Dimetil mercúrio – Wikipédia, a enciclopédia livre
Dimetil mercúrio (também citado como dimetilmercúrio) é um composto químico organometálico de fórmula ((CH3)2Hg). É um líquido incolor, inflamável, e uma das mais potentes neurotoxinas conhecidas. É descrito como tendo um sabor levemente doce, embora inalação de vapor suficiente para perceber isso implicaria significativa exposição ao produto químico, o que pode ser perigoso. É extremamente perigoso, com absorção de doses tão pequenas como 0,001 mL sendo fatais. A alta pressão de vapor do líquido significa que qualquer derrame resultará em níveis perigosos de exposição aos vapores para as pessoas próximas. Sua molécula possui uma estrutura linear.
Síntese, estrutura, reações
[editar | editar código-fonte]O composto foi um dos primeiros complexos organometálicos descritos, refletindo sua considerável estabilidade. É formado por tratar amálgama de sódio com haletos de metila:
Pode também ser obtido por alquilação de cloreto mercúrico com metil-lítio.
Estrutura
[editar | editar código-fonte]A molécula adota uma estrutura linear com ligações Hg-C de comprimento de 2,083 Å.[2]
Reações
[editar | editar código-fonte]A característica mais marcante do composto é a sua não reatividade em relação à água. O correspondentes compostos organocádmio e organozinco hidrolisam-se rapidamente. A diferença reflete a baixa afinidade do Hg (II) para ligantes do oxigênio. O composto reage com cloreto de mercúrio para dar o composto cloro-metil misto:
- (CH3)2Hg + HgCl2 → 2 CH3HgCl
Enquanto dimetilmercúrio é um líquido volátil, CH3HgCl é um sólido cristalino.
Uso
[editar | editar código-fonte]Dimetil mercúrio quase não tem aplicações por causa dos riscos envolvidos. Em toxicologia, ele é usado como uma toxina de referência. Também tem sido utilizado para calibrar instrumentos RMN para detecção de mercúrio, apesar de sais de mercúrio menos tóxicos serem preferidos.[3][4]
Segurança
[editar | editar código-fonte]Dimetil mercúrio é extremamente perigoso. Absorção de doses tão baixas como 0,1 mL provaram-se fatais.[5] Os riscos são agravados por causa da alta pressão de vapor do líquido.
Dimetil mercúrio atravessa látex, PVC, butyl, e neoprene rapidamente (em segundos) e é absorvido através da pele. Portanto, a maioria da luvas usadas em laboratório não fornece proteção adequada para ele, e a única precaução segura para lidar com dimetil mercúrio é quando se usa luvas laminadas de alta resistência debaixo de luvas pesadas revestidas de neoprene. Um escudo de rosto longo e trabalhar sob uma coifa (capela laboratorial) também são indicadas.[5][6]
Dimetil mercúrio atravessa a barreira hemato-encefálica com facilidade, provavelmente devido à formação de um complexo com a cisteína. É eliminado do organismo lentamente, e, portanto, tem uma tendência a bioacumulação. Os sintomas do envenenamento podem ser retardados por meses, possivelmente tarde demais para um tratamento eficaz.
A toxicidade do dimetil mercúrio foi destaque com a morte da química inorgânica Karen Wetterhahn, do Dartmouth College em 1997, meses após o derramamento de não mais do que algumas gotas do composto em sua mão, mesmo protegida com luvas de látex.[5]
MEDIDAS DE PRIMEIROS-SOCORROS.[1]
Inalação: Remover a vitima para local com boa ventilação, no caso de incêndio. Se necessário aplicar respiração artificial. Solicitar assistência médica.
Contato com a pele: Lavar a pele em água corrente por 20 minutos, caso a irritação não ceda solicitar assistência médica.
Contato com os olhos: Lavar os olhos em água corrente por 20 minutos, caso a irritação não ceda solicitar assistência médica de um especialista.
Ingestão: Não provocar vômito. Solicitar assistência médica.
Sintomas e efeitos mais importantes, agudos ou tardios: O produto é irritante. Se ingerido pode causar irritação, asfixia e intoxicação.
Proteção para os prestadores de primeiros socorros: Usar EPI´s e desligar fontes de ignição.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e Registo de CAS RN 593-74-8 na Base de Dados de Substâncias GESTIS do IFA, accessado em 30 de Março de 2008
- ↑ Holleman, A. F.; Wiberg, E. "Inorganic Chemistry" Academic Press: San Diego, 2001. ISBN 0-12-352651-5.
- ↑ Chris Singer (10 de março de 1998). «199Hg Standards». Consultado em 3 de maio de 2009
- ↑ Roy Hoffman (21 de fevereiro de 2007). «Mercury NMR». Consultado em 3 de maio de 2009
- ↑ a b c Hazard Information Bulletin - Dimethylmercury. OSHA Safety and Health Information Bulletins, SHIBs (Boletins de Informação em Saúde e Segurança OSHA), 1997-1998 (em inglês)
- ↑ Simon Cotton, Dimethylmercury and mercury poisoning. The Karen Wetterhahn story. Molecule of the Month.