Circulação do sangue – Wikipédia, a enciclopédia livre

Em azul o sangue venoso, em vermelho o sangue arterial

A circulação do sangue é o movimento do sangue originado pelo bombeamento do coração que o envia para as artérias. A função circulatória é, basicamente, uma função de transporte. O termo circulação refere-se ao movimento de um fluido ao longo de um circuito fechado.

A circulação do sangue faz-se em dois circuitos separados anatomicamente e com funções diferentes:

  • Circulação pulmonar ou Pequena circulação pela qual são realizadas as trocas gasosas oxigênio e anidrido carbónico
  • Circulação sistémica ou Grande circulação que permite levar os nutrientes e oxigénio aos tecidos e receber os produtos finais do metabolismo para serem excretados, assim como levar as hormonas aos seus órgãos alvo.[1]
Estátua de João Rodrigues, Amato Lusitano, no centro de Castelo Branco, no jardim que tem o seu nome, pesquisador do assunto

Circulação pulmonar

[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Circulação pulmonar

Circulação Pulmonar ou Pequena circulação é a designação dada à parte da circulação sanguínea na qual o sangue é bombeado para os pulmões e volta, livre do dióxido de carbono (CO2) e rico em oxigénio (O2) ao coração. Ao chegar à aurícula direita pelas veias cavas superior e inferior, o sangue passa da aurícula para o ventrículo direito. Quando este, por sua vez, se contrai, dá-se a ejeção ventricular direita para a artéria pulmonar que dividindo-se em direita e esquerda vai levar o sangue aos dois pulmões.

Diagrama da circulação pulmonar. o Sangue oxigenado apresenta-se a vermelho; o sangue venoso em azul

As artérias pulmonares dividem-se e sub-dividem-se até se tornarem numa rede capilar nas paredes alveolares onde vão ter lugar as trocas gasosas com difusão do Dióxido de carbono ou Anidrido carbónico (CO2) dissolvido no plasma e captação do O2, que compõe 21% do ar, o qual se fixa nos glóbulos vermelhos, mais exatamente na hemoglobina contida nesses glóbulos. Para que essas trocas sejam possíveis as paredes alveolares estão revestidas por surfactante, uma molécula tensoativa ( complexa segregada continuamente pelos pneumócitos alveolares de tipo 2. Uma vez oxigenado, o sangue flui da vertente venosa capilar das paredes alveolares, para pequenas vénulas que juntam e formam veias cada vez de maior calibre até se tornarem as veias pulmonares que drenam na aurícula esquerda. Esta, ao contrair-se envia o sangue para o ventrículo esquerdo e a Circulação sistémica ou Grande circulação, começa.[1] Para além desta circulação que é funcional os pulmões têm uma circulação proveniente das artérias brônquicas que providencia a alimentação dos pulmões em nutrientes necessários.

Circulação sistémica

[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Grande circulação

Chegado ao ventrículo esquerdo o sangue arterializado é bombeado para a artéria aorta e seus ramos, atingindo todas as partes do corpo humano, ramificando-se em artérias de calibre cada vez menor até atingir a vertente arterial capilar e libertar o tão precioso oxigénio aos tecidos para que a respiração celular seja possível. Recolhe os produtos finais do metabolismo celular e volta, percorrendo o caminho inverso, ou seja: vertente venosa da rede capilar, vénulas, veias até atingir a veia cava inferior ou a veia cava superior, dependendo da região e drena de novo na aurícula direita. As veias contêm cerca de 70% do volume sanguíneo total, ao contrário das artérias que transportam só cerca de 15%.[1][2]

Circulação capilar

[editar | editar código-fonte]
Rede capilar

A circulação capilar faz parte da microcirculação. É a este nível circulatório que se dá a função major de toda a circulação: a troca de nutrientes entre o sangue e as células e a recolha das substâncias nocivas, produtos finais do metabolismo celular. Ao chegar às células as arteríolas transformam-se em metarteríolas adquirindo pequenos esfíncteres que se relaxam e contraem 5 a 10 vezes por minuto regulando o débito de sangue a este nível. Este débito depende das necessidades da célula em oxigénio. Por sua vez as metarteríolas transformam-se em capilares, perdendo a camada muscular e os esfíncteres. Os capilares têm assim uma parede muito fina, constituída só pela íntima (a camada interna vascular), com poros que deixam passar os iões e as moléculas hidrossolúveis para o tecido intersticial e posteriormente atravessam a membrana celular para o interior da célula. Isto facilita as trocas gasosas e de outros nutrientes, sem necessidade de mecanismos de transporte, permitindo uma difusão bi-direcional dependente de gradientes osmóticos como descrito na tão conhecida equação de Starling:

Onde:

  • força de drenagem;
  • é a constante de proporcionalidade;
  • o movimento do fluido entre o capilar e o tecido intersticial.

De acordo com esta equação, simplificada para o capilar sanguíneo, o movimento de um fluido, neste caso o sangue, depende assim de 5 variáveis:

  1. Pressão hidrostática capilar ( Pc )
  2. Pressão hidrostática intersticial ( Pi )
  3. Pressão oncótica capilar ( πz )
  4. Pressão oncótica intersticial ( πi )
  5. Coeficiente de filtração ( Kf )

O coeficiente de reflexão ( R ) que exprime a impermeabilidade da parede às proteínas é, em condições normais, igual a 1. A parede capilar não deixa passar proteínas. Só será considerado em casos patológicos com aumento da permeabilidade às proteínas e R <1.[1]

Referências

  1. a b c d Guyton Textbook of Medical Physiology, 10.ª edição, Arthur Guyton and John Hall, 2000, ISBN 072168677X
  2. «Fisiologia Cardiovascular» (PDF). Consultado em 25 de novembro de 2012 
Ícone de esboço Este artigo sobre Fisiologia é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.