Chionomesa – Wikipédia, a enciclopédia livre
Chionomesa | |
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Chionomesa fimbriata no norte da Venezuela | |
Classificação científica | |
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Gênero: | Chionomesa Simon, 1921 |
Espécie-tipo | |
Ornismya lactea Lesson, 1832 | |
Espécies | |
2, ver texto |
Chionomesa é um gênero de aves apodiformes pertencente à família dos troquilídeos que inclui os beija-flores.[1] Possui duas espécies, anteriormente classificadas dentro de Amazilia, introduzido pelo naturalista René Primevère Lesson, atualmente considerado um sinônimo no caso das espécies fimbriata e lactea. As espécies representantes do gênero são, vernaculamente, denominadas como beija-flor-de-garganta-verde e beija-flor-de-peito-azul, respectivamente.[2] Estes beija-flores possuem ampla distribuição geográfica desde o norte e oeste da América do Sul, frequentemente encontrado nas florestas nubladas e tropicais úmidas, principalmente nas regiões de clima mais quente.[3][4]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Esses beija-flores possuem um comprimento médio entre oito aos 11 centímetros, que é característico da subfamília dos troquilíneos, conhecidos como "beija-flores verdadeiros". Os beija-flores-de-garganta-verde são geralmente ligeiramente maiores do que o beija-flor-de-peito-azul, além de apresentarem cores mais chamativas em sua plumagem. Essas aves possuem bicos pretos com maxilar escuro e mandíbula rosada, com seu comprimento variando entre subespécies. A parte superior das subespeciações nominais mostra-se normalmente em uma coloração verde-bronzeada ou, ainda, verde-dourada. Sua cabeça, assim como o pescoço e os flancos são verde-bronzeado. Estas se diferenciam pela coloração do abdômen, que nos de-peito-azul é, assim como seu nome indica, azulado, e nos de-garganta-verde, apresenta uma cor verde e na região inferior é esbranquiçada. Os machos e fêmeas se diferenciam pela intensidade da cor da plumagem e pelo comprimento, sendo muito similares.[5][6]
Distribuição e habitat
[editar | editar código-fonte]Os representantes do gênero apresentam uma ampla distribuição geográfica pela região mais setentrional sul-americana, restringindo-se até a região central da América do Sul. Estes podem ser encontrados desde o nordeste da Venezuela, então seguindo ao território das Guianas, onde se estendem ao norte, nordeste a centro-oeste do Brasil, onde segue ao extremo-norte da região sul. Além disso, na parte mais ocidental do continente sul-americano, se distribui na região leste do Equador, norte da Colômbia ao norte da Bolívia. A espécie Chionomesa fimbriata apresenta distribuição muito mais frequentemente que Chionomesa lactea. Estes beija-flores habitam os matagais arbustivos, as paisagens andinas, as florestas montanhosas e mais frequentemente, as florestas tropicais e subtropicais úmidas e pluviais. São normalmente encontrados em altitudes superiores a 1000 metros acima do nível do mar, com uma média de 1100 a 1400 metros.[4][3]
Sistemática e taxonomia
[editar | editar código-fonte]Esse gênero foi introduzido primeiramente no final de 1921, descrito originalmente como uma sinonímia do gênero Amazilia, pelo notável ornitólogo e aracnólogo francês Eugène Simon.[7][8] Etimologicamente, deriva de dois termos do grego antigo χιών, khiōn, significa literalmente "neve"; e μέσος, mésos, significando algo como "meio", "centro", como em "mesopotâmia".[9][10] O nome do gênero referencia sua plumagem branca no centro inferior do abdômen. Sua primeira espécie a ser descrita foi Trochilus fimbriatus, introduzida por Johann Friedrich Gmelin em 1789, através da revisão do Systema Naturae de Lineu.[11] Posteriormente, em 1927, pelo pesquisador Charles Wallace Richmond, a espécie Ornismya lactea, descrita em 1832 por René Primevère Lesson, seria definida espécie-tipo.[12][13] Um estudo filogenético molecular publicado em 2014 descobriu que Amazilia era polifilético, causando na transferência das espécies para outro gênero, na qual fimbriata e lactea seriam classificadas no ressurgido gênero Chionomesa.[12] Atualmente, a maior parte de identificadores taxonômicos, reconhece as duas em Chionomesa, incluindo South American Classification Committee, taxonomia de Clements e o International Ornithologists' Union.[14][15][16] Entretanto, Handbook of the Birds of the World, da BirdLife International, não reconhece Chionomesa, classificando-os novamente em Amazilia e considerando Amazilia lactea bartletti como espécie separada.[17][6]
Espécies[1][2]
[editar | editar código-fonte]- Chionomesa lactea (Lesson, 1832), beija-flor-de-peito-azul — pode ser encontrado no leste central da Venezuela, norte da Bolívia, Peru e Colômbia, e regiões norte, nordeste a sudeste do Brasil
