Economia de Brasília – Wikipédia, a enciclopédia livre
A economia de Brasília forma o terceiro maior Produto Interno Bruto municipal do Brasil. Em 2017, este montante foi calculado em R$ 244,6 bilhões, sendo superado apenas pelo de São Paulo e do Rio de Janeiro.[1] Como a capital federal, Brasília é o centro político brasileiro, reunindo uma grande quantidade de repartições e de servidores públicos.[2] O setor terciário era responsável pela criação de 94,3% de suas riquezas, superando largamente o secundário e o primário.[3] Com uma força de trabalho de 1,3 milhão de pessoas em 2018,[4] possuía o maior PIB per capita do país em 2017.[5]
Histórico
[editar | editar código-fonte]Brasília passou a desenvolver sua economia local durante o processo de construção.[6] Inaugurada em abril de 1960,[7] naquele ano já havia dois mil estabelecimentos comerciais na cidade. Na mesma década, as regiões administrativas do Distrito Federal iniciaram o cultivo de pequena quantidade de frutas, incluindo abacaxi, banana e laranja.[6] Nos anos seguintes, Brasília desenvolveu-se rapidamente, atraindo uma grande quantidade de novos moradores e estimulando a ocupação do Centro-Oeste brasileiro.[6] No censo de 1980, a cidade chegou a 1,1 milhão de habitantes, número que mais que se duplicou na estimativa populacional de 2009.[8]
Na década de 1990, o setor da construção civil perdeu força e deixou de ser o principal impulsor da economia local. Ao mesmo tempo, este foi substituído pelo de serviços, que em meados da década era responsável por empregar 75% da população economicamente ativa.[8] O setor de turismo, por sua vez, expandiu-se desde os anos 1980[6] e no século XXI a cidade se converteu em um dos principais destinos de turistas nacionais[9] e internacionais.[10]
Brasília foi tombada como um Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1987.[11] Consequentemente, o governo local optou por incentivar o desenvolvimento de indústrias não poluentes, como a de software, cinema, vídeo, gemologia, entre outras, com ênfase na preservação ambiental e na manutenção do equilíbrio ecológico, preservando o patrimônio da cidade.[12][6]
Desde sua origem, Brasília apresenta uma segregação socioespacial em relação às demais localidades do Distrito Federal.[13] As denominadas "cidades satélites" receberam as pessoas que não se enquadravam no Plano Piloto,[14] a região mais rica da cidade que, juntamente com o Lago Sul e o Lago Norte, constitui uma "ilha da fantasia."[15] Uma parcela significativa dos trabalhadores de Brasília se deslocam de tais regiões.[14] Em 2019, enquanto o salário médio dos moradores do Plano Piloto era de R$ 20 mil, o dos da Cidade Estrutural era de apenas um salário mínimo, ou R$ 998,00.[16][17] Como resultado, Brasília registra uma desigualdade social maior que a do resto do país.[15][nota 1]
Estatísticas
[editar | editar código-fonte]Em 2017, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reportou que o Produto Interno Bruto (PIB) de Brasília era de R$ 244,682 bilhões, atrás apenas da cidade de São Paulo, com R$ 699,2 bilhões, e da cidade do Rio de Janeiro, com R$ 337,5 bilhões. O PIB brasiliense representou 3,72% do total de riquezas produzidas pelo Brasil. Após Brasília, figurou-se Belo Horizonte (R$ 88,9 bilhões), Curitiba (R$ 84,7 bilhões), Osasco (R$ 77,9 bilhões), Porto Alegre (R$ 73,8 bilhões) e Manaus (R$ 73,2 bilhões).[18]
Em 2018, o salário médio mensal em Brasília era de 5,5 salários mínimos, o mais alto do país. No mesmo ano, 1.352.143 pessoas, ou 45,5% da população total, eram consideradas "ocupadas".[4] Em 2016, registrou-se que Brasília contava com 1.025.829 vínculos trabalhistas, sendo que 91,25% estavam ligados ao setor de serviços, 8,14% à indústria e 0,61% à agricultura.[3] No setor de serviços, a administração pública, a defesa e a seguridade social empregavam 26,04% dos trabalhadores e eram a fonte de 53,04% da massa salarial,[3] um reflexo dos altos salários pagos no serviço público.[19] A quantidade de trabalhadores no setor de serviços mais que dobrou de 1991 a 2011, de 331 mil para 703 mil.[20]
Em 2020, o orçamento do Governo do Distrito Federal (GDF) era de 27,359 bilhões. Os maiores gastos públicos estavam concentrados no pagamento de salários e encargos sociais (R$ 14,7 bilhões), despesas correntes (R$ 7,9 bilhões), investimentos (R$ 1,4 bilhão) e juros, encargos e amortização da dívida (R$ 650,8 milhões).[21] O GDF mantinha vínculo empregatício com 125,6 mil pessoas em 2018.[22] Em 2019, as receitas do governo distrital superaram as despesas em R$ 174,9 milhões.[23] Ainda assim, mantinha uma dívida pública consolidada de R$ 8,6 bilhões em 2018.[24]
Setores
[editar | editar código-fonte]Considerando-se a hipótese dos três setores da economia, a economia de Brasília é dividida em:
- Comunicações: na cidade se encontra o quartel geral da companhia Brasil Telecom,[25] estações públicas e privadas de televisão, incluindo-se oficinas regionais, como as da Rede Globo, SBT, Rede Bandeirantes, Rede Record, Rede TV! e as principais oficinas da TV Câmara, TV Senado e Justiça;[26]
- Finanças: Brasília é a sede do Banco Central do Brasil, Banco do Brasil, Banco de Brasília, Caixa Econômica Federal, entre outros;[27]
- Entretenimento;[28]
- Tecnologia de informática: com companhias como Politec, Poliedro, CTIS, entre outras;[29]
- Serviços legais.
