Branca de Neve (filme de 2000) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Branca de Neve
Branca de Neve (filme de 2000)
Cartaz promocional.
Portugal Portugal
2000 •  cor •  75 min 
Género drama
Direção João César Monteiro
Produção Paulo Branco
Roteiro João César Monteiro
Baseado em Branca de Neve, de Robert Walser
Elenco Maria do Carmo Rôlo
Ana Brandão
Reginaldo da Cruz
Luís Miguel Cintra
Diogo Dória
Música Heinz Holliger
Salvatore Sciarrino
Cinematografia Mário Barroso
Edição Fátima Ribeiro
Lançamento
  • 10 de novembro de 2000 (2000-11-10) (Portugal)
Idioma português

Branca de Neve é um filme português de 2000, escrito e realizado por João César Monteiro, adaptado da peça homónima do escritor suíço Robert Walser. Caracteriza-se por ser um filme sem imagem, uma projeção a negro com raros e curtos planos inseridos. Estreou no cinema King, em Lisboa, a 10 de novembro de 2000.

Logo no início, Walser, vestido de preto, estendido num campo coberto de neve, morto de ataque cardíaco perto do asilo onde esteve internado grande parte da sua vida. De vez em quando, um céu com ténues nuvens brancas, pontuadas com inverosímeis sons da natureza. No final, em plano aproximado, no meio de uma floresta, o próprio Monteiro murmura palavras inaudíveis. Os diálogos da peça, traduzidos em português literário, são lidos pelos vários intérpretes num tom arrastado e monocórdico. Tudo o mais fica por conta do espectador.

O filme viu-se envolto em polémica devido à ausência de imagens durante quase todo o filme e de o produtor, Paulo Branco, ter recebido 130 mil contos (650 mil euros) de subsídio do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (IPC) [1], juntamente a 26 mil contos (130 mil euros) por parte da RTP.

Fazer um filme a negro não se deveu a opção artística, mas a 'problemas técnicos', dizem uns, por o João ter coberto a objetiva da câmara com o sobretudo dando ordem para filmar, dizem outros, para se vingar de uma birra que teve com o produtor. [2] Apesar disso, João César Monteiro terá decidido, com consentimento do produtor, continuar a filmar sem se submeter a qualquer controle pelo ICA. Não era ele o responsável pela gestão dos dinheiros públicos. O acordo com o produtor e a gestão das contas não tinham nada a ver com ele. [2]

Paulo Branco, produtor do filme, defendeu-se dizendo que o verdadeiro ‘buraco-negro’ eram os filmes financiados pelo contribuinte mas que nunca seriam vistos, levantando a celeuma da atribuição de subsídios a filmes como aquele. As suas razões não foram bem aceites, acabando por ser obrigado a devolver ao ICA parte do dinheiro que recebeu. [2] Contas feitas, disse ele, não havia razão alguma para que o filme não fosse exibido.

António-Pedro Vasconcelos reagiu de modo contundente, alegando que, perante o sucedido, a lei de atribuição de subsídios ao cinema deveria ser alterada de imediato :

interpretações em voz over
  1. «O que pensa do filme «Branca de Neve»?». TSF. 10 de outubro de 2000. Consultado em 27 de dezembro de 2012 
  2. a b c Javier Garcia (13 de novembro de 2000). «Escándalo en Portugal por un filme en negro de João César Monteiro». El País. Consultado em 24 de agosto de 2014 
  3. «João César Monteiro: O realizador das grandes rebeldias num pequeno país». Diário de Notícias. 16 de abril de 2011. Consultado em 24 de agosto de 2014 
  4. «"João César Monteiro foi o cineasta mais interessante da minha geração"». Porto 24. 3 de março de 2012. Consultado em 24 de Agosto de 2014 

Ligações externas

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