Daciano da Costa – Wikipédia, a enciclopédia livre
Daciano da Costa | |
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Nome completo | Daciano Henrique Monteiro da Costa |
Nascimento | 3 de setembro de 1930 Lisboa, Portugal |
Morte | 18 de outubro de 2005 (75 anos) Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Portuguesa |
Cônjuge | Maria Teresa de Barros Cottinelli Telmo Monteiro da Costa |
Ocupação | Arquiteto, Pintor e Designer |
Título | Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro , recebido em 2003 Doutor Honoris Causa pela Universidade Técnica de Lisboa, recebido em 2004 Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (atribuída pelo presidente Jorge Sampaio) , recebido em 2001 |
Página oficial | |
atelierdacianodacosta.pt/ |
Daciano Henrique Monteiro da Costa ComIH • GOM (Lisboa, 3 de Setembro de 1930 - Lisboa, 18 de Setembro de 2005) foi um arquiteto, pintor, designer e professor português.[1] Foi um dos mais destacados designers portugueses. São de sua autoria a arquitectura de interiores, o equipamento ou o mobiliário de espaços tão emblemáticos como a Reitoria da Universidade de Lisboa, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Biblioteca Nacional, o Teatro Villaret e a Casa da Música. A sua longa colaboração com a Metalúrgica da Longra revelou-se das mais produtivas da indústria portuguesa no domínio do design industrial.
Figura central na afirmação do design em Portugal, desenvolveu, enquanto professor na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, um trabalho estruturante no ensino desta disciplina. Ganhou vários prémios durante a sua prolífica carreira.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Daciano da Costa fez o curso de Pintura Decorativa da Escola de Artes Decorativas António Arroio (1943-48) e o Curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1950-1961). Iniciou atividade em Design sob orientação de Frederico George (1947-1959) tendo estabelecido um atelier próprio em 1959. Abandonou uma carreira promissora nas artes plásticas e estabeleceu então um ateliê em nome próprio, dando início a uma obra que rapidamente seria reconhecida e valorizada pelos seus colegas de profissão, pela crítica e pelo público.
Em 1960, o arquiteto António Pardal Monteiro confiava-lhe o seu primeiro projeto de grandes dimensões em Design de interiores e mobiliário: a Reitoria e Aula Magna da Universidade de Lisboa. São exemplares do seu talento e coerência os projetos de interiores e mobiliário para edifícios como a Biblioteca Nacional de Lisboa (1965-1969), o Casino do Estoril (1966), o Teatro Villaret (1964-1965), o edifício-sede e museu da Fundação Calouste Gulbenkian (1966-1969), o centro de documentação do LNEC (1971), os hotéis Madeira Hilton (1970-1971), Altis e Penta (1971-1975), o Casino Park Hotel, no Funchal (1972-1984), as lojas da TAP, no país e no estrangeiro (1972-1976), a Aerogare 2 do Aeroporto de Lisboa (1980), o Centro Cultural de Belém (1990-1992), Paços do Concelho de Lisboa (1997-1998), entre muitos outros.
A partir de 1962 colaborou com a Metalúrgica da Longra, onde fez design de mobiliário para escritórios e foi um dos principais responsáveis pela política de inovação da empresa.
A sua carreira estendeu-se ainda ao Design Gráfico, ao Design Urbano, e ao Design de Exposições (representação de Portugal na Hemisfair 68 /Texas World Fair; Pavilhão de Portugal na Expo 70, em Osaka; XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, em 1982; Porta do Sol, na Expo '98),
Daciano da Costa desempenhou ainda um papel pioneiro e seminal no ensino do design em Portugal, passando o seu testemunho a sucessivas gerações de arquitetos e designers, propondo-lhes o seu modo de entender o ambiente construído. Defendia a existência de uma unidade fundamental entre as diversas escalas do projeto – do território à cidade, da arquitetura ao objeto de uso –, fazendo a apologia de um património que lhes é comum: a "cultura do desenho", a racionalidade e o método. Entendia que todos os objetos participam na construção do ambiente humano e que estes apenas podem ganhar sentido no seu contexto, tanto nas suas dimensões físicas (o contexto construído) como nas suas dimensões culturais (o contexto socio-económico, o contexto histórico...). [2] Desenvolveu atividade pedagógica na área do Design desde 1954 em diversos níveis de ensino oficial e privado. Colaborou com a Metalúrgica da Longra (a partir de 1962) e em 1974 fundou a empresa Risco, orientada para o desenvolvimento de projetos de Design Industrial, Design de Exposições e Design Gráfico.[3]
Em 1977 começou a exercer como professor convidado do Departamento de Arquitectura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, hoje Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, tendo sido nomeado professor catedrático do Departamento de Arte e Design da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, em 1992. Em 2002 foi coordenador científico do primeiro Curso de Mestrado em Design da Faculdade de Arquitetura.
