Empresa familiar – Wikipédia, a enciclopédia livre
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As empresas familiares são a forma predominante de empresa em todo o mundo. Elas ocupam uma parte tão grande da nossa paisagem econômica e social que nem sequer nos damos conta. Nas economias capitalistas, a maioria das empresas se inicia com as ideias, o empenho e o investimento de indivíduos empreendedores e seus parentes. Casais juntam suas economias e dirigem lojas em conjunto. Irmãos e irmãs aprendem o negócio dos pais desde crianças, ficando atrás dos balcões ou na plataforma de carga depois da escola.
Visão geral
[editar | editar código-fonte]Artigos sobre empresas familiares fazem várias suposições a respeito do número de empresas controladas por famílias, mas mesmo as estimativas mais conservadoras colocam a proporção dessas empresas entre 65 e 80% do total. É verdade que muitas delas são pequenas propriedades que nunca irão crescer ou ser passadas de uma geração para outra. Mas também é verdade que muitas dessas empresas estão entre as maiores e mais bem-sucedidas do mundo. Estima-se que 40% das empresas listadas pela revista Fortune 500 sejam de propriedade de famílias ou por elas controladas. As empresas familiares geram metade do Produto Nacional Bruto (PNB) dos Estados Unidos e empregam metade da força de trabalho. Na Europa, elas dominam o segmento das pequenas e médias, e em alguns países chegam a compor a maioria das grandes empresas. Na Ásia, a forma de controle familiar varia de acordo com as nações e culturas, mas as empresas familiares ocupam posições dominantes em todas as economias mais desenvolvidas, com exceção da China. Na América Latina, grupos construídos e controlados por famílias constituem a principal forma de propriedade privada na maioria dