Carmen Baroja – Wikipédia, a enciclopédia livre
Carmen Baroja | |
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Nascimento | 10 de dezembro de 1883 Pamplona |
Morte | 4 de junho de 1950 (66 anos) Madrid |
Cidadania | Espanha |
Progenitores |
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Cônjuge | Rafael Caro Raggio |
Filho(a)(s) | Julio Caro Baroja, Pío Caro Baroja |
Irmão(ã)(s) | Pío Baroja, Ricardo Baroja y Nessi |
Ocupação | antropóloga, escritora, ourives, escritora de literatura infantil |
Carmen Baroja Nessi (1883, Pamplona – 4 de junho de 1950, Madrid) foi uma escritora e etnóloga espanhola que escreveu sob o pseudônimo de Vera Alzate . Era irmã dos escritores Ricardo Baroja e Pío Baroja, e mãe do antropólogo Julio Caro Baroja e do diretor de cinema Pío Caro Baroja .
Biografia
[editar | editar código-fonte]Carmen Baroja era a filha mais nova de Serafin Baroja, escritor e poeta basco, que trabalhava como engenheiro de minas, e Carmen Nessi y Goñia, de ascendência basca e italiana . Na época de seu nascimento, seu pai estava editando Bai, Juana, Bai, primeiro jornal bilíngue ( basco - castelhano ) a ser publicado em Pamplona.
Após o encerramento do jornal (depois de seis edições), seu pai voltou a exercer a profissão de engenheiro de minas, quando se mudou com a família para Burjassot, perto de Valência, Zestoa em Guipúscoa e San Sebastián .
Em 1894, a família mudou-se para Madri para ajudar a tia, Juana Nessi, em sua padaria, Viena Capellanes, após a morte de seu marido Matías Lacasa. A educação inicial de Carmen se deu em escolas católicas para meninas, com aulas particulares de francês e música.
Graças ao amor de seu pai pelo teatro e pela música, ela assistia regularmente a concertos e produções teatrais. Nessa época, seus dois irmãos ganhavam destaque no cenário cultural, sendo Ricardo reconhecido como pintor, e Pío tendo suas primeiras obras literárias publicadas. Através deles, ela entrou em contato com artistas, escritores e intelectuais que estavam moldando um novo mundo cultural para Espanha. [1]
Em 1902, a escritora contraiu febre tifóide e seu irmão Pío recomendou que ela fosse ao Mosteiro de El Paular na Serra de Guadarrama . Depois de se recuperar completamente, regressou a Madrid e, apesar da oposição da mãe, começou a trabalhar com metais e esmaltes. Em 1906, foi para Londres e Paris com Pío e estudou arte na residência estudantil de Jacqueline Paulhan, cujo marido era o aviador Louis Paulhan . Quando regressou a Madrid, dedicou-se inteiramente ao seu trabalho como ourives, criando joias e estabelecendo sua reputação.
Clube Feminino Lyceum
[editar | editar código-fonte]Em 1913 casou-se com Rafael Caro Raggio, um editor com quem compartilhava interesses artísticos e intelectuais. Em 14 de novembro de 1914, nasce seu primeiro filho Julio, seguido por Ricardo, Baroja e Pío. Nos anos seguintes, concentrou-se em seus deveres como esposa e mãe. Em 1917, seu marido, Rafael, inaugurou a editora Editorial Caro Raggio, que se tornou um próspero negócio em três anos. [2]
Em 1926, Baroja retomou sua vida pública ao participar da criação do Clube Feminino Lyceum, uma associação cultural feminista que buscava defender a igualdade social e moral das mulheres, além da plena integração no campo da educação e no mercado de trabalho. O Clube era composto por artistas, médicas, advogadas, políticas, cientistas e escritoras, seus membros incluíam Clara Campoamor, Zenobia Camprubí, Elena Fortún, Victoria Kent, María Teresa León, Maria de Maeztu Whitney, Concha Méndez, Margarita Nelken e Isabel Oyarzábal Smith . [3]
Embora suas palestras e falas fossem acessíveis apenas por convite, o Clube Lyceum era percebido como uma ameaça à sociedade burguesa decorosa, por desafiar as fronteiras de gênero da atividade cultural. A reação da elite literária de Madrid foi variada; enquanto escritores como Federico García Lorca, Rafael Alberti e Miguel de Unamuno apresentaram palestras no Lyceum, outros foram menos favoráveis, notavelmente Jacinto Benavente, cuja descrição das participantes do Lyceum, como '"tontas y locas"' (bobas e loucas), tornou-se famosa. [4]
Entre suas reformas legais bem-sucedidas está a mudança do Código Civil 57, que dizia, "o marido deve proteger sua esposa e ela deve obedecê-lo" para "o marido e a mulher devem proteger e considerar um ao outro mutuamente" e a eliminação do Código Penal 438, no qual se dizia que, "o marido que matar sua esposa ou amante adúltera será punido com o banimento". [5]
Guerra Civil Espanhola
[editar | editar código-fonte]O início precoce da Guerra Civil Espanhola pegou a todos de surpresa. [6] Carmen vivia com os filhos em Vera de Bidasoa enquanto seu marido residia em Madrid, trabalhando na editora. [7]A editora de seu marido foi destruída durante um bombardeio, e ele precisou retornar ao seu antigo emprego nos correios. Rafael morreu em 1943, como um homem falido.
