Cidade global – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Cidade global (também chamada de cidade mundial, cidade alfa ou centro mundial) é uma cidade considerada um lugar importante no sistema econômico global. O conceito vem dos estudos urbanos e da geografia e se assenta na ideia de que a globalização criou, facilitou e promulgou locais geográficos estratégicos de acordo com uma hierarquia de importância para o funcionamento do sistema global de finanças e comércio.
A mais complexa dessas entidades é a "cidade global", através da qual as relações vinculativas de uma cidade têm efeito direto e tangível sobre assuntos globais através de meios sócio-económicos.[1] A expressão "cidade global", em oposição à megacidade, foi introduzida por Saskia Sassen, em referência a Nova Iorque, Londres e Tóquio, em sua obra de 1991 "A Cidade Global".[2] O termo "cidade mundial" já tinha sido usado por Patrick Geddes, em 1915, para descrever as cidades que controlam uma quantidade desproporcional de negócios globais. Depois dele Peter Hall, em sua obra The World Cities (1966) usou uma série de critérios para definir as cidades que ocupam o topo da hierarquia urbana mundial. Vinte anos depois, John Friedmann lançou The World City Hypothesis e indicou as cidades que comandavam a economia global.[3][4] Com uma metodologia multidisciplinar e inovadora, Ronald Daus investigaria depois o papel de um “fundamento europeu”, existente desde a “invenção” do colonialismo, nas cidades globais extra-europeias que se desenvolveram durante o século XX e que é responsável pelo caos urbanístico que assola localidades situadas tanto fora da Europa como nela própria, suscitando novas questões em áreas como as da sociologia ou da antropologia cultural (ver biografia e referências).
Características
[editar | editar código-fonte]A classificação de cidade global é vista como benéfica e, por isso, muitos grupos têm tentado classificar quais as cidades que podem ser vistas como "cidades mundiais".[3] Embora haja um consenso sobre quais são as cidades líderes do mundo,[5] definir quais são os critérios para que essa classificação seja feita pode afetar outras cidades incluídas.[3] Os critérios para a identificação tendem a basear-se num "valor critério" ("por exemplo, se o setor produtor de serviços é o maior setor econômico, então a cidade X é uma cidade global)[3] ou em uma "determinação iminente" (se o setor produtor de serviços da cidade X é maior do que o setor produtor de serviços das cidades N, então a cidade X é uma cidade global).[3]
Algumas características básicas de cidades globais são:
- Familiaridade internacional: uma pessoa diria Paris, e não Paris, França;
- Influência e ativa participação em eventos internacionais. Por exemplo, a cidade de Nova Iorque sedia a Organização das Nações Unidas, e em Bruxelas se encontram as sedes da Organização do Tratado do Atlântico Norte e da União Europeia;
- Uma grande população, onde a cidade global é centro de uma área metropolitana de pelo menos um milhão de habitantes, muitas vezes, tendo vários milhões de habitantes;[6]
- Um aeroporto internacional de grande porte, que serve como base para várias linhas aéreas internacionais;[7]
- Um sistema avançado e eficiente de transportes. Isto inclui vias expressas, rodovias e transporte público;[8]
- Qualidade de vida;[9]
- Sedes de grandes companhias, como conglomerados e multinacionais;
- Sede de instituições educacionais, como universidade;[10]
- Uma bolsa de valores que possua influência na economia mundial;[11]
- Presença de redes multinacionais e instituições financeiras de grande porte;
- Infraestrutura avançada de comunicações;
- Presença de grandes instituições de artes, como museus;
- Grande influência econômica no mundo.[12]
- Custo de vida;[necessário esclarecer][13]
- Número de bilionários.[necessário esclarecer][14]
Estudos
[editar | editar código-fonte]Estudos do GaWC
[editar | editar código-fonte]A primeira tentativa de definir, categorizar e classificar as cidades globais usando de "dados relacionados" foi feita em 1998 por Jon Beaverstock, Richard G. Smith e Peter Taylor, que trabalharam na Universidade de Loughborough, no Reino Unido. Juntos, eles estabeleceram a Globalization and World Cities Research Network e uma lista de cidades globais foi descrita no Boletim de Pesquisa GaWC 5 e cidades classificadas com base em sua conectividade através de quatro "serviços de produção avançada": contabilidade, publicidade, bancária/financeira e direito.[5] O inventário GaWC identifica três níveis de cidades globais e vários sub-níveis. Esta lista geralmente denota cidades em que há escritórios de algumas empresas multinacionais de prestação de serviços financeiros e consultoria ao invés de denotar outros centros culturais, políticos e econômicos. As classificações de 2004 reconheceram vários novos indicadores, enquanto continuavam a classificar a economia das cidade mais fortemente do que fatores políticos ou culturais. A lista é classificada nas seguintes categorias:[15]
- Cidades alfa++ - Londres e Nova York, que são muito mais integradas à economia global do que todas as outras cidades.
- Cidades alfa+ - complementam Londres e Nova York, preenchendo nichos de serviços avançados para a economia global.
- Cidades alfa - cidades que ligam as principais regiões econômicas à economia mundial.
- Cidades beta - cidades que ligam regiões econômicas secundárias à economia mundial.
- Cidades gama - cidades que ligam regiões econômicas menores à economia mundial.
