Francisco de Oliveira – Wikipédia, a enciclopédia livre
Francisco de Oliveira | |
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Francisco de Oliveira | |
Nome completo | Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira |
Nascimento | 7 de novembro de 1933 Recife, Pernambuco |
Morte | 10 de julho de 2019 (85 anos) São Paulo, São Paulo |
Nacionalidade | brasileira |
Ocupação | Sociólogo |
Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira, mais conhecido como Chico de Oliveira (Recife, 7 de novembro de 1933 – São Paulo, 10 de julho de 2019), foi um dos mais importantes sociólogos brasileiros.
Doutor por notório saber pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (1992), participou do grupo inicial de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, com o qual rompeu em 2003.[1][2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Graduado em Ciências Sociais (1956) na Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife, atual Universidade Federal de Pernambuco, pertenceu aos quadros técnicos do Banco do Nordeste (1956 - 1957) e da Sudene (1959 - 1964), onde trabalhou com Celso Furtado. Após o golpe de 1964, ficou preso por dois meses. Posteriormente, deixou a cidade do Recife e "exilou-se" no Rio de Janeiro.[3][4][5]
Professor a de Sociologia do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), foi aposentado compulsoriamente pelo AI-5. Ingressou no Cebrap em 1970, a convite de Octavio Ianni.[3] Do grupo inicial do Cebrap, também fizeram parte Boris Fausto, Cândido Procópio Ferreira de Camargo, Carlos Estevam Martins, Elza Berquó, Fernando Henrique Cardoso, Francisco Weffort, José Arthur Giannotti, José Reginaldo Prandi,[6] Juarez Rubens Brandão Lopes, Leôncio Martins Rodrigues, Luciano Martins, Octavio Ianni, Paul Singer e Roberto Schwarz.[7][6]
No Partido dos Trabalhadores (PT), integrou a 1ª Diretoria Executiva da Fundação Wilson Pinheiro - fundação de apoio partidária instituída pelo PT em 1981, antecessora da Fundação Perseu Abramo. Coordenador-executivo do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania — Cenedic — da USP, deixou o Partido dos Trabalhadores e filiou-se ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade).
Em 2003, ano em que deixou o PT, Francisco de Oliveira disse que Luiz Inácio Lula da Silva nunca foi de esquerda. Já nas eleições de 2010 afirmou que "Lula é mais privatista que FHC. Privatista numa escala que o Brasil nunca conheceu".[8] Em 2012, durante entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, desabafou: "Lula é sem caráter e oportunista".[9] Já em 2016 disse não acreditar nas acusações contra o ex-presidente. "Não é verdade. Lula não é nenhum ladrão, para meter a mão no dinheiro público", disse ao Zero Hora.[2]
Em 25 de agosto de 2006, foi-lhe concedido o título de doutor honoris causa na Universidade Federal do Rio de Janeiro, por iniciativa do Instituto de Economia da UFRJ. Em 28 de agosto de 2008, o de professor emérito pela FFLCH-USP. Em 22 de novembro de 2010, o de doutor honoris causa na Universidade Federal da Paraíba
Foi candidato a reitor da USP, representando a chapa de oposição. Contudo, não poderia se eleger segundo o estatuto da Universidade, pois é aposentado. Ele reconhece, contudo, que o problema da USP se explica mais pelo "anacronismo de suas regras estatutárias e legais, e menos pela má qualidade de seus gestores" e é forte crítico do estatuto disciplinar da Universidade, que ele avalia como sendo uma herança do período ditatorial.[10] Também defende a autonomia universitária e seu caráter de conquista popular, posicionando contra o corte ou "deslocamento" de verbas públicas: "isso é conversa de economista liberal".[11]
Faleceu em 10 de julho de 2019, enquanto se recuperava, em casa, de uma pneumonia.[2]
Prêmios e homenagens
[editar | editar código-fonte]Recebeu o prêmio Jabuti em 2004, na categoria Ciências Humanas, pelo livro Crítica à razão dualista/O ornitorrinco, publicado pela editora Boitempo.[12] Em 2013, foi o homenageado do IV Curso Livre Marx-Engels, organizado pela editora Boitempo e pelo Sesc.[13]
Obras
[editar | editar código-fonte]Entre suas principais obras, destacam-se:
- Hegemonia às avessas: economia, política e cultura na era da servidão financeira. São Paulo: Boitempo, 2010. Francisco de Oliveira, Ruy Braga e Cibele Rizek (orgs.).
