Basílica de São Pedro Acorrentado – Wikipédia, a enciclopédia livre

Basílica de São Pedro Acorrentado
San Pietro in Vincoli
Basílica de São Pedro Acorrentado
Fachada da igreja e do edifício anexo (dir.)
Informações gerais
Tipo igreja, basílica menor
Estilo dominante Paleocristão
Início da construção século V
Fim da construção século V
Religião Igreja Católica
Diocese Diocese de Roma
Ano de consagração 439
Página oficial http://www.lateranensi.org/sanpietroinvincoli/
Geografia
País Itália
Localização Monte Ópio (Rione Monti)
Região Roma
Coordenadas 41° 53′ 38″ N, 12° 29′ 35″ L
Mapa
Localização em mapa dinâmico

San Pietro in Vincoli ou Basílica de São Pedro Acorrentado é uma igreja titular e basílica menor localizada no Monte Ópio, em Roma, Itália, conhecida principalmente por abrigar a famosa estátua de Moisés, de Michelangelo, que decora o túmulo do papa Júlio II.

O cardeal-presbítero protetor do Título de São Pedro Acorrentado é Donald Wuerl, arcebispo de Washington, D.C..

Conhecida também como "Basilica Eudoxiana", a igreja foi construída pela primeira vez sobre fundações (descobertas em escavações em 1956-9) do período republicano[1] entre 432 e 440 para abrigar a corrente que prendeu São Pedro quando ele esteve preso em Jerusalém (o episódio conhecido como "Libertação de São Pedro"). A imperatriz-consorte bizantina Eudóxia, esposa do imperador Valentiniano III, que recebeu-a de presente de sua mãe, Élia Eudócia, imperatriz-consorte de Valentiniano II, presenteou a relíquia ao papa Leão I. Eudócia, por sua vez, a havia recebido de Juvenal, bispo de Jerusalém.

De acordo com a lenda, esta corrente e uma outra, relacionada à prisão de Pedro na Prisão Mamertina, em Roma, se fundiram milagrosamente quando Leão tentou comparar as duas. Elas estão hoje num relicário sob o altar-mor da basílica.[2]

A basílica foi consagrada em 439 pelo papa Sisto III e passou por diversas reformas, inclusive uma levada a cabo pelo papa Adriano I e outra no século XI. Entre 1471 e 1503, ano da eleição do cardeal da família della Rovere como papa Júlio II (e sobrinho do papa Sisto IV), a igreja foi praticamente reconstruída. O pórtico frontal, atribuído a Baccio Pontelli, foi acrescentado em 1475. O claustro (1493–1503) tem sido atribuído a Giuliano da Sangallo. Novas obras ocorrerem no início do século XVIII, sob direção de Francesco Fontana, em 1875.

Plano da igreja.

Perto da igreja está a Faculdade de Engenharia da Universidade La Sapienza, que ocupa o antigo edifício do convento e chamado de "San Pietro in Vincoli" por antonomásia.

O interior segue uma planta basilical típica, com uma nave ladeada por dois corredores, separados por colunas dóricas, terminados em três absides. Os corredores estão cobertos por abóbadas de aresta e a nave por um teto em caixotões do século XVIII, decorado no espaço oval central por um afresco do "Milagre das Correntes", de Giovanni Battista Parodi (1706).

O Moisés de Michelangelo, completado em 1515, foi projetado originalmente como parte de um gigantesco monumento funerário, com 47 estátuas livres, para o papa Júlio II, tornou-se a peça central de seu monumento e sepultura em San Pietro, a igreja da família della Rovere. Moisés aparece com seus típicos (na arte) "chifres", que denotam a "radiação de Deus" [a].

Entre as outras obras de arte estão duas telas de Guercino, Santo Agostinho e Santa Margarida, o monumento ao cardeal Girolamo Agucchi, de Domenichino, que pintou também um afresco na sacristia sobre a "Libertação de São Pedro" (1604). A peça-de-altar da primeira capela à esquerda é uma "Deposição da Cruz", de Cristoforo Roncalli. O túmulo do cardeal Nicolau de Kues (m. 1464), com seu relevo, "Cardeal Nicolau perante São Pedro", é de Andrea Bregno. O pintor e escultor florentino Antonio Pollaiuolo, famoso por ter acrescentado as esculturas de Rômulo e Remo à Loba Capitolina, está enterrado do lado esquerda da entrada.[3] O túmulo do cardeal Cinzio Passeri Aldobrandini, decorado com a imagem da morte com sua foice.

Em 1876, arqueólogos descobriram os túmulos dos que já se acreditou no passado serem os "Sete Mártires Macabeus" de II Macabeus 7:41,[4] o que é bastante improvável. Eles são lembrados anualmente em 1 de agosto, no mesmo dia da festa do milagre da fusão das correntes. O terceiro altar no corredor da esquerda abriga um mosaico de São Sebastião do século VII, lembrado por sua relação com uma epidemia de peste em Pávia. Conta a lenda que a doença só pararia se fosse construído um altar para o santo na igreja de San Pietro in Vincoli da cidade. De alguma forma, a história tornou-se aceita também em Roma e o altar foi construído e decorado pelo mosaico.

  1. Por causa da similaridade das palavras hebraicas para "raios de luz" e "chifres". Este tipo de simbolismo iconográfico era comum na arte sacra primitiva, pois, para o artista, "chifres" eram mais fáceis de esculpir do que "raios de luz".

Referências

  1. Touring Club Italiano, Roma e dintorni, Milan, 1965:337-39
  2. «San Pietro in Vincoli». Sacred Destinations 
  3. "Sculpture" . The Oxford Encyclopedia of Classical Art and Architecture. Ed. John B. Hattendorf. Oxford University Press, 2007.
  4. Taylor Marshall, The Crucified Rabbi: Judaism and the Origins of the Catholic Christianity, Saint John Press, 2009 ISBN 978-0-578-03834-6 page 170.
  • Federico Gizzi, Le chiese medievali di Roma, Newton Compton/Rome, 1998.

Ligações externas

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