Ciro Pessoa – Wikipédia, a enciclopédia livre
Ciro Pessoa | |
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Pessoa em um show no Auditório Ibirapuera em 2010 | |
Informação geral | |
Nome completo | Ciro Pessoa Mendes Corrêa |
Também conhecido(a) como | Tenzin Chöpel |
Nascimento | 12 de junho de 1957 |
Local de nascimento | São Paulo, SP |
País | Brasil |
Morte | 5 de maio de 2020 (62 anos) |
Local de morte | São Paulo, SP |
Nacionalidade | brasileiro |
Gênero(s) | Rock, pós-punk, rock psicodélico, rock experimental |
Ocupação(ões) | Cantor-compositor, guitarrista, roteirista, jornalista, escritor, ativista e poeta |
Instrumento(s) | Voz, guitarra, violão |
Período em atividade | 1981–2020 |
Gravadora(s) | Voiceprint Records Rosa Celeste |
Afiliação(ões) | Titãs Cabine C Ira! Os Jetsons Ricotas do Harlem CPSP Ciro Pessoa & Ventilador Nu Descendo a Escada Flying Chair |
Página oficial | calebav |
Ciro Pessoa Mendes Corrêa (São Paulo, 12 de junho de 1957 – São Paulo, 5 de maio de 2020), também conhecido pelo nome darma Tenzin Chöpel, foi um cantor-compositor, guitarrista, roteirista, jornalista, escritor, ativista e poeta brasileiro, conhecido por ser um dos membros fundadores da banda de rock Titãs e por seu posterior trabalho com a pioneira banda de pós-punk/rock gótico Cabine C. Também formou inúmeros outros projetos menos conhecidos e de curta duração entre meados das décadas de 1980 e 1990, antes de começar carreira solo em 2003.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Ciro Pessoa nasceu em São Paulo em 1957. Aos 7 anos de idade aprendeu a tocar violão, e aos 12 começou a tocar em festivais musicais pela cidade. Quando adolescente, estudou no Colégio Equipe, onde conheceria Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Nando Reis, Marcelo Fromer, Branco Mello, Tony Bellotto e Sérgio Britto. Unidos por seus gostos musicais em comum, formariam, em 1982, junto a André Jung, a banda de rock Titãs do Iê-Iê, que eventualmente encurtaria o nome para apenas Titãs.[1] Credita-se a Ciro Pessoa a iniciativa de reunir os amigos em um grupo e torná-lo uma banda oficialmente.[2]
Pessoa, no entanto, nunca chegou a gravar álbuns de estúdio durante sua estadia de dois anos na banda, mas compôs alguns dos mais memoráveis sucessos do grupo, tais como "Sonífera Ilha", "Toda Cor", "Homem Primata" e "Babi Índio", entre outros. Deixou os Titãs no final de 1983, devido a divergências estéticas que culminaram com um desentendimento entre ele e André Jung. Logo após, Pessoa formaria duas bandas concomitantes: Os Jetsons, com seu ex-parceiro dos Titãs Branco Mello e Charles Gavin (que ainda tocava com o Ira! na época), e Ricotas do Harlem, uma dupla de soul com Fernando Salem. Ambas as bandas tiveram curtíssima duração porém, e não chegariam a gravar nenhum álbum ou até mesmo a realizar shows.
Em 1984, formou o Cabine C, uma das primeiras e mais conhecidas bandas brasileiras de rock gótico, ao lado da então esposa Wania Forghieri, Edgard Scandurra do Ira!, Sandra Coutinho das Mercenárias (que acabaria por deixar a banda e ser substituída pelo também membro do Ira! Ricardo Gaspa) e Charles Gavin. Com esta formação chegaram a gravar algumas músicas e shows, mas todos, com exceção de Pessoa e Forghieri, acabariam por deixar a banda a fim de focalizar em seus respectivos projetos pessoais. Scandurra, Gaspa e Gavin foram substituídos pelas ex-membros do Akira S e As Garotas Que Erraram Anna Ruth dos Santos e Marinella Setti. Esta nova formação do Cabine C acabaria por lançar seu primeiro (e único) álbum de estúdio, Fósforos de Oxford, em 1986; apesar de ter sido bem recebido pelo público e pela crítica, foi um fracasso de vendas. A banda chegaria ao seu fim em 1987, devido a problemas judiciais com sua gravadora, a RPM Discos, fundada e gerenciada por Paulo Ricardo e Luiz Schiavon da banda homônima. Antes de seu término a banda estava trabalhando num segundo álbum de estúdio, que se chamaria Cotonetes Desconexos; quatro músicas que o integrariam foram gravadas, mas o álbum acabaria por ser abandonado. Junto a Forghieri, Pessoa também compôs a trilha sonora do filme de 1993 Oceano Atlantis, também roteirizado por ele e que estrelou Antônio Abujamra.[3]
Ao decorrer da década de 1990, Ciro Pessoa escreveu algumas canções que eventualmente seriam tocadas pelo Ira!, entre elas "Efeito Bumerangue", "Tantas Nuvens", "A Natureza Sobre Nós", "Mistério", "Correnteza" e "Inundação de Amor" (originalmente escrita por ele para o Cabine C em parceria com Júlio Barroso da Gang 90 e as Absurdettes no início da década de 1980, antes da morte de Barroso), e formou em 1990 a banda Ciro Pessoa e Seu Pessoal, ou CPSP, junto a Kiko Nogueira, Roger "Vapt-Vupt" Lima, ao ex-Ira! Fábio Scattone e Abrão Levin. Contrastando com o som obscuro e gótico do Cabine C, o CPSP rumou a uma direção mais leve e pop que, de acordo com Pessoa, foi inspirada por cantores da Jovem Guarda como Odair José, Roberto Carlos e Jerry Adriani.[4] A banda nunca chegou a gravar nenhum álbum, mas viajaram extensivamente pelo Estado de São Paulo antes de chegarem ao fim. No início da década de 2000, Pessoa começou a escrever alguns artigos, relatos de viagem e poemas em prosa para revistas e jornais como a Playboy, a Folha de S.Paulo e sua revista semanal, Superinteressante, Galileu, VIP e Viagem e Turismo; "Caminho Afora" (2002) e "O Mundo dos Sonhos" (2004), dois relatos de viagem que escreveu para a última, o primeiro discorrendo sobre os Caminhos de Santiago, foram agraciados com o Prêmio Abril de Jornalismo. A maioria dos artigos e poemas de Pessoa estão compilados em seu blog oficial no WordPress, "O Mundo de Mantraman", e também em seu perfil no Tumblr. Seu primeiro livro, Relatos da Existência Caótica, saiu em 23 de outubro de 2015 pela editora Chiado; é uma compilação de cinco antologias de poemas que escreveu no início de sua carreira, mas que até então permaneceram não publicadas: O Labirinto do Sr. Eno, Ecos de um Encantamento Distante, Manual das Mãos, Patagônia Mentalis e Os Emblemas.[5][6]
Em fins da década de 1990, formou outro projeto de curta duração, Ciro Pessoa & Ventilador, ao lado de seus ex-parceiros do CPSP Kiko Nogueira e Fábio Scattone, e novos membros Tchelo Nogueira (irmão de Kiko), Laudir de Oliveira, Serjão e Boris. Este reteve a sonoridade pop rock do CPSP, mas acrescentando elementos mais experimentais. Gravaram um álbum que durante muitos anos ficou engavetado até ser recentemente disponibilizado nas plataformas digitais, Batuca Aqui.[7]
Em 1985, Ciro Pessoa e Branco Mello compuseram músicas que foram usadas para a confecção de um álbum conceitual infantil, anos mais tarde, intitulado Eu e Meu Guarda-Chuva. Lançado em 2001, tem como enredo a história de um garoto chamado Eugênio e seu inseparável guarda-chuva.[8] O álbum se tornou um livro (escrito por Mello em parceria com Hugo Possolo) em 2003 e um filme de longa-metragem (dirigido por Toni Vanzolini e estrelado por Lucas Cotrim, Paolla Oliveira, Daniel Dantas e Leandro Hassum) em 2010;[9] nem o livro ou o filme tiveram o envolvimento de Pessoa, porém.
Em 2003, começou carreira solo com o lançamento de No Meio da Chuva Eu Grito "Help" pela gravadora Voiceprint Records. Em 2010, assinou com a gravadora independente Rosa Celeste para lançar seu segundo álbum, Em Dia com a Rebeldia. Experimental e psicodélico, Pessoa o concebeu como sendo um tributo às bandas das décadas de 1960 e 1970 que cresceu escutando, mais notavelmente The Jimi Hendrix Experience, Os Mutantes, Pink Floyd, The Beatles e Secos & Molhados, e à obra de pintores e poetas surrealistas como Salvador Dalí, René Magritte e André Breton. Um grande show para promover o álbum aconteceu no Auditório Ibirapuera em São Paulo no mesmo ano.
Em meados da década de 2010, tornou-se um ferrenho crítico do governo petista brasileiro e de políticas de esquerda como um todo, e começou a promover uma série de hangouts nos quais disserta sobre sua visão da política brasileira, frequentemente acompanhado pelo também músico Lobão e pelo jornalista Claudio Tognolli, entre outros. Nesse período, Pessoa viajou pelo Brasil com sua banda Nu Descendo a Escada (assim chamada em homenagem à pintura epônima de 1912, feita por Marcel Duchamp), que era formada por Kim Kehl (guitarra), Luiz Domingues (baixo) e Carlos Machado (bateria).
Em 2016, formou um projeto mais voltado ao pop rock, a banda Flying Chair, composta por Chico Marques e Cláudio Costa na guitarra e no backing vocal, Diego Basanelli no baixo e Pedro Léo na bateria.[10] Lançaram às próprias custas um EP de quatro faixas em dezembro do mesmo ano, disponível no SoundCloud e lançado fisicamente em 11 de fevereiro de 2017;[11] contou com uma participação especial do baterista do RPM, P. A. Pagni. Um segundo EP de quatro faixas foi enviado ao SoundCloud em 5 de abril de 2017 e lançado fisicamente em 2 de maio. O álbum de estreia da banda saiu em 29 de julho de 2017.[12] Em 9 de março de 2018 a banda lançou seu primeiro álbum ao vivo, Ao Vivo na Cena.[13] Seu último lançamento foi o single Sem Orientação, com a participação do tecladista Pedro Pelotas, ex-integrante do Cachorro Grande.
Morreu no dia 5 de maio de 2020 em decorrência da COVID-19, enquanto tratava de um câncer.[14]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Ciro Pessoa converteu-se ao budismo Vajrayana em fins da década de 1990, assim obtendo o nome darma Tenzin Chöpel, que utilizou para assinar a maioria dos artigos que escreveu para as revistas e jornais para os quais trabalhou.
Entre meados das décadas de 1980 e 1990, foi casado com sua colega do Cabine C, Wania Forghieri. Casou-se pela segunda vez com Isabela Johansen e teve com ela uma filha, Antônia. Divorciaram-se em janeiro de 2016. Ao todo, teve cinco filhas e um filho.
Discografia
[editar | editar código-fonte]Com o Cabine C
[editar | editar código-fonte]- Fósforos de Oxford (1986)
Com a Banda Ventilador
[editar | editar código-fonte]- Batuca Aqui (gravado em 1996, lançado em 2019)
Com a Flying Chair
[editar | editar código-fonte]Álbuns de Estúdio
[editar | editar código-fonte]- Flying Chair (2017)
- Quem é Ciro Pessoa? (2020)
Ao Vivo
[editar | editar código-fonte]- Ao Vivo na Cena (2018)
EP
[editar | editar código-fonte]- Flying Chair (2016)
- Flying Chair II (2017)
Solo
[editar | editar código-fonte]- No Meio da Chuva Eu Grito "Help" (2003)
- Em Dia com a Rebeldia (2010)
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Relatos da Existência Caótica (Chiado Editora, 2015)
Referências
- ↑ Ciro Pessoa – Whiplash
- ↑ Ciro Pessoa, fundador dos Titãs, morre após contrair coronavírus
- ↑ Oceano Atlantis no Internet Movie Database
- ↑ Revista Bizz, agosto de 1990: Depois de deixar os Titãs e o Cabine C, Ciro Pessoa quer ser jovem guarda
- ↑ Relatos da Existência Caótica – Chiado Editora
- ↑ «Ciro Pessoa lança nesta sexta livro de poesias 'Relatos da Existência Caótica'». Folha de S.Paulo. 23 de outubro de 2015. Consultado em 28 de outubro de 2015
- ↑ Ciro Pessoa no Facebook
- ↑ BRANCO MELLO APRESENTA 'EU E MEU GUARDA-CHUVA'
- ↑ Maciel, Eliane (23 de outubro de 2009). «Livro de Titã vira filme infantil». Yahoo! Notícias. Consultado em 23 de outubro de 2009 [ligação inativa]
- ↑ Leo, Pedro (24 de outubro de 2016). «Ex-Titãs, Ciro Pessoa, lança nova banda: Flying Chair». The São Paulo Times. Consultado em 25 de outubro de 2016
- ↑ Banda Flying Chair | SoundCloud
- ↑ Nave dos Deuses - Flying Chair
- ↑ «Flying Chair lança 'Ao Vivo – Na Cena' em São Paulo». Sympla. 9 de março de 2018. Consultado em 18 de março de 2018
- ↑ «Morre o músico Ciro Pessoa, um dos fundadores dos Titãs, com Covid-19». O Globo. 5 de maio de 2020. Consultado em 5 de maio de 2020