- Cidades autossuficientes - cidades que têm um grau suficiente de serviços de modo a não ser, obviamente, dependente de outras cidades globais
Cidades Alfa
[editar | editar código-fonte]- Alfa++[16]
- Alfa+
- Alfa
- Alfa-
Outras categorias
[editar | editar código-fonte]Índice de Cidades Globais
[editar | editar código-fonte]Em 2008, a revista estadunidense Foreign Policy, em conjunto com empresa de consultoria A.T. Kearney e pelo Conselho de Chicago sobre Assuntos Globais, publicou um ranking de cidades globais, com base em entrevistas com Saskia Sassen, Witold Rybczynski e outros.
A publicação observou que "as maiores e mais interconectadas cidades do mundo ajudam a definir as agendas globais, perigos para transnacionais e servem como hubs de integração global. Elas são os motores de crescimento para seus países e os portais para os recursos de suas regiões."[18]
Em 2010 o índice foi atualizado. As únicas cidades lusófonas e brasileiras a aparecer no ranking foram São Paulo e Rio de Janeiro, nas posições 35ª e 49ª, respectivamente.[19]
Cidades por categoria
[editar | editar código-fonte]Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de cidades por PIB
- Cidade
- Lista das cidades mais populosas do mundo
- Metrópole
- Megalópole
- Megacidade
Referências
- ↑ Sassen, Saskia - The global city: strategic site/new frontier
- ↑ Sassen, Saskia - The Global City: New York, London, Tokyo. Arquivado em 16 de março de 2015, no Wayback Machine. (1991) - Princeton University Press. ISBN 0-691-07063-6
- ↑ a b c d e Doel,M. & Hubbard, P., (2002), "Taking World Cities Literally: Marketing the City in a Global Space of flows",City, vol. 6, no. 3, pp. 351-368. Subscription required
- ↑ The urban geography reader. Nicholas R. Fyfe e Judith T. Kenny(ed.). J. Beaverstock, R. Smith e P. Taylor. "World-city Network: a new metageography?"
- ↑ a b GaWC Research Bulletin 5, GaWC, Loughborough University, 28 de julho de 1999
- ↑ Chapter 5: Globalization and cultural choice PDF (352 KB), "2004 Human Development Report" (page 99), UNDP, 2004
- ↑ Mapping the Global Network Economy on the Basis of Air Passenger Transport Flows, GaWC, Loughborough University, 8 de dezembro de 2004
- ↑ Mobility 2001 PDF (1.59 MB), WBCSD
- ↑ World-wide quality of living survey, Mercer, 10 de abril de 2006
- ↑ [1] PDF (registration required)
- ↑ World Indices, Bloomberg
- ↑ Urban Characteristics,City Level, 1993 PDF (61.6 KB), "World Resources 1998-99", WRI, 1998.
- ↑ a b Worldwide Cost of Living survey 2011 - City rankings, Mercer, 12 July 2011
- ↑ a b Moscow Leads Cities With Most Billionaires, Forbes, 17 May 2011
- ↑ «The World According to GaWC 2010». Globalization and World Cities (GaWC) Study Group and Network. Loughborough University. Consultado em 15 de setembro de 2011
- ↑ «GaWC - The World According to GaWC 2016». www.lboro.ac.uk. Consultado em 17 de maio de 2017
- ↑ «GaWC - The World According to GaWC 2020». www.lboro.ac.uk. Consultado em 16 de janeiro de 2023
- ↑ «The 2008 Global Cities Index». Foreign Policy (November/December 2008). 21 de outubro de 2008. Consultado em 31 de outubro de 2008
- ↑ «The Urban Elite: The A.T. Kearney Global Cities Index 2010» (PDF). Consultado em 13 de outubro de 2011. Arquivado do original (PDF) em 6 de julho de 2011
- ↑ «Cities: largest (without surrounding suburban areas)». Geohive. Consultado em 3 de agosto de 2011. Arquivado do original em 5 de dezembro de 2016
- ↑ R.L. Forstall, R.P. Greene, and J.B. Pick, "Which are the largest? Why published populations for major world urban areas vary so greatly" Arquivado em 31 de maio de 2010, no Wayback Machine., City Futures Conference, (University of Illinois at Chicago, July 2004) – Table 5 (p.34)
- ↑ Global City Migration Map
- ↑ PriceWaterhouseCoopers, "UK Economic Outlook, March 2007", page 5. «Table 1.2 – Top 30 urban agglomeration GDP rankings in 2005 and illustrative projections to 2020 (using UN definitions and population estimates)». Consultado em 9 de março de 2007. Arquivado do original (PDF) em 10 de junho de 2007
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- The World According to GaWC 2020
- Repository of Links Relating to Urban Places
- World Cities article by Jennifer Curtis of Charles Sturt University
- The World-System’s City System: A Research Agenda by Jeffrey Kentor and Michael Timberlake of the University of Utah and David Smith of University of California, Irvine
- The State of the World's Cities, 2001, UN Human Settlements Programme
- "U.S. Cities in the 'World City Network'", by Peter J. Taylor and Robert E. Lang, February 2005 (Full Report in PDF)
- Ver Cidades globais na bibilografia de Ronald Daus (Universidade Livre de Berlim)