- Secundário (5,4%), que compreende as indústrias, entre as quais se destacam:[3]
- Construção: Paulo Octavio, Via Construções e Irmãos Gravia, entre outras;
- Processamento de alimentos: Perdigão, Sadia.
Notas
- ↑ Em 2003, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística reportou que o índice de pobreza e desigualdade social na capital era de 37,71%, superior ao de São Paulo (28,09%) e Rio de Janeiro (23,85%).[8]
Referências
- ↑ Marcelo Roubicek (1 de janeiro de 2020). «O PIB dos municípios brasileiros. E as discrepâncias regionais». Nexo. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «Indústrias em Brasília (2017)». Data Viva. 2017. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ a b c d e f Bruno de Oliveira Cruz, Clarissa Jahns Schlabitz e Iuri Vladimir Queiroz (Abril de 2018). «Aspectos Econômicos do Distrito Federal» (PDF). Companhia de Planejamento do Distrito Federal. ISSN 2446-7502. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ a b «Brasil Distrito Federal Brasília». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2020. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «Sistema de Contas Regionais: Brasil 2017» (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2019. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ a b c d e «ECONOMIA». Governo do Distrito Federal. 2020. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Adriano Curado (21 de janeiro de 2019). «Conheça a história da construção de Brasília, durante o governo de JK». R7. Conhecimento Científico. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ a b c Helena Daltro Pontual (2009). «Brasília tem 2,6 milhões de habitantes e a maior renda 'per capita' do país». Senado Federal. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Aline Rocha (31 de maio de 2019). «Turismo: procura por Brasília aumenta em mais de 100%». R7. Jornal de Brasília. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «DEMANDA TURÍSTICA > INTERNACIONAL: Estudo da Demanda Turística Internacional 2018». Ministério do Turismo do Brasil. Dados e Fatos. 2018. Consultado em 28 de julho de 2020
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- ↑ «INFORMAÇÕES SOBRE BRASÍLIA» (PDF). Ministério Público Federal. 2011. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Sérgio Ulisses Jatobá (6 de abril de 2009). «Brasília e sua crescente influência». Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ a b Luana Polon (4 de fevereiro de 2013). «Brasília: História, economia e turismo». Terra. Estudo Prático. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ a b Gilberto Costa (16 de novembro de 2018). «Distrito Federal registra desigualdade maior que restante do país». Agência Brasil. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «Mapa das Desigualdades revela o abismo social entre regiões de Brasília». Oxfam Brasil. 25 de novembro de 2019. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Emilly Behnke (22 de novembro de 2019). «Desigualdade: 55% da população do DF é de média e baixa renda». Correio Braziliense. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Tácio Lorran (13 de dezembro de 2019). «IBGE: 25% do PIB do país são de 7 cidades; entre elas, Brasília». Metrópoles. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Flávia Pierry (29 de dezembro de 2012). «Altos salários dos servidores impedem queda maior da desigualdade no país». Gazeta do Povo. Consultado em 28 de julho de 2020
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- ↑ «A situação fiscal dos Estados». Poder 360. 18 de fevereiro de 2019. Consultado em 28 de julho de 2020
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- ↑ Larissa Guimarães (20 de março de 2009). «Empresas que prestam serviço ao governo são suspeitas de fraude». Folha de S. Paulo. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ Jade Abreu (5 de janeiro de 2016). «O lado agrícola da capital». Governo do Distrito Federal. Agência Brasília. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «Começa vacinação contra aftosa no DF; meta é atingir 100 mil animais». G1. 1 de maio de 2013. Consultado em 28 de julho de 2020