Cães ferais – Wikipédia, a enciclopédia livre
Os cães ferais, silvestres ou selvagens referem-se à versão selvagem (ou assilvestrada) do cão doméstico (Canis lupus familiares). Esses animais podem ser encontrados em praticamente qualquer região habitada por seres humanos, exceto polos, devido à sua convivência de longa data com os seres humanos e a nossa ampla distribuição geográfica.
História
[editar | editar código-fonte]Os cães ferais descendem de cães abandonados em florestas ou zonas rurais, que para sobreviverem utilizaram estratégias instintivas para sobreviver. Representando possivelmente a espécie feral mais perigosa na atualidade. Pode-se encontrar uma grande diversidade de raças, tamanhos e comportamentos entre os cães ferais, mas todos compartilham o hábito onívoro oportunista.
Impactos ambientais
[editar | editar código-fonte]Os cães são predadores sociais, ou seja, caçam em grandes matilhas. Esses animais caçam quase qualquer tipo de animal e dado o instinto predatório, podem ser bastante destrutivos em ecossistema e, portanto, são uma grande ameaça indireta para predadores de topo tais como lobos, tigres, onças e raposas.
Os cães domésticos podem cruzar com chacais, coiotes e até com lobos-cinzas devido sua proximidade filogenética. Esses cruzamentos geram indivíduos híbridos que ameaçam diversas subespécies de alguns dos animais citados acima. Além disso, os híbridos, devido a seus instintos, possuem potencial para serem tão destrutivos quanto os cães ferais não-híbridos. Haja em vista o caso dos dodôs, acredita-se que os cães ferais tenham tido uma significativa participação na extinção dessa espécie.
O impacto de cães em ambientes selvagens também pode gerar novas espécies, como o dingo e o cão-cantor. O dingo (Canis familiaris dingo) é um canídeo originado de cães ferais na Austrália com grande importância ecológica, sendo o maior predador terrestre na região e provavelmente o responsável pela extinção do tigre-da-tasmânia.[1] Sua classificação taxonômica ainda é objeto de debate dentro da comunidade científica. O mesmo vale para o cão-cantor (Canis lupus hallstromi) conhecido por sua vocalização melódica, que também é um importante predador terrestre na Nova Guiné.
Nota-se que os cães ferais são predadores de alta periculosidade, não sendo raros ataques a humanos, especialmente em zonas rurais ou subúrbios isolados.
Comportamento com humanos
[editar | editar código-fonte]Os cães ferais frequentemente manifestam altos níveis de agressividade em relação aos seres humanos, considerando-os uma potencial ameaça. Diferentemente de seus parentes domesticados, esses cães adotam comportamentos semelhantes aos lobos e mantêm uma postura predominantemente firme, dominante ou agressiva na presença humana, demonstrando desconfiança em relação aos seres humanos e, muitas vezes, são reservados e ariscos. Crianças ou pessoas de baixa estatura podem ser percebidas como presas em potencial, resultando em ataques que ocorrem comumente em vários locais do mundo.
Alimentação
[editar | editar código-fonte]Esses canídeos se alimentam de frutas e plantas como parte de dieta onívora, mas também podem caçar carneiros, gatos (tanto domésticos quanto selvagens) e roedores. Em determinadas regiões do mundo, sua alimentação pode se estender a búfalos, javalis e burros.
Na Austrália, esses animais foram observados caçando cangurus com maior eficácia do que os dingos, competindo diretamente com essa espécie. Enquanto na Rússia, já foram registrados ataques a seres humanos, animais domésticos e até caçadas em grandes grupos a cervos, da mesma forma que os lobos locais.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lobo-cinza (Canis lupus)
- Grandes caninos
- Cão-doméstico (Canis lupus familiares)
- Dingo (Canis lupus dingo)
Referências
[editar | editar código-fonte]- Gompper, Matthew E. (2013). "A interface cão-homem-vida selvagem: avaliando o escopo do problema". Em Gompper, Matthew E. (ed.). Conservação de Cães e Vida Selvagem Livre . Imprensa da Universidade de Oxford. pp. 9–54. ISBN 978-0191810183.
- Lescureux, Nicolas; Linnell, John DC (2014). "Irmãos em guerra: as complexas interações entre lobos (Canis lupus) e cães (Canis familiaris) em um contexto de conservação". Conservação Biológica . 171 : 232-245. doi : 10.1016 / j.biocon.2014.01.032 .
- ↑ Short, Jeff; Kinnear, J. E.; Robley, Alan (1 de março de 2002). «Surplus killing by introduced predators in Australia—evidence for ineffective anti-predator adaptations in native prey species?». Biological Conservation (3): 283–301. ISSN 0006-3207. doi:10.1016/S0006-3207(01)00139-2. Consultado em 20 de novembro de 2023