chmod – Wikipédia, a enciclopédia livre

Em sistemas operacionais do tipo Unix, o chmod (abreviação de change mode, em português: alterar modo) é o comando e a chamada de sistema que pode alterar permissões de acesso de objetos do sistema (arquivos e diretórios) e sinalizações (flags) de modo especial. A requisição é filtrada pelo umask.[1]

Um comando chmod apareceu pela primeira vez na versão 1 do Unix da AT&T.

À medida que os sistemas cresciam em número e tipos de usuários, listas de controle de acesso eram adicionadas a muitos sistemas de arquivos, além desses modos mais básicos para aumentar a flexibilidade.

Sintaxe do comando

[editar | editar código-fonte]
$ chmod [opções] modo[,modo] arquivo1 [arquivo2 ...] 

Opções implementadas frequentemente incluem:

  • -R recursive, isto é, inclui objetos e subdiretórios
  • -f force, segue em frente com todos os objetos, mesmo que ocorram erros
  • -v verbose, exibe todos os objetos processados

Se uma ligação simbólica for especificada, o objeto alvo é afetado. Os modos de arquivo diretamente associados às ligações simbólicas em si normalmente nunca são usados.

Para visualizar o modo do arquivo, os comandos ls ou stat podem ser usados:

$ ls -l encontrarNumerosDeTelefone.sh -rwxr-xr--  1 tneves  equipe  823 Dec 16 15:03 encontrarNumerosDeTelefone.sh $ stat -c %a encontrarNumerosDeTelefone.sh 754 

O r, w e x especificam o acesso de leitura, gravação e execução, respectivamente. O primeiro caractere da exibição do ls indica o tipo de objeto. Um hífen representa um arquivo simples. Esse script pode ser lido, gravado e executado pelo proprietário, lido e executado por outros membros do grupo da equipe e também pode ser lido por outras pessoas.

Um octal é um número escrito sob a base 8, ou seja, usa 8 símbolos diferentes para ser representado, geralmente, os algarismos arábicos de 0 a 7. O chmod usa um número octal de 3 algarismos como parâmetro para realizar sua função.

Por meio do exemplo a seguir, pode-se identificar as partes principais das permissões chmod.

Exemplo: drwxrwx--- 

À direita do "d":

  • Os três caracteres da esquerda rwx definem permissões do PROPRIETÁRIO.
  • Os três caracteres do meio rwx definem permissões do GRUPO.
  • Os três caracteres da direita --- definem permissões de TODOS OS OUTROS. Neste exemplo, TODOS OS OUTROS não possuem permissões.

Permissões numéricas

[editar | editar código-fonte]

O formato numérico do chmod aceita até quatro dígitos octais. Os três dígitos mais à esquerda referem-se às permissões para o proprietário, grupo e outros usuários do arquivo, respectivamente. O primeiro dígito opcional, quando são fornecidos 4 dígitos, especifica os sinalizadores (flags) especiais setuid, setgid e sticky.

Cada dígito dos três dígitos mais à direita representa um valor binário, cujos bits controlam a leitura, gravação e execução, respectivamente, onde 1 significa permitir e 0 significa não. Isso é semelhante à notação octal, mas representada em números decimais.

# Permissão rwx Binário
7 leitura, escrita e execução rwx 111
6 leitura e escrita rw- 110
5 leitura e execução r-x 101
4 apenas leitura r-- 100
3 escrita e execução -wx 011
2 apenas escrita -w- 010
1 apenas execução --x 001
0 nenhum --- 000

Cada grupo de 3 algarismos binários representa um dos níveis entre usuário (u), grupo (g) e outros (o), e cada um dos 3 algarismos ou bits de cada grupo representa um tipo de permissão entre leitura (r), do Inglês 'read', gravação (w), do Inglês 'write' e execução (x), do Inglês 'execute', onde um '1' indica permissão cedida e um '0', permissão negada.

Por exemplo, 754 permitiria:

  • ler, escrever e executar para o PROPRIETÁRIO, uma vez que o valor binário de 7 é 111, significando que todos os bits estão ativados;
  • ler e executar para o GRUPO, uma vez que o valor binário de 5 é 101, significando que leitura e execução estão ativados, porém escrita está desativado;
  • apenas ler para TODOS OS OUTROS, uma vez que o valor binário de 4 é 100, significando que apenas o bit de leitura está ativado.

