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Barbara Kruger
Barbara Kruger
Pôster de Kruger na inauguração de Donald Trump, em janeiro de 2017
Nascimento 26 de janeiro de 1945

Newark, Nova Jérsia

Nacionalidade estadounidense
Área Arte conceitual e colagem

Barbara Kruger (Newark, 26 de janeiro de 1945) é uma artista conceitual estadunidense.[1] Grande parte do seu trabalho consiste em fotografias em preto-e-branco que são sobrepostas com frases - geralmente em Futura Bold Oblique ou Helvetica Ultra Condensed. As frases em suas obras, muitas vezes, incluem pronomes como "você", "seu", "eu", "nós" e "eles", lidando com construções culturais de poder, identidade e sexualidade. Kruger atualmente vive e trabalha entre Nova York e Los Angeles.[2]

Início da vida e carreira

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Kruger é a filha única de uma família de classe média-baixa, de Newark, Nova Jérsei.[3][4][5][6] Seu pai era técnico da Shell Oil e sua mãe secretária de firma jurídica.

Ela frequentou a Universidade de Syracuse por um ano, e abandonou os estudos por conta da morte do seu pai. Em 1965, ela fez um semestre na Parson's School of Design, em Nova Iorque, onde estudou com a fotógrafa Diane Arbus. Na década seguinte, Kruger se estabeleceu fazendo trabalhos de design gráfico para revistas, freelances de edição de imagem e também desenhou capas de livros.[7] No fim da década de 1960, ela se interessou por poesia, e começou a frequentar sessões de leitura e escrita de poesia, e conseguiu um emprego na editora Condé Nast. Inicialmente, Kruger trabalhava como designer para a revista Mademoiselle, e logo foi promovida para designer-chefe.[8] Ela também escrevia colunas sobre cinema, televisão e música para as revistas Artforum e Real Life Magazine.

Os primeiros trabalhos artísticos de Kruger datam de 1969. Esses trabalhos eram grandes instalações presas nas paredes, feitas de materiais diversos, como lã, miçangas, paetês, penas e laços.[9] Kruger fazia peças de crochê, costurava e pintava objetos de sugestão erótica, alguns dos quais foram incluídos na Bienal de Whitney de 1973. Eles foram inspirados pela exposição de Magdalena Abakanowicz no MoMA. Apesar deles terem sido exibidos na Bienal, Kruger ficou bastante insatisfeita com os resultados. Em 1976, ela se mudou para Berkeley, na Califórnia, onde se tornou profesora da Universidade da Califórnia e inspirou-se pelos escritos de Walter Benjamin e Roland Barthes. Em 1977, voltou a produzir peças artísticas, trabalhando com fotografias arquiteturais, e publicou o livro Picture/Readings em 1979.[10][11]

Prática artística

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Obra de Barbara Kruger no Stedelijk Museum Amsterdam.

Abordando questões sobre linguagem e símbolo, Kruger é frequentemente agrupada com outras artistas feministas suas contemporâneas, como Jenny Holzer, Sherrie Levine e Cindy Sherman. Como Holzer e Sherman, em particular, ela utiliza técnicas de comunicação em massa e a publicidade para explorar questões de gênero e identidade.[12]

Muito do trabalho de Kruger surge da combinação de fotografias com textos assertivos que questionam e desafiam o espectador. Seu método de produção envolve desenvolver as ideias no computador e posteriormente transferir o resultado para imagens, que frequentemente são de grandes proporções. Seus slogans facilmente reconhecíveis, caracterizados por letras brancas em fonte Helvetica ou Futura contra um plano de fundo vermelho, incluem frases como "I shop therefore I am" (Compro, logo existo) e "Your body is a battleground" (seu corpo é um campo de batalha). A maioria das falas chama atenção para ideias como feminismo e consumismo, frequentemente se apropriando de imagens de revistas populares que são colocadas em um novo contexto. Kruger afirma que "trabalha com imagens e palavras porque elas possuem a habilidade de determinar quem somos e quem não somos".[13]

Seu pôster para a Marcha das Mulheres de Washington, em 1989, incluía o rosto de uma mulher dividido entre reproduções fotográficas em negativo e positivo, acompanhada pelo texto "seu corpo é um campo de batalha". No ano seguinte, Kruger utilizou esse slogan em um anúncio comissionado pelo Wexner Center for the Arts. Apenas doze horas depois da instalação, um grupo de oposição ao aborto substituiu um outdoor adjacente por uma imagem que mostrava um feto humano de oito semanas de idade.[14]

Os trabalhos iniciais pré-digitais da artista mostram uma clara influência da experiência da artista como designer editorial de revistas durante o início de sua carreira. Esses trabalhos em pequena escala, dos quais o maior tem 28 por 33 centímetros, são feitos de imagens encontradas alteradas e textos ou desenvolvidos pela artista, ou retirados da mídia.[15] A partir de 1992, Kruger passou a desenvolver capas para diversas revistas, como Ms., Esquire, Newsweek, e The New Republic.[16] Sua escolha característica da fonte Futura Bold é provavelmente inspirada do estilo publicitário dos anos 1960, com o qual ela entrou em contato enquanto trabalhava na revista Mademoiselle.

