas, sejam elas de carácter mentalistas ou organicistas. Em resumo, para Skinner, os pensamentos e as emoções não podem ser causa do comportamento e sim classes comportamentais específicas.