Dois (álbum) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Dois
Dois (álbum)
Álbum de estúdio de Legião Urbana
Lançamento 20 de julho de 1986 (1986-07-20)
Gravação fevereiro—abril de 1986
Estúdio(s) EMI-Odeon
(Rio de Janeiro, Brasil)
Gênero(s)
Duração 47:14 (edição padrão)
49:36 (K7)
Idioma(s) português
Formato(s)
Gravadora(s) EMI
Produção
Cronologia de Legião Urbana
Legião Urbana
(1985)
Que País É Este 1978/1987
(1987)
Singles de Dois
  1. "Tempo Perdido"
    Lançamento: 1986
  2. "Eduardo e Mônica"
    Lançamento: 1986
  3. ""Índios""
    Lançamento: 1987
  4. "Quase sem Querer"
    Lançamento: 1987
  5. "Acrilic on Canvas"
    Lançamento: 1987

Dois é o segundo álbum de estúdio da banda brasileira de rock Legião Urbana, lançado em 20 de julho de 1986 pela EMI.[3][4] Ocupa a 21ª posição da lista dos 100 maiores discos da música brasileira pela Rolling Stone Brasil.[5] Em setembro de 2012, foi eleito pelo público da rádio Eldorado FM, do portal Estadao.com e do Caderno C2+Música (estes dois últimos pertencentes ao jornal O Estado de S. Paulo) como o terceiro melhor disco brasileiro da história.[6] O álbum vendeu mais de 900 mil cópias no Brasil. "Tempo Perdido" fez um grande sucesso e se tornou num dos clássicos da Legião. "Eduardo e Mônica", ""Índios"" e "Quase sem Querer" também fizeram sucesso.[7][8]

Na época do lançamento, a crítica d'O Estado de S. Paulo elogiou o disco, afirmando: "Você morde e vê que ali tem carne. Sangrando. O gostinho de Smiths no lado A, com o letrista e vocalista Renato Russo enchendo a boca em Daniel na Cova dos Leões ou Tempo Perdido, na verdade apenas prepara o terreno para a paulada do lado B, como em Metrópole e Fábrica."[9]

Em seu encarte, trazia uma foto de um casal abraçado de costas para a câmera e de frente para o mar. A imagem foi obtida por Ico Ouro Preto, ex-guitarrista da banda que virou fotógrafo.[3]

Dois foi realmente um desafio, pois tivemos prazo para criar e havia muita expectativa, tanto da gravadora quanto da própria banda.
— Marcelo Bonfá[1]

O sucesso do álbum anterior (que àquela altura já havia vendido 100 mil cópias)[10] fez com que Renato Russo cogitasse fazer o segundo álbum como duplo, intitulado Mitologia e Intuição. A gravadora, porém, não se entusiasmou com a ideia, e o álbum acabou sendo simples.[11] Renato estava sofrendo a chamada "síndrome do segundo disco", como disse o guitarrista Dado Villa-Lobos. O sucesso de vendas e de crítica do Legião Urbana fez com que ele quisesse superar a marca no segundo lançamento.[10] A produção de Dois ficou a cabo de Mayrton Bahia, que na época era delegado pela EMI-Odeon para produzir os artistas novos que chegavam à empresa.[10]

O disco acabou responsável pela maior quantidade de vendas da história da Legião Urbana, alavancado pelo sucesso de "Eduardo e Mônica", uma faixa que era considerada difícil,[12] por não ter um refrão. O álbum vendeu mais de 1,2 milhão de cópias.[7][8]

Composição e escrita

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Sobre a temática das letras do disco, Renato Russo delarou, após seu lançamento:[13]

A banda compunha de uma forma considerada "inusitada". Às vezes apresentavam uma base desprovida de melodia, ou então chegavam com fragmentos de canções sem nem saber em qual parte delas eles seriam usados.[14] Além disso, eles queriam começar a trabalhar mais com violões. "Andrea Doria" foi uma das peças que ganhou passagens no instrumento para agradar aos membros.[15]

A mixagem do disco também foi trabalhosa. O álbum foi gravado em 16 canais e muitas vezes instrumentos acabavam misturados e tinham de ser separados artesanalmente. As faixas eram constantemente editadas, muitas vezes pelas mãos de três pessoas ao mesmo tempo.[16] Foi gravando este disco que a banda passou a aceitar mais a utilização de efeitos em sua música.[17]

Informação das faixas

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A canção "Tempo Perdido" inspirou o título do filme Somos Tão Jovens.[18] Ela já fazia parte do repertório de apresentações ao vivo da banda antes de ser gravada.[14]

A faixa "Fábrica", assim como "Perfeição", do disco O Descobrimento do Brasil, foi gravada, anos mais tarde, em uma versão em espanhol, pela banda argentina Attaque 77.[1]

"Daniel na Cova dos Leões" abre o disco e no início da gravação, ouve-se algo parecido com um rádio mal-sintonizado tocando um trecho de "Será" e alguns trechos do hino da Internacional Socialista. "Plantas Embaixo do Aquário" faz menções à Guerra Fria.[1] Para acrescentá-la ao repertório final do álbum Renato Russo se inspirou numa carta que Mayrton lhe escrevera ao ver o quanto o músico se sentia pressionado.[19]

A música "Química", que estaria no próximo trabalho do grupo, apareceu no disco Dois como faixa bônus, mas somente no K7. A versão dessa música é diferente da gravada no álbum Que País É Este 1978/1987.

O nome de uma das faixas, "Andrea Doria", faz referência a um navio italiano, o SS Andrea Doria, que seguia para Nova York quando naufragou em 25 de julho de 1956, após se chocar com uma outra embarcação de bandeira sueco-americana chamada Stockholm. Ao contrário do ocorrido na tragédia do RMS Titanic, a maioria dos passageiros foi resgatada com vida, restando um saldo de 51 mortos e o desaparecimento de algumas obras de arte italianas.[20]

Lista de faixas

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Todas as canções produzidas por Mayrton Bahia; exceto "Eduardo e Mônica", produzida por Renato Russo.

Lado 1
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Daniel na Cova dos Leões"   4:00
2. "Quase Sem Querer"   4:42
3. "Acrilic on Canvas"  
4:40
4. "Eduardo e Mônica"  Russo 4:32
5. "Central do Brasil" (instrumental)Russo 1:34
6. "Tempo Perdido"  Russo 5:02
Lado 2
N.º Título Duração
7. "Metrópole"   2:50
8. "Plantas Embaixo do Aquário"   2:55
9. "Música Urbana 2"   2:42
10. "Andrea Doria"   4:58
11. "Fábrica"   4:56
12. ""Índios""   4:23
Duração total:
47:14
Dois Faixa escondida da versão em K7
N.º TítuloCompositor(es) Duração
13. "Química"  Russo 2:22
Duração total:
49:36

Recepção critica

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Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
allmusic 4 de 5 estrelas.[21]

Desempenho comercial

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Vendas e certificações

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País Certificação Vendas
 Brasil (Pro-Música Brasil)

Diamante

900.000+[22]

Referências

  1. a b c d Mariana Peixoto (1 de agosto de 2018). «Remanescentes da Legião Urbana anunciam turnê; ingressos já estão à venda». Uai. Consultado em 15 de novembro de 2018 
  2. http://screamyell.com.br/site/2011/08/24/o-segundo-disco-da-legiao-urbana/
  3. a b Fuscaldo 2016, p. 30.
  4. Flores, Rafael (21 de julho de 2016). «30 anos depois, Legião produz novas memórias». Revista Gambiarra. Consultado em 17 de junho de 2021 
  5. Rolling Stones Brasil (13 de outubro de 2007). «Os 100 maiores discos da música brasileira». Arquivado do original em 8 de fevereiro de 2008 
  6. Bomfim, Emanuel (7 de setembro de 2012). «'Ventura' é eleito o melhor disco brasileiro de todos os tempos». Combate Rock. Grupo Estado. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  7. a b «DISCOGRAFIA – EDIÇÃO 038 – LEGIÃO URBANA». RadioInterativa. Consultado em 29 de dezembro de 2016 
  8. a b «Discos para história: Dois, da Legião Urbana (1986)». Musicontherun. Consultado em 7 de outubro de 2016 
  9. Leite, Edmundo (31 de agosto de 2012). «Alguns discos clássicos já nascem grandes». Acervo Estadão. Grupo Estado. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  10. a b c Fuscaldo 2016, p. 35.
  11. Fortune. «Legião Urbana». Consultado em 3 de agosto de 2008 
  12. Fonte: Álbum Como É que Se Diz Eu Te Amo
  13. Fuscaldo 2016, pp. 34-35.
  14. a b Fuscaldo 2016, p. 37.
  15. Fuscaldo 2016, p. 36.
  16. Fuscaldo 2016, pp. 39-40.
  17. Fuscaldo 2016, p. 40.
  18. «Curiosidades, bastidores, novidades, e até segredos escondidos de "Somos Tão Jovens" e das filmagens!». AdoroCinema. Consultado em 6 de maio de 2013 
  19. Fuscaldo 2016, p. 38.
  20. Marcello De Ferrari. «O Naufrágio do ANDREA DORIA». Consultado em 3 de agosto de 2008 
  21. Eduardo Rivadavia. «Crítica do site Allmusic». Consultado em 16 de Agosto de 2013 
  22. Ricardo Alexandre (26 de junho de 2017). Dias de Luta: O rock e o Brasil dos anos 80. [S.l.]: Arquipélago Editorial. pp. 295–. ISBN 978-85-60171-41-5 

Ligações externas

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