Exemplos de permissões numéricas

[editar | editar código-fonte]
$ chmod 750 arquivo.txt 

No exemplo o número 750 está escrito na forma octal. Sua forma binária seria 111101000. O 7 é a forma octal do binário '111' e representa todas as permissões (leitura, escrita e execução) para o proprietário (user) do arquivo 'arquivo.txt'. O 5 é a forma octal do binário 101 e representa as permissões de leitura e execução para o grupo, e por fim, 0 representa a negação de todas as permissões para outros.

    Nível  u   g   o Permissão rwx r-x ---   Binário 111 101 000     Octal  7   5   0 
Para arquivos (-) rwx  000  0  (zero) permissão negada 001  1   permissão de execução 010  2   permissão de gravação 011  3   permissão de gravação e execução 100  4   permissão de leitura 101  5   permissão de leitura e execução 110  6   permissão de leitura e gravação 111  7   soma de todas as permissões 
Para diretórios (d) rwx 000  0  (zero) permissão negada 001  1   permissão para entrar no diretório 010  2   permissão para gravar dentro do diretório 011  3   permissão de entrar e gravar no diretório 100  4   permissão para listar o conteúdo do diretório 101  5   permissão de listar e entrar no diretório 110  6   permissão de listar e gravar no diretório 111  7   soma de todas as permissões 

Há uma maneira prática de converter números binários para octais. Basta somar os valores relativos dos algarismos. Exemplo: sabendo que os valores absolutos de cada algarismo em 111 são respectivamente 4, 2 e 1, somados dão o resultado 7. Já em 000, dão o resultado 0.

Modos simbólicos

[editar | editar código-fonte]

É possível e mais humano prescindir do modo octal. Quando a modificação se fizer sobre o grupo, por exemplo, faremos assim para adicionar a permissão de escrita:

$ chmod g+w arquivo.txt 

Dessa forma o grupo a que pertence este arquivo passa a ter permissão de gravação no mesmo. É possível mudar várias permissões para o mesmo ficheiro. Por exemplo:

$ chmod o+rw envel.ficheiro 

Atribui a outros, de uma vez, as permissões de leitura e escrita sobre o ficheiro envel.ficheiro. De forma semelhante é possível mudar permissões de uma só vez para diversas classes de utilizador:

$ chmod ugo-rwx envel.ficheiro 

Retira todas as permissões, a todas as classes de utilizador, relativamente ao ficheiro envel.ficheiro.

Modos especiais

[editar | editar código-fonte]

O comando chmod também é capaz de alterar as permissões adicionais ou modos especiais de um arquivo ou diretório. Os modos simbólicos usam 's' para representar os modos setuid e setgid, e 't' para representar o modo sticky. Os modos são aplicados apenas às classes apropriadas, independentemente se outras classes são ou não especificadas.

A maioria dos sistemas operacionais suportam a especificação de modos especiais usando modos octais, mas alguns não. Nesses sistemas, apenas os modos simbólicos podem ser usados.

Algumas opções extras estão disponíveis para o chmod se adicionarmos os seguintes parâmetros

-c, --changes             igual verbose, mas reporta apenas quando uma mudança é feita     --no-preserve-root    não trata '/' especialmente (padrão)     --preserve-root       falha ao operar recursivamente em '/' -f, --silent, --quiet     suprimir a maior parte das mensagens de erro -v, --verbose             mostrar um diagnóstico para cada arquivo processado     --reference=ARQR      usa modo do arquivo ARQR em vez dos valores de MODO -R, --recursive           muda arquivos e diretórios recursivamente     --help                exibe esta ajuda e sai     --version             mostra informação de versão e sai 

As permissões em vigor podem ser conhecidas com o comando ls. Ex:

$ ls -l 

Outros comandos relacionados com o chmod são chown, que muda o dono de arquivos e pastas (ficheiros), e chgrp, que muda o grupo a que pertence o ficheiro.

Referências

  1. «Quick Reference: Unix Commands» (em inglês). University of Washington. Consultado em 15 de Setembro de 2018 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]