- A economia brasileira: crítica à razão dualista / O ornitorrinco (Boitempo)
- Elegia para uma re(li)gião (Paz e Terra),
- O elo perdido: classe e identidade de classe em Salvador (Brasiliense),
- Os direitos do antivalor (Vozes),
- Os cavaleiros do antiapocalipse, em colaboração com Álvaro Comin (Entrelinhas/Cebrap),
- Os sentidos da democracia, em colaboração com Maria Célia Paoli (Vozes).
Referências
- ↑ «Currículo Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira». buscatextual.cnpq.br. Consultado em 7 de novembro de 2022
- ↑ a b c «Morre Chico de Oliveira, sociólogo e fundador do PT». Revista Fórum. 10 de julho de 2019. Consultado em 10 de julho de 2019
- ↑ a b Oliveira, Francisco de (22 de agosto de 2015). «SIBILA DEBATE 64: Francisco de Oliveira "achava o Lula um pouco farsante" - sibila.com.br» (em inglês). Consultado em 7 de novembro de 2022
- ↑ SINGER, Paul. "Crítica e rememoração". In RIZEK, Cibele Saliba; ROMÃO, Wagner de Melo (orgs.). Francisco de Oliveira: a tarefa da crítica. Belo Horizonte: UFMG, 2006, p. 16s
- ↑ MANTEGA, Guido, REGO, José Márcio . Conversas com economistas brasileiros II, vol 2, pp 91-118. São Paulo: editora 34, 1999
- ↑ a b BROOKE,Nigel E WITOSHYNSKY, Mary (org.) Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil - uma parceria para a mudança social. São Paulo / Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002. pp 172-173
- ↑ Intelectuais e resistência democrática, por Milton Lahuerta. Cadernos AEL, n. 14-15. IFCH, Unicamp, 2001.
- ↑ «Sociólogo e fundador do PT afirma que 'Lula é mais privatista que FHC'». Folha Online. Consultado em 27 de dezembro de 2011
- ↑ Venturini, Lilian (3 de julho de 2012). «Lula é sem caráter e oportunista». O Estado de S. Paulo. Consultado em 10 de junho de 2019
- ↑ Francisco de Oliveira (16 de maio de 2011). «A crise na USP». Blog da Boitempo. Consultado em 29 de abril de 2015
- ↑ Francisco de Oliveira (7 de setembro de 2014). «Oito visões sobre a crise da USP». Folha de S.Paulo, Educação. Consultado em 29 de abril de 2015
- ↑ Câmara Brasileira do Livro. Prêmio Jabuti 2004 (Categoria Ciências Humanas). Arquivado em 2015-04-29 na Archive.today
- ↑ "Francisco de Oliveira é homenageado no Sesc", O Estado de S.Paulo, C2, 12 de maio de 2013.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Entrevista com Chico de Oliveira no programa Roda Viva da TV Cultura, em 2 de julho de 2012.
- A dominação globalizada: estrutura e dinâmica da dominação burguesa no Brasil, por Francisco de Oliveira. In: Basualdo, Eduardo M.; Arceo, Enrique. Neoliberalismo y sectores dominantes. Tendencias globales y experiencias nacionales. CLACSO. Buenos Aires, agosto de 2006. ISBN 987-1183-56-9 (publicado originalmente sob o título "Política numa Era de Indeterminação: Opacidade e Reencantamento", in Silva, Naxara e Camilotti, orgs.: República, liberalismo, cidadania, Piracicaba: UNIMEP, 2003).
Precedido por Alberto da Costa e Silva | Prêmio Jabuti - Ciências Humanas 2004 | Sucedido por Aziz Nacib Ab'Saber |