- Chionomesa lactea lactea (Lesson, 1832) — subespécie nominal e endêmica do Brasil, pode ser encontrado desde o sul da Bahia ao nordeste do estado de São Paulo
- Chionomesa zimmeri (Gilliard, 1941) — endêmico da Venezuela, pode ser encontrado exclusivamente nos tepuis do sudeste venezuelano
- Chionomesa lactea bartletti (Gould, 1866) — pode ser encontrado no leste do Peru ao norte da Bolívia
- Chionomesa fimbriata (Gmelin, 1789), beija-flor-de-garganta-verde — pode ser encontrado desde o extremo-norte da Venezuela, seguindo às Guianas, leste da Colômbia, Bolívia e Equador ao norte e centro do Brasil
- Chionomesa fimbriata fimbriata (Gmelin — pode ser encontrado na região amazônica desde o nordeste venezuelano, nas Guianas ao norte do Brasil
- Chionomesa fimbriata elegantissima (Todd, 1942) — pode ser encontrado desde o extremo-nordeste da Colômbia e norte da Venezuela
- Chionomesa fimbriata apicalis (Gould, 1861) — pode ser encontrado desde a região andina do leste colombiano
- Chionomesa fimbriata fluviatilis (Gould, 1861) — pode ser encontrado desde o sudeste da Colômbia e leste equatoriano
- Chionomesa fimbriata laeta (Hartert, 1900) — subespécie endêmica, pode ser encontrada exclusivamente no nordeste do Peru
- Chionomesa fimbriata nigricauda (Elliott, 1878) — pode ser encontrado na região do sul amazônica desde leste da Bolívia e região central do Brasil
- Chionomesa fimbriata tephrocephala (Vieillot, 1818) — pode ser encontrado exclusivamente no Brasil, na costa leste desde o Espírito Santo ao Rio Grande do Sul
Referências
- ↑ a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 101. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022
- ↑ a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Glittering-throated Emerald (Amazilia fimbriata)». IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22687534A93157005 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687534A93157005.en. Consultado em 20 de novembro de 2022
- ↑ a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Sapphire-spangled Emerald (Amazilia lactea)». IUCN Red List of Threatened Species 2017: e.T22726706A118853369 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2017-3.RLTS.T22726706A118853369.en. Consultado em 20 de novembro de 2022
- ↑ Weller, André Alexander; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Glittering-throated Emerald (Chionomesa fimbriata), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.glteme1.01.1. Consultado em 20 de novembro de 2022
- ↑ a b del Hoyo, Josep; Weller, André Alexander; Kirwan, Guy M.; Collar, Nigel; Boesman, Peter F. D. (2021). «Sapphire-spangled Emerald (Chionomesa lactea), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.saseme1.01.1. Consultado em 20 de novembro de 2022
- ↑ Simon, Eugène (1921). Mulo, L., ed. Histoire naturelle des Trochilid (synopsis et catalogue) (em francês). Paris: Encyclopédie Roret. pp. 104—105. doi:10.5962/bhl.title.15230
- ↑ Stiles, F. Gary; Remsen, J. V. Jr.; McGuire, Jimmy A. (24 de novembro de 2017). «The generic classification of the Trochilini (Aves: Trochilidae): Reconciling taxonomy with phylogeny». Zootaxa (3). 401 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4353.3.1. Consultado em 21 de novembro de 2022
- ↑ Jobling, James A. (1991). A Dictionary of Scientific Bird Names. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854634-3. OCLC 45733860
- ↑ Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 3 de outubro de 2022
- ↑ Gmelin, Johann Friedrich (1789). Systema naturae per regna tria naturae : secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis. Leipzig: Georg. Emanuel. Beer. p. 439
- ↑ a b McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Corl, Ammon; Rabosky, Daniel L.; Altshuler, Douglas L.; Dudley, Robert (14 de abril de 2014). «Molecular Phylogenetics and the Diversification of Hummingbirds». Current Biology (em inglês) (8): 910–916. ISSN 0960-9822. PMID 24704078. doi:10.1016/j.cub.2014.03.016. Consultado em 21 de novembro de 2022
- ↑ Lesson, René Primevère (1832). Histoire naturelle des colibris, suivie d'un supplément à l'Histoire naturelle des oiseaux-mouches; ouvrage orné de planches dessinées et gravées par les meilleurs artistes, et dédié A.M. le Baron Cuvier (em francês) Suplemento ed. Paris: Arthus Bertrand. pp. 1–39. doi:10.5962/bhl.title.52378
- ↑ McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Dudley, R.; Altshuler, Douglas L. (janeiro de 2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology (em inglês) (1): 155–165. ISSN 2193-7192. doi:10.1007/s10336-008-0330-x. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Chionomesa lactea no Avibase
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