Castro dos cavaleiros pessoais – Wikipédia, a enciclopédia livre
Castro dos cavaleiros pessoais (em latim: Castra equitum singularium) foi um antigo forte romano (castro) em Roma que abrigou a porção montada (cavalaria pessoal) da guarda pessoal do imperador (guarda pretoriana). O sítio do forte atualmente localiza-se abaixo da Arquibasílica de São João de Latrão. O castro dos cavaleiros pessoais consistiu em dois edifícios, provavelmente adjacentes, um mais antigo (Castra Priora), construído sob Trajano (r. 98–117) ou Adriano (r. 117–138), e um mais recente (Castra Nova), construído sob Sétimo Severo (r. 193–211).
História
[editar | editar código-fonte]O castro dos cavaleiros pessoais consistia em dois edifícios, provavelmente adjacentes ou partes de uma mesma estrutura. Alguns restos desse forte foram encontrados em 1885 na Via Tasso, logo a noroeste da Escada Santa, consistindo principalmente do muro de uma grande quadra retangular, na qual estava nichos na frente dos quais havia pedestais inscritos. Estas inscrições e outras encontradas nas imediações fazem menção a um castro antigo (castra priora) e um novo (castra nova), este último também chamado "Novo Castro Severano" (castra nova Severiana). Mais adiante, em 1913, descobriu-se alguns outros fragmentos pertencentes aos muros do castro na frente da Arquibasílica de São João de Latrão.[1]
Com base nestes achados, especulava-se que o sítio do forte estaria abaixo da Arquibasílica de São João, mas sua identificação precisa teria ocorrido apenas após as escavações lideradas por Enrico Josi entre 1934 e 1938.[2] Josi obteve permissão para explorar a área da nave da basílica antes da construção de um novo chão reforçado de concreto. Dentro de dias tornou-se claro que os restos existiam em boas condições logo abaixo do nível térreo e que as escavações foram capazes de descobrir uma grande porção do princípio. As escavações completas foram então publicadas por Colini.[3] Um grande edifício de armazenamento de dois andares e dois quarteis também foram descobertos. Com a conclusão da investigação, os restos foram preservados abaixo da arquibasílica (junto com restos de uma catedral constantiniana e um residência neroniana) em um grande parque arqueológico subterrâneo.
O quartel mais antigo provavelmente fora construído no século II, durante o reinado de Trajano (r. 98–117) ou Adriano (r. 117–138).[4] O segundo, datado entre 193-197, fora construído sob ordens de Sétimo Severo (r. 193–211). Esse forte novo foi necessário à época devido a reorganização sofrida pela cavalaria pessoal do imperador, que teve seu efetivo expandido de 1 000 para 2 000 cavaleiros.[5][6] O complexo permaneceu em uso até o reinado de Constantino, o Grande (r. 306–337), quando foi destruído sob ordens imperiais após a batalha da Ponte Mílvia (312).[4]
Inscrições dos curadores
[editar | editar código-fonte]Em 13 de agosto de 1934, um capitel jônico foi descoberto dentro de uma das salas-sede (sala “ε” do plano de Colini), abaixo de uma pequena coluna de granito que ainda estava no lugar. Sob o capitel duas inscrições tinham sido gravadas em nome de uma associação de curadores, soldados que atuavam como cavalariços dos cavalos da guarnição. A primeira foi dedicada em 1 de janeiro de 197, no consulado de Cúspio Rufino e Tito Sêxtio Mágio Laterano. A inscrição registra a dedicação da Escola dos Curadores para Minerva Augusta.[7]
A segunda inscrição, dedicada em 203, relata o retorno da guarda montada para Roma após escoltar a família imperial.[8] Talvez faça referência a série de eventos que teriam transcorrido deste 197, quando da partida de Severo em direção ao Império Parta, embora seja plausível supor que a guarda montada poderia ter retornado mais de uma vez para a capital, como outras inscrições atestam.[a]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Notas
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Platner 1929, p. 105.
- ↑ Josi 1934, p. 353-358.
- ↑ Colini 1944.
- ↑ a b Richardson 1992, p. 77.
- ↑ Coulston 2000, p. 78.
- ↑ Speidel 1994, p. 128.
- ↑ AE 1935, 156 = AE 1954, 83 = AE 1968, 8b
- ↑ AE 1935, 157 = AE 1954, 83
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Colini, A. M. (1944). Storia e Topografia del Celio nell’antichità. Vaticano: Tipografia Poliglotta Vaticana
- Coulston, J.; Dodge, H. «Armed and belted men: the soldiery in imperial Rome». Ancient Rome: The archaeology of the eternal city. Oxford: Alden Press
- Josi, E. (1934). Scoperte nella Basilica Constantiniana al Laterano. [S.l.]: RAC
- Platner, Samuel Ball (1929). A Topographical Dictionary of Ancient Rome. Londres: Oxford University Press
- Richardson, L. (1992). A New Topographical Dictionary of Ancient Rome. Baltimore, Marilândia: JHU Press. ISBN 0801843006
- Speidel, M. P. (1994). Riding for Caesar. Londres: Batsford