Pós-guerra
[editar | editar código-fonte]Após a guerra, a Falange apropriou-se do prédio que abrigava o Clube Lyceum, queimando seus registros, e desfazendo o grupo, com a maioria dos membros indo para o exterior ou para o exílio. Durante o período da guerra, entretanto, o prédio foi deixado intacto. [8]
Em 1947, Baroja comprou uma casa em um olival de 57 acres (23 ha) em Tendilla conhecido como El Parador del Tío Ruperto na província de Guadalajara . Ela estava entusiasmada com sua casa, a terra e apreciava os prazeres simples como sentar-se sob as nogueiras em uma tarde tranquila. [9] Depois de alguns anos, ela começou a adoecer e, depois de duas cirurgias, Carmen Baroja morreu de câncer colorretal em 4 de junho de 1950. De seus quatro filhos, apenas Julio e seu caçula, Pío, sobreviveram. Seus outros dois filhos, Ricardo e Baroja, morreram. Seu manuscrito, Recuerdo de una mujer de la generación del 98 (Memórias de uma mulher da geração de 98), uma autobiografia sobre a vida de homens e mulheres que ela conheceu, foi editado por Amparo Hurtado Díaz e publicado pela primeira vez em dezembro de 1998, pondo fim ao silêncio e quase invisibilidade de uma mulher inteligente e talentosa. [10]
Uma rua em Pamplona leva seu nome, a Calle Carmen Baroja Nessi.
Obras
[editar | editar código-fonte]- El encaje en España (1933);
- Martinito, el de la casa grande (1942);
- Joyas populares e amuletos mágicos (1945);
- Tres Barojas: poemas (1995);
- Recuerdo de una mujer de la generación del 98, (1998).
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Sarah Leggott, The Workings of Memory: life-writing by women in early twentieth-century Spain, (2008), p. 46-47
- ↑ «Editorial Caro Raggio Madrid.». Losbaroja.com. Consultado em 9 de Dezembro de 2014
- ↑ «Intelectuales de la Edad de Plata (17). Carmen Baroja y Nessi.». CVC. Rinconete. Literatura. Consultado em 17 de Março de 2022
- ↑ «Mujey Hoy magazine» (PDF). Vision.csic.es. Consultado em 9 de Dezembro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 4 de Março de 2016
- ↑ «Lyceum club Femenino». Madripedia. 15 de junho de 2013. Consultado em 24 de outubro de 2015. Arquivado do original em 15 de Junho de 2013
- ↑ Federica Montseny, Speech reported in Solidaridad Obrera, December 22, 1936
- ↑ Baroja, Carmen. "Recuerdos de una mujer de la generación del 98." (2010).
- ↑ «Lyceum club Femenino». Madripedia. 15 de junho de 2013. Consultado em 24 de Outubro de 2014. Arquivado do original em 15 de Junho de 2013
- ↑ «Los Baroja en Tendilla (Guadalajara).». Uam.es. Consultado em 9 de Dezembro de 2014
- ↑ Glenn, Kathleen M (2000). «Reviewed Work: Recuerdos de una mujer de la generación del 98 by Carmen Baroja y Nessi, Amparo Hurtado». Society of Spanish & Spanish-American Studies. Anales de La Literatura Española Contemporánea. 25 (no. 2): 609–612. JSTOR 27741487. Consultado em 17 de Março de 2022