Cruzada dos Pobres – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Cruzada dos Pobres foi uma das "cruzadas populares", que ocorreu na primavera e no verão de 1309. Dela participaram integrantes das classes populares da Inglaterra, do Ducado de Brabante (cujo território corresponde a partes do sul da Holanda e do norte do território atual da Bélgica), do norte da França e da Renânia.

Motivados por um apelo do Papa por um maior apoio para uma nova cruzada na Terra Santa, milhares de homens pobres se mobilizaram e se puseram a marchar para se juntar a um pequeno exército bem armado que estava sendo reunido com a aprovação papal.

Ao longo do caminho, eles se envolveram em saques, perseguição aos judeus e confrontos com as autoridades locais. Nenhum deles alcançou a Terra Santa e sua expedição foi dispersada.

Foi a primeira grande expressão popular de apoio às cruzadas após a queda dos Estados cruzados na Terra Santa. Teve início 18 anos após a queda de Acre, a última cidade remanescente do Reino de Jerusalém, tomada pelos mamelucos em 1291.

Em agosto de 1308, o Papa Clemente V emitiu instruções para a pregação de uma cruzada a ser lançada contra os mamelucos na primavera de 1309. O plano era enviar uma pequena expedição liderada pelos Hospitalários, uma ordem militar religiosa.

Tais instruções incluíam a solicitação de recursos e orações, mas não a participação direta por parte dos leigos.

No início de 1309, a cruzada foi adiada para o outono. Entre junho e julho de 1309, o Papa Clemente V enviou cartas lembrando aos bispos encarregados de dirigir o clero na pregação da cruzada ao norte dos Alpes que deveriam solicitar apenas recursos e orações, além de desencorajar a participação de leigos. Indulgências foram oferecidas para aqueles que forneciam dinheiro.

Entretanto, na primavera de 1309, contrariando as instruções papais, grandes grupos de voluntários começaram a marchar em direção à corte papal em Avinhão. Embora a maioria tenha marchado em direção a Avinhão, com a intenção de se juntar ao exército dirigido pelos hospitalários, alguns embarcaram em barcos no Rio Danúbio com a intenção de chegar à Terra Santa.

Maioria desses voluntários era pobre: camponeses sem terra, trabalhadores agrícolas e artesãos urbanos subempregados. Entretanto, também participaram alguns cidadãos alemães mais ricos e até alguns cavaleiros, mas a alta nobreza não estava representada. Embora a maioria fosse do sexo masculino, algumas mulheres também aderiram.

Em julho de 1309, apesar da falta de liderança e planejamento, entre de 30 e 40 mil voluntários chegaram a Avinhão. É possível que alguns tenham chegado ao porto de Marselha, o ponto de embarque planejado. No entanto, nenhum desses voluntários pode embarcar, pois não haviam navios disponíveis, razão pela qual os voluntários se dispersaram e a maioria retornou para seus lugares de origem.

Aliás, nem os próprios hospitalários que partiram de Marselha, chegaram à Terra Santa, pois se dirigiram à Ilha de Rodes, que era disputada com o Império Bizantino[1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8].

  1. Peter Lock, "The Hospitaller Passagium and the Pastoreaux or Shepherds' Crusade, 1309", The Routledge Companion to the Crusades (Routledge, 2006), pp. 187–88.
  2. Gary Dickson, "Crusade of 1309", in Alan V. Murray (ed.), The Crusades: An Encyclopedia, 4 vols. (ABC-CLIO, 2017), vol. 1, pp. 311–13
  3. Norman Housley, "Pope Clement V and the Crusades of 1309–10," Journal of Medieval History 8 (1982): 29–42.
  4. Gábor Bradács, "Crusade of the Poor (1309)", in Jeffrey M. Shaw and Timothy J. Demy (eds.), War and Religion: An Encyclopedia of Faith and Conflict, 3 vols. (ABC-CLIO, 2017), vol. 1, pp. 211–12.
  5. Christopher Tyerman, "England and the Crusades, 1095–1588" (University of Chicago Press, 1988), p. 172]
  6. Christopher Tyerman , England and the Crusades, 1095–1588 (University of Chicago Press, 1988), p. 172
  7. Sylvia Schein, Fideles Crucis: The Papacy, the West, and the Recovery of the Holy Land, 1274–1314 (Clarendon, 1991), p. 234.
  8. Anthony Luttrell, "The Hospitallers at Rhodes, 1306–1421", em inglês, acesso em 27/07/2021.