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Chionomesa
Chionomesa fimbriata no norte da Venezuela
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Chionomesa

Simon, 1921
Espécie-tipo
Ornismya lactea
Lesson, 1832
Espécies

2, ver texto

Chionomesa é um gênero de aves apodiformes pertencente à família dos troquilídeos que inclui os beija-flores.[1] Possui duas espécies, anteriormente classificadas dentro de Amazilia, introduzido pelo naturalista René Primevère Lesson, atualmente considerado um sinônimo no caso das espécies fimbriata e lactea. As espécies representantes do gênero são, vernaculamente, denominadas como beija-flor-de-garganta-verde e beija-flor-de-peito-azul, respectivamente.[2] Estes beija-flores possuem ampla distribuição geográfica desde o norte e oeste da América do Sul, frequentemente encontrado nas florestas nubladas e tropicais úmidas, principalmente nas regiões de clima mais quente.[3][4]

Esses beija-flores possuem um comprimento médio entre oito aos 11 centímetros, que é característico da subfamília dos troquilíneos, conhecidos como "beija-flores verdadeiros". Os beija-flores-de-garganta-verde são geralmente ligeiramente maiores do que o beija-flor-de-peito-azul, além de apresentarem cores mais chamativas em sua plumagem. Essas aves possuem bicos pretos com maxilar escuro e mandíbula rosada, com seu comprimento variando entre subespécies. A parte superior das subespeciações nominais mostra-se normalmente em uma coloração verde-bronzeada ou, ainda, verde-dourada. Sua cabeça, assim como o pescoço e os flancos são verde-bronzeado. Estas se diferenciam pela coloração do abdômen, que nos de-peito-azul é, assim como seu nome indica, azulado, e nos de-garganta-verde, apresenta uma cor verde e na região inferior é esbranquiçada. Os machos e fêmeas se diferenciam pela intensidade da cor da plumagem e pelo comprimento, sendo muito similares.[5][6]

Distribuição e habitat

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Os representantes do gênero apresentam uma ampla distribuição geográfica pela região mais setentrional sul-americana, restringindo-se até a região central da América do Sul. Estes podem ser encontrados desde o nordeste da Venezuela, então seguindo ao território das Guianas, onde se estendem ao norte, nordeste a centro-oeste do Brasil, onde segue ao extremo-norte da região sul. Além disso, na parte mais ocidental do continente sul-americano, se distribui na região leste do Equador, norte da Colômbia ao norte da Bolívia. A espécie Chionomesa fimbriata apresenta distribuição muito mais frequentemente que Chionomesa lactea. Estes beija-flores habitam os matagais arbustivos, as paisagens andinas, as florestas montanhosas e mais frequentemente, as florestas tropicais e subtropicais úmidas e pluviais. São normalmente encontrados em altitudes superiores a 1000 metros acima do nível do mar, com uma média de 1100 a 1400 metros.[4][3]

Sistemática e taxonomia

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Esse gênero foi introduzido primeiramente no final de 1921, descrito originalmente como uma sinonímia do gênero Amazilia, pelo notável ornitólogo e aracnólogo francês Eugène Simon.[7][8] Etimologicamente, deriva de dois termos do grego antigo χιών, khiōn, significa literalmente "neve"; e μέσος, mésos, significando algo como "meio", "centro", como em "mesopotâmia".[9][10] O nome do gênero referencia sua plumagem branca no centro inferior do abdômen. Sua primeira espécie a ser descrita foi Trochilus fimbriatus, introduzida por Johann Friedrich Gmelin em 1789, através da revisão do Systema Naturae de Lineu.[11] Posteriormente, em 1927, pelo pesquisador Charles Wallace Richmond, a espécie Ornismya lactea, descrita em 1832 por René Primevère Lesson, seria definida espécie-tipo.[12][13] Um estudo filogenético molecular publicado em 2014 descobriu que Amazilia era polifilético, causando na transferência das espécies para outro gênero, na qual fimbriata e lactea seriam classificadas no ressurgido gênero Chionomesa.[12] Atualmente, a maior parte de identificadores taxonômicos, reconhece as duas em Chionomesa, incluindo South American Classification Committee, taxonomia de Clements e o International Ornithologists' Union.[14][15][16] Entretanto, Handbook of the Birds of the World, da BirdLife International, não reconhece Chionomesa, classificando-os novamente em Amazilia e considerando Amazilia lactea bartletti como espécie separada.[17][6]

  • Chionomesa lactea (Lesson, 1832), beija-flor-de-peito-azul — pode ser encontrado no leste central da Venezuela, norte da Bolívia, Peru e Colômbia, e regiões norte, nordeste a sudeste do Brasil
    • Chionomesa lactea lactea (Lesson, 1832) — subespécie nominal e endêmica do Brasil, pode ser encontrado desde o sul da Bahia ao nordeste do estado de São Paulo
    • Chionomesa zimmeri (Gilliard, 1941) — endêmico da Venezuela, pode ser encontrado exclusivamente nos tepuis do sudeste venezuelano
    • Chionomesa lactea bartletti (Gould, 1866) — pode ser encontrado no leste do Peru ao norte da Bolívia
  • Chionomesa fimbriata (Gmelin, 1789), beija-flor-de-garganta-verde — pode ser encontrado desde o extremo-norte da Venezuela, seguindo às Guianas, leste da Colômbia, Bolívia e Equador ao norte e centro do Brasil
    • Chionomesa fimbriata fimbriata (Gmelin — pode ser encontrado na região amazônica desde o nordeste venezuelano, nas Guianas ao norte do Brasil
    • Chionomesa fimbriata elegantissima (Todd, 1942) — pode ser encontrado desde o extremo-nordeste da Colômbia e norte da Venezuela
    • Chionomesa fimbriata apicalis (Gould, 1861) — pode ser encontrado desde a região andina do leste colombiano
    • Chionomesa fimbriata fluviatilis (Gould, 1861) — pode ser encontrado desde o sudeste da Colômbia e leste equatoriano
    • Chionomesa fimbriata laeta (Hartert, 1900) — subespécie endêmica, pode ser encontrada exclusivamente no nordeste do Peru
    • Chionomesa fimbriata nigricauda (Elliott, 1878) — pode ser encontrado na região do sul amazônica desde leste da Bolívia e região central do Brasil
    • Chionomesa fimbriata tephrocephala (Vieillot, 1818) — pode ser encontrado exclusivamente no Brasil, na costa leste desde o Espírito Santo ao Rio Grande do Sul

Referências

  1. a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  2. a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 101. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  3. a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Glittering-throated Emerald (Amazilia fimbriata. IUCN Red List of Threatened Species 2016: e.T22687534A93157005 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687534A93157005.enAcessível livremente. Consultado em 20 de novembro de 2022 
  4. a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Sapphire-spangled Emerald (Amazilia lactea. IUCN Red List of Threatened Species 2017: e.T22726706A118853369 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2017-3.RLTS.T22726706A118853369.enAcessível livremente. Consultado em 20 de novembro de 2022 
  5. Weller, André Alexander; Kirwan, Guy M.; Boesman, Peter F. D. (2021). «Glittering-throated Emerald (Chionomesa fimbriata), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.glteme1.01.1. Consultado em 20 de novembro de 2022 
  6. a b del Hoyo, Josep; Weller, André Alexander; Kirwan, Guy M.; Collar, Nigel; Boesman, Peter F. D. (2021). «Sapphire-spangled Emerald (Chionomesa lactea), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.saseme1.01.1. Consultado em 20 de novembro de 2022 
  7. Simon, Eugène (1921). Mulo, L., ed. Histoire naturelle des Trochilid (synopsis et catalogue) (em francês). Paris: Encyclopédie Roret. pp. 104—105. doi:10.5962/bhl.title.15230 
  8. Stiles, F. Gary; Remsen, J. V. Jr.; McGuire, Jimmy A. (24 de novembro de 2017). «The generic classification of the Trochilini (Aves: Trochilidae): Reconciling taxonomy with phylogeny». Zootaxa (3). 401 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4353.3.1. Consultado em 21 de novembro de 2022 
  9. Jobling, James A. (1991). A Dictionary of Scientific Bird Names. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854634-3. OCLC 45733860 
  10. Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  11. Gmelin, Johann Friedrich (1789). Systema naturae per regna tria naturae : secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis. Leipzig: Georg. Emanuel. Beer. p. 439 
  12. a b McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Corl, Ammon; Rabosky, Daniel L.; Altshuler, Douglas L.; Dudley, Robert (14 de abril de 2014). «Molecular Phylogenetics and the Diversification of Hummingbirds». Current Biology (em inglês) (8): 910–916. ISSN 0960-9822. PMID 24704078. doi:10.1016/j.cub.2014.03.016Acessível livremente. Consultado em 21 de novembro de 2022 
  13. Lesson, René Primevère (1832). Histoire naturelle des colibris, suivie d'un supplément à l'Histoire naturelle des oiseaux-mouches; ouvrage orné de planches dessinées et gravées par les meilleurs artistes, et dédié A.M. le Baron Cuvier (em francês) Suplemento ed. Paris: Arthus Bertrand. pp. 1–39. doi:10.5962/bhl.title.52378 
  14. McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Dudley, R.; Altshuler, Douglas L. (janeiro de 2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology (em inglês) (1): 155–165. ISSN 2193-7192. doi:10.1007/s10336-008-0330-x. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  15. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  16. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  17. BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 

Ligações externas

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