Obra
[editar | editar código-fonte]São exemplares do seu talento e coerência os projetos de interiores e mobiliário para edifícios como a Reitoria e Aula Magna da Universidade de Lisboa, Biblioteca Nacional de Lisboa (1965-1969), o Casino do Estoril (1966), o Teatro Villaret (1964-1965), o edifício-sede e museu da Fundação Calouste Gulbenkian (1966-1969), o centro de documentação do LNEC (1971), os hotéis Madeira Hilton (1970-1971), Altis e Penta (1971-1975), o Casino Park Hotel, no Funchal (1972-1984), as lojas da TAP, no país e no estrangeiro (1972-1976), a Aerogare 2 do Aeroporto de Lisboa (1980), o Centro Cultural de Belém (1990-1992), Paços do Concelho de Lisboa (1997-1998), entre muitos outros.
A partir de 1962 colaborou com a Metalúrgica da Longra, onde fez design de mobiliário para escritórios e foi um dos principais responsáveis pela política de inovação da empresa.
A sua carreira estendeu-se ainda ao Design Gráfico, ao Design Urbano, e ao Design de Exposições (representação de Portugal na Hemisfair 68 /Texas World Fair; Pavilhão de Portugal na Expo 70, em Osaka; XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, em 1982; Porta do Sol, na Expo '98), [4]
Daciano da Costa criou interiores para o Coliseu dos Recreios, Centro Cultural de Belém, Paços do Concelho de Lisboa, Biblioteca Nacional e Casa da Música.[5]
De 7 de outubro a 13 de novembro de 2004 esteve aberta ao público, na Biblioteca Nacional, uma exposição sobre a obra de Daciano da Costa, considerado nesse evento, como um dos "grandes vultos da arquitectura portuguesa do século XX", juntamente com Porfírio Pardal Monteiro.[6]
Em 16 de junho de 2010 a família de Daciano da Costa e a Câmara municipal de Lisboa assinaram um protocolo para cedência, em depósito, da obra do mestre ao MUDE - Museu do Design e da Moda.[5]
Em 1992, escreveu:[7]
No circo desta sociedade sem rosto, concorrencial e precipitado, haverá um lugar para o Palhaço Rico e outro para o Palhaço Pobre.
E não consta que o “cachet seja diferente
Obra publicada
[editar | editar código-fonte]- Croquis de Viagem, 1994
- Design e Mal-Estar, Centro Português de Design, 1998
Em 2003, a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais integrou uma parte substancial do arquivo de Daciano da Costa, constituído por esboços, desenhos técnicos, maquetas, apontamentos e notas resultantes da sua actividade até 1994. Este espólio, guardado no Forte de Sacavém, está a ser tratado, estudado e digitalizado para futura divulgação pelo SIPA - Sistema de Informação do Património Arquitectónico (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana IHRU).
Prémios e distinções
[editar | editar código-fonte]- Prémio Constantino Fernandes (Academia Nacional de Belas Artes).
- 1962 recebeu o Prémio Ferreira Chaves (ESBAL), destinado aos alunos com máxima classificação do curso de Pintura.
- A 9 de Junho de 1995 foi agraciado pelo Presidente da República com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito e a 10 de Maio de 2001 recebeu o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.[8]
- Em 2001 recebeu o prémio anual de Arquitectura da Secção Portuguesa da Associação Internacional dos Críticos de Arte e a medalha da Sociedade Nacional de Belas-Artes. No ano seguinte foi nomeado Sócio Honorário da Ordem dos Arquitectos.[9]
- Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro (2003)[10] e pela Universidade Técnica de Lisboa (2004).[11]
Notas
- ↑ Portal do Design (Centro Português de Design). «Memória do design em Portugal. Daciano da Costa [1930-2005]». Consultado em 17 de março de 2011
- ↑ Daciano da Costa, Atelier. «Biografia»
- ↑ «Daciano Costa». Atelier Daciano da Costa. Consultado em 9 de fevereiro de 2018
- ↑ Daciano da Costa, Atelier. «obra»
- ↑ a b Câmara Municipal de Estremoz. Página oficial (16 de Junho de 2010). «Museu do Design e da Moda (MUDE) recebe espólio de Daciano da Costa». Consultado em 17 de Março de 2011
- ↑ Biblioteca Nacional de Portugal. «Agenda 2004. Anúncio de exposição temporal». Consultado em 17 de Março de 2011
- ↑ COSTA, Daciano H. Monteiro da (Set de 1992). Design e Mal-Estar. in Cadernos de Design. Ano Um, Número Três. [S.l.: s.n.]
- ↑ Diário de Notícias (online) (19 de Outubro de 2005). «Um mestre que fez o que ensinou». Consultado em 17 de Março de 2011[ligação inativa]
- ↑ Ordem dos Arquitectos. Site oficial. «Daciano da Costa (1930-2005)». Consultado em 17 de Março de 2011. Arquivado do original em 20 de novembro de 2008
- ↑ Universidade de Aveiro. «Lista de doutores honoris causa pela Univ. de Aveiro». Consultado em 17 de Março de 2011
- ↑ Universidade Técnica de Lisboa. «Honoris Causa (2004-2005)». Consultado em 17 de Março de 2011. Arquivado do original em 22 de junho de 2011
Referências
[editar | editar código-fonte]- RATO, Ana Glória B. S. Neves (2002). Daciano da Costa e a Teoria do Design Português (1959-1974) (PDF). Tese de Mestrado em Teorias da Arte. Lisboa: Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa
- Jornal "O Diário". «Constituição da "Associação Portuguesa de Designers"» (PDF). Consultado em 17 de Março de 2011