Bancada Ativista – Wikipédia, a enciclopédia livre
Bancada Ativista é um movimento político, fundado em 2016, que atuou candidatando e elegendo ativistas que possuíam pautas em comum, promovendo um mandato coletivo na candidatura de Mônica Seixas para a Assembleia Legislativa de São Paulo nas eleições de 2018.[1][2] Nas eleições de 2022 o movimento aparentava não estar mais ativo, sendo substituído na candidatura de Seixas pelo coletivo Movimento Pretas.[3]
O grupo nasceu através de integrantes de movimentos sociais que buscavam maior diversificação na representação na política.[4][5]
A Bancada Ativista atuou em tópicos tipicamente ligados a ideais mais progressistas, como os Direitos Humanos, direitos iguais e a defesa da democracia.[6] O grupo também tinha propostas mais específicas, como a luta a favor das minorias (movimento negro, indígena, LGBTQ+, feminista e pessoas com deficiência), meio ambiente e a desmilitarização da Polícia Militar, incentivando também a participação da sociedade civil na política.[4][2][5][7]
No Brasil, existem outros grupos de parlamentares com funcionamento similar de candidatura coletiva, como o Juntas, representado por Jô Cavalcanti, em Pernambuco.[7][8]
História
[editar | editar código-fonte]Eleição de 2016
[editar | editar código-fonte]Nas eleições de 2016, a Bancada Ativista reuniu oito candidatos de dois partidos políticos, o PSOL e a REDE, para a Câmara Municipal. Cada candidato tinha sua própria candidatura e campanha eleitoral, concomitantemente a atuação da Bancada Ativista. A candidata Sâmia Bomfim, do PSOL, eleita em 2016, era ligada à bancada. Outros candidatos também participaram, como Marcio Black (REDE), Adriana Vasconcellos (PSOL), Douglas Belchior (PSOL), Isa Penna (PSOL), Marina Helou (REDE), Pedro Markun (candidato independente pela REDE) e Todd Tomorrow (PSOL).[5][9][10][11]
Eleição de 2018
[editar | editar código-fonte]Em 2018, a Bancada Ativista reuniu nove co-candidatos a deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP). Foi eleita com uma candidatura coletiva, representada apenas por Mônica Seixas, uma vez que, de acordo com o Código Eleitoral brasileiro, apenas uma pessoa física pode aparecer nas urnas.[2][12] Conseguiu reunir 149.844 votos, tornando-se a maior votação de candidatura coletiva ou compartilhada já teve no Brasil, além da 10ª candidatura com mais votos do estado de São Paulo no ano de 2018.[13][14][11][8]
A candidatura coletiva foi formada por nove ativistas políticos de diversas áreas: Monica Seixas, jornalista e ativista socioambiental; Anne Rammi, ciclista e ativista de causas ligadas à maternidade; Chirley Pankará, indígena e pedagoga; Claudia Visoni, jornalista, ambientalista e agricultora urbana; Erika Hilton, transexual, negra e ativista de direitos humanos; Fernando Ferrari, militante da juventude periférica e da participação popular no orçamento público; Jesus dos Santos, militante da cultura, da comunicação e do movimento negro; Paula Aparecida, professora da rede pública, feminista e ativista pelos direitos dos animais; e Raquel Marques, sanitarista, ativista pela equidade de gênero e do parto humanizado.[4][15][4][15] Após a eleição, o mandato passou a se chamar Mandata Ativista.[16]
Destituição de Raquel Marques
[editar | editar código-fonte]Em fevereiro de 2021, Raquel Marques foi destituída da Mandata Ativista - nome adotado pelo mandato eleito em 2018 pela Bancada Ativista - de forma abrupta pelos demais membros por defender a reabertura de escolas fechadas pela pandemia de COVID-19 para alunos de baixa renda e uma maior defesa de pautas voltadas para a educação, por considerar que a bancada concentrava sua atenção apenas em pautas do movimento LGBT. A mensagem foi feita no Dia da Visibilidade Trans, e os comentários acabaram sendo considerados transfóbicos pela Bancada Ativista.[17][18]
Após sofrer críticas, a Mandata Ativista propôs realizar reuniões para uma reconciliação com Raquel Marques.[19] Posteriormente, em uma postagem no perfil do Facebook da Bancada Ativista, a organização classificou a expulsão de Raquel Marques como "feita de forma autoritária, a portas fechadas e sem sua participação, vai contra qualquer acordo que fizemos quando construímos a Bancada Ativista".[20]
Veja também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Venturini, Lilian (3 de julho de 2016). «Como 9 jovens querem mudar a lógica eleitoral ao disputar a Câmera de SP». Nexo. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ a b c Bocchini, Bruno (11 de outubro de 2018). «Candidatura coletiva é eleita pela primeira vez em São Paulo». Agência Brasil. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ Garcia, Gabryella (4 de outubro de 2022). «Bancadas coletivas têm recorde de candidaturas, mas apenas duas se elegem». UOL
- ↑ a b c d «Bancada Ativista: os candidatos das pautas progressistas». CartaCapital. 20 de setembro 2016. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ a b c Faria, Flávia (2018). «Participação, Renovação e ocupação: limites da representação e experiências de transformação política na cidade de São Paulo». Revista Contraponto. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ Byckling, Lauri; Heasman, Lia; Aavikko, Pekka; Tolonen, Ella (2019). «Prevailing social mobilisation models around the world: how political parties and other organisations strive to engage, activate and inspire citizens». Sitra memorandum. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ a b «Mandatos coletivos e compartilhados: inovação na representação legislativa no Brasil e no mundo» (PDF). Fevereiro de 2019. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ a b Inácio, Lorraine Araújo (Setembro de 2019). «Entre as ruas e o parlamento: o caso das Muitas e os dilemas dos novos atores políticos do Brasil pós-2013 na construção de uma viabilidade eleitoral» (PDF). Rio de Janeiro. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ Linhares, Carolina; Reverbel, Paula (27 de julho de 2016). «Movimentos populares terão candidatos a vereador em São Paulo». Folha de S. Paulo. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ Frazão, Felipe (7 de outubro de 2016). «O desempenho nas urnas de Raps, MBL, UNE e Bancada Ativista». Veja. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ a b Lopes Campos, Bárbara (Julho de 2019). «"Juntas em um único número na urna": um estudo comparado das experiências de mandatos coletivos a nível municipal e estadual no Brasil». 7º Encontro da ABRI – Atores e Agendas: Interconexões, Desafios e Oportunidades
- ↑ «Candidatos das periferias apostam em mandato coletivo para conquistar vaga». Folha de S. Paulo. 5 de outubro de 2018. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ «Candidatura coletiva: como o voto em um representante elegeu nove». Jornal do Campus. 5 de novembro de 2018. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ Pinto, Pâmela (Outubro de 2019). «Comunicação e política: interfaces em esferas regionais». Research Gate. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ a b «Mônica Da Bancada 50900». Mônica Da Bancada 50900. Consultado em 7 de maio de 2019
- ↑ «Bancada x Mandata: Qual é a diferença?». BANCADA ATIVISTA. 17 de agosto de 2020. Consultado em 20 de abril de 2021
- ↑ «Monica Seixas: Individualismo e preconceito não podem prevalecer em mandatos coletivos». Folha de S.Paulo. 4 de fevereiro de 2021. Consultado em 16 de fevereiro de 2021.
A decisão recente de desligamento de Raquel Marques, uma das ex-codeputadas, deu-se em decorrência desses critérios. Além do episódio capital —publicações de viés transfóbico realizadas no Dia da Visibilidade Trans—, um processo de desgaste interno já se acumulava.
- ↑ Angela Pinho (3 de fevereiro de 2021). «Integrante de mandato coletivo é destituída após posts sobre volta das escolas». Folha de S.Paulo. Consultado em 7 de fevereiro de 2021
- ↑ «A crise em SP que escancara os desafios dos 'mandatos coletivos'». BBC News Brasil. Consultado em 16 de fevereiro de 2021
- ↑ «A Mandata ativista sofreu um golpe na segunda feira, 1 de fevereiro». www.facebook.com. Bancada Ativista. 4 de fevereiro de 2021. Consultado em 16 de fevereiro de 2021