Cotite Amatúnio – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cotite Amatúnio
Etnia Armênio
Religião Catolicismo

Cotite Amatúnio (em armênio: Կոտիտ; romaniz.: Kotit) foi um nobre armênio (nacarar) do século VI, ativo no reinado do imperador Maurício (r. 582–602), que se rebelou contra o Império Bizantino em 595/6. O intuito da rebelião infrutífera era assegurar a independência do planalto Armênio do controle imperial, mas a desunião dos conspiradores levou ao fracasso de seus planos.

O nome Cotite (Կոտիտ, Kotit) tem origem desconhecida.[1]

Em 591, o imperador Maurício (r. 582–602) aceitou ajudar Cosroes II (r. 590–628) a reaver seu trono que havia sido usurpado por Vararanes VI (r. 590–591). Com a subsequente vitória dos aliados na guerra civil que se seguiu, Cosroes foi reconduzido ao trono e concordou em finalizar a guerra em curso entre o Império Sassânida e o Império Bizantino iniciada em 572. Como consequência da paz, grande parte da Armênia sassânida e da Ibéria Ocidental foram cedidas aos bizantinos e Maurício suspendeu o tributo que anteriormente era pago aos sassânidas.[2]

Dracma de Cosroes II (r. 590–628) cunhado em 590, ano de sua deposição
Soldo de Maurício (r. 582–602)

A parentela de Cotite é desconhecida, salvo que pertencia à família Amatúnio. Em 595/6, muitos nobres armênios estavam descontentes com o domínio bizantino e pretendiam rebelar-se. Cosroes II enviou o hamaracar (oficial fiscal) da Vaspuracânia com grande quantidade de tesouros carregados em camelos com o intuito de comprar a lealdade dos nobres. Samuel Vanúnio e seus companheiros Atato Corcorúnio, Mamaque Mamicônio, Estêvão Siuni, Cotite e Teodoro Atrepatuni, seguidos por dois mil cavaleiros, encontraram o oficial na fronteira com o Azerbaijão, onde capturaram o tesouro, mas pouparam sua vida. Com os recursos que conquistaram, pretendiam contratar o apoio das tribos hunas ao norte do Cáucaso para assegurarem sua independência de bizantinos e sassânidas, mas ao alcançarem Naquichevão, desentenderam-se, dividiram o tesouro e acamparam no pântano de Chauque.[3]

Quando Cosroes soube do ocorrido, ordenou que uma carta fosse enviada a Maurício solicitando um exército para confrontá-los. Maurício respondeu enviando o general Heráclio, o Velho, que estava estacionado na Armênia, para encontrar as tropas sassânidas em Naquichevão. Os líderes dos rebeldes, exceto Atato e Samuel, optaram por se submeter aos sassânidas, sob promessas de salvo-conduto garantidas pelo hamaracar da Vaspuracânia.[4] Cosroes convocou por carta todos os nobres que submeteram-se ao hamaracar e os instalou com suas tropas em Ispaã.[5] Pouco depois, caiu em desgraça com Cosroes II, que ordenou que fosse assassinato enquanto viajava com uma mensagem para Nísibis.[6] Suas tropas iriam ser eventualmente incorporadas nos exércitos de Bestã, que estava se rebelando contra o xainxá.[7][8][9]

Referências

  1. Ačaṙyan 1942–1962, p. 676.
  2. Howard-Johnston 2000.
  3. Sebeos 1999, p. 32.
  4. Sebeos 1999, p. 33.
  5. Sebeos 1999, p. 40-41.
  6. Sebeos 1999, p. 44.
  7. Sebeos 1999, p. 45-46, nota 284.
  8. Pourshariati 2008, p. 133, nota 712.
  9. Toumanoff 1989.
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Կոտիտ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Howard-Johnston, James (2000). «Ḵosrow II». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia 
  • Pourshariati, Parvaneh (2008). Decline and Fall of the Sasanian Empire: The Sasanian-Parthian Confederacy and the Arab Conquest of Iran. Nova Iorque: IB Tauris & Co Ltd. ISBN 978-1-84511-645-3 
  • Sebeos (1999). The Armenian History Attributed to Sebeos. Traduzido por Thomson, R. W. Liverpul: Imprensa da Universidade de Liverpul. ISBN 0853235643 
  • Toumanoff, Cyril (1989). «Amatuni». Enciclopédia Irânica Vol. I Fasc. 9. Nova Iorque: Columbia University Press