Em 1990, Kruger causou polêmica entre a comunidade nipo-americana de Little Tokyo, em Los Angeles, com sua proposta de pintar o Juramento de Lealdade rodeado de questões provocativas na lateral de um armazém no coração do bairro histórico. Ela havia sido comissionada pelo Museum of California para pintar um mural para a exposição A forest of signs: art in the crisis of representation, que incluía obras de outros artistas como Barbara Bloom, Jeff Koons, Sherrie Levine e Richard Prince.[17] Só depois de protestos a artista decidiu retirar o juramento do seu mural, apesar de ainda manter as questões pintadas nas cores e no formato da bandeira dos Estados Unidos: "quem é comprado e vendido? Quem está além da lei? Quem está livre para escolher? Quem segue ordens? Quem sauda por mais tempo? Quem reza mais alto? Quem morre primeiro? Quem ri por último?". Um ano após o encerramento da exposição original, o mural reconfigurado finalmente foi exposto, por um período de dois anos.

Desde meados da década de 1990, Kruger tem feito instalações imersivas em grande escala utilizando áudio e vídeo. Envolvendo o espectador com falas direcionadas, o trabalho mantém os temas de poder, controle, afeição e conformismo: imagens estáticas agora se mexem e espacializam os comentários.[18] Em 1997, Kruger produziu uma série de esculturas de fibra de vidro de celebridades, como John F. e Robert Kennedy levantando Marilyn Monroe em seus ombros. Para uma outra exposição realizada em Nova Iorque no mesmo ano, ela envolveu ônibus urbanos com falas de figuras como Malcolm X, Courtney Love, e H. L. Mencken. Para a sua primeira retrospectiva, no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, ela criou 15 outdoors e incontáveis intervenções urbanas executadas e instaladas em inglês e espanhol (pela cidade ter uma grande comunidade de imigrantes latinos). Para uma campanha de conscientização pública para promover o ensino de artes no distrito escolar unificado de Los Angeles, Barbara Kruger revestiu um ônibus com frases como "dê ao seu cérebro tanta atenção quanto você dá ao seu cabelo e você estará mil vezes melhor"; "daqui para ali"; "não seja besta"; e "você quer, você compra, você esquece".[19] Em 2016, Kruger criou uma obra que protestava contra a eleição de Donald Trump para a capa da New York Magazine, e participou de um boicote à inauguração presidencial no dia 20 de janeiro de 2017.[20][21]

Kruger foi professora no programa de estudos independentes do Whitney Museum; na California Institute of the Arts; Universidade da Califórnia, Berkeley; e na UCSD por cinco anos antes de entrar para o corpo docente da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Em 1995 e 1996, ela foi artista em residência na Wexner Center for the Arts, onde criou anúncios públicos tratando de questões de violência doméstica.[22]

Referências

  1. «Barbara Kruger, Ad Industry Heroine». Slate. 19 de julho de 2000. Consultado em 1 de outubro de 2017 
  2. «Barbara Kruger» 
  3. Kruger, Barbara (2000). Thinking of You. [S.l.]: Cumberland, Rhode Island, U.S.A.: Mit Pr. ISBN 0262112507 
  4. [1], Hyman, Paula E., Moore, Beborah Dash. 1998. Jewish Women in America. An Historical Encyclopedia. New York, NY: Routledge. Sponsored by The American Jewish Historical Society. ISBN 0-415-91934-7.
  5. [2], Dashkin, Michael. „Barbara Kruger, b. 1945.“ Jewish Women’s Archive. Jewish Women a Comprehensive Historical Encyclopedia [online] [citar 3. 3. 2013].
  6. Hunter Drohojowska-Philp (October 17, 1999), She Has a Way With Words Los Angeles Times.
  7. «Barbara Kruger, American (1945- )». Rhode Island Gallery. 17 de março de 2017 
  8. «Biography - Barbara Kruger - Photograph Collage, Advertising, Slogans, Art». Barbara Kruger. Consultado em 30 de julho de 2014 
  9. «Barbara Kruger, American (1945- )». Rhode Island Gallery. 17 de março de 2017 
  10. Barbara Kruger, Untitulod (When I hear the word culture I take out my checklivro) (1985) Christie's Evening Sale of Works from the Peter Norton Collection, 8 November 2011, New York.
  11. Bollen, Christopher (28 de fevereiro de 2013). «Barbara Kruger». Interview Magazine. Consultado em 3 de novembro de 2017 
  12. Read My Lips: Jenny Holzer, Barbara Kruger, Cindy Sherman, June 6 - August 9, 1998 National Gallery of Australia.
  13. «Barbara Kruger: Circus, December 15, 2010 - January 30, 2011». Cópia arquivada em 24 de dezembro de 2010 
  14. «Barbara Kruger - Page». Interview Magazine. Consultado em 30 de julho de 2014 
  15. Barbara Kruger: Paste Up, November 21, 2009 - January 23, 2010, Sprüth Magers Gallery, London.
  16. Charles Hagen (June 14, 1992), Barbara Kruger: Cover Girl New York Times.
  17. Christopher Knight (December 14, 2010), MOCA's mural mess Los Angeles Times.
  18. Barbara Kruger: The Globe Shrinks, September, 3 - October 23, 2010, Sprüth Magers Gallery, Berlin.
  19. Howard Blume (October 8, 2012), Campaign launched to promote arts education in L.A. Unified Los Angeles Times.
  20. «Trump the Loser, according to Kruger» 
  21. «Don't boycott, make protest art!». trumpprotestart.org 
  22. «Residencies at Wexner Center for the Arts». Cópia arquivada em 25 de maio de 2012