Atira – Wikipédia, a enciclopédia livre
Atira Αθύρας | |
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Localização atual | |
Localização de Atira na Turquia | |
Coordenadas | 41° 01′ 12″ N, 28° 34′ 39″ L |
País | Turquia |
Província | Istambul |
Distrito | Büyükcekmeçe |
Dados históricos | |
Fundação | Desconhecida |
Abandono | Desconhecido |
Início da ocupação | Antiguidade Clássica |
Cidade-fortaleza | grega |
Notas | |
Acesso público |
Atira ou Atiras (em grego: Αθύρας) foi uma antiga cidade portuária grega da Trácia[1][2] localizada na região da Propôntida, sobre o curso do rio trácio homônimo próximo ao moderno distrito turco istambulês de Büyükcekmeçe, no sítio homônimo.[3]
História
[editar | editar código-fonte]Atira foi um assentamento de certa importância durante os séculos V-IV a.C. quanto pertenceu à Liga de Delos e depois ao Segundo Império Ateniense.[4] Em 341 a.C., o Reino da Macedônia de Filipe II (r. 359–336 a.C.) depôs Cersobleptes (r. 358–341 a.C.) do Reino Odrísio e instala em seu lugar dois generais macedônios como governadores da Trácia,[5] excetuando pequenas porções no Bósforo, onde Atira localizava-se. Pelo século II a.C., os romanos gradualmente controlaram a região e pelo ano 44, sob o imperador Cláudio (r. 41–54), a Trácia foi convertida numa província.[6]
Com as reformas encabeçadas por Diocleciano (r. 284–305), a Trácia foi dividida em quatro províncias, com Atira sendo agrupada junto de Apro e Heracleia Perinto em Europa.[7] Em 405, Gaudêncio de Bréscia foi enviado pelo papa Inocêncio I (401–417) e o imperador romano do ocidente Honório (r. 395–423) como parte de uma delegação para defender João Crisóstomo, porém a comitiva foi impedida de adentrar Constantinopla e permaneceu em Atira.[8] Segundo os historiadores romanos, durante os ataques de Átila (r. 434–453) em 441-442 ao menos 70 cidades trácias foram saqueadas, incluindo Atira.[9] Sob Justiniano (r. 527–565), o assentamento foi restaurado[10] e mais adiante, em 812, durante a campanha de Crum da Bulgária (r. 803–814) contra o Império Bizantino, foi destruído junto de sua famosa ponte.[11]
Em 1077, na revolta de Nicéforo Briênio, o Velho contra Miguel VII Ducas (r. 1071–1078), João Briênio, após saquear os subúrbios de Constantinopla e provocar a fúria da população, retirou-se rumo a Atira. Ciente disso, Miguel enviou um ataque terrestre liderado pelos generais Aleixo Comneno e Roussel de Bailleul, bem como uma frota varegue para sitiá-lo na cidade. A frota alcançou a cidade primeiro, conseguindo com pouca resistência penetrá-lo. João Briênio e seus partidários, contudo, após um pequeno confronto, conseguiram escapar.[12] Atualmente Atira é listada no Anuário Pontifício dentre as sés titulares da Igreja Católica.[13]
Referências
- ↑ Grammenos 2004, p. 1182.
- ↑ Velkov 1977, p. 124.
- ↑ Loukopoulou 2004, p. 915.
- ↑ Boeft 1995, p. 100.
- ↑ Ashley 2004, p. 139.
- ↑ Mallory 1997, p. 576.
- ↑ Smith 1870, p. 1190.
- ↑ Chapman 1913.
- ↑ Kelly 2011, p. 104.
- ↑ von Bredow 2006.
- ↑ Bury 1912, p. 355-356.
- ↑ Blöndal 2007, p. 116.
- ↑ Vaticano 2013, p. 819-1013.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ashley, James R. (2004). The Macedonian Empire: The Era of Warfare Under Philip II and Alexander the Great, 359-323 B.C. Jefferson, Carolina do Norte: McFarland. ISBN 0786419180
- Blöndal, Sigfús (2007). The Varangians of Byzantium. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 052103552X
- Boeft, J. den (1995). Ammianus Marcellinus 22. Groninga: E. Forsten. ISBN 9069800861
- Bury, J. B. (1912). A History of the Eastern Roman Empire - From the Fall of Irene to the Accession of Basil I (A.D. 802-867). Londres: Macmillan and CO., Limited
- Chapman, Henry Palmer (1913). «St. Gaudentius». Catholic Encyclopedia. Nova Iorque: Robert Appleton Company
- Grammenos, Demetrios V. (2004). Ancient Greek Colonies in the Black Sea 2. Oxford: British Archaeological Reports. ISBN 1-4073-0110-1
- Kelly, Christopher (2011). Attila The Hun: Barbarian Terror and the Fall of the Roman Empire. Nova Iorque: Random House. ISBN 1446419320
- Loukopoulou, Louisa (2004). «Thrace from Nestos to Hebros». In: Hansen, M. H.; Nielsen, T. M. An Inventory of Archaic and Classical Poleis. Oxford: Oxford University Press
- Mallory, J. P.; Adams, Douglas Q. (1997). Encyclopedia of Indo-European Culture. Londres e Nova Iorque: Taylor & Francis. ISBN 1884964982
- Smith, William (1870). Dictionary of Greek and Roman Geography. Boston: Little, Brown and Company
- Anuário Pontifício. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana. 2013. ISBN 978-88-209-9070-1
- Velkov, Velizar Iv (1977). The cities in Thrace and Dacia in late antiquity: (studies and materials). Amesterdã: A. M. Hakkert
- von Bredow, Iris (2006). «Athyras». In: Cancik, Hubert; Schneider, Helmuth; Salazar, Christine F. Brill’s New Pauly, Antiquity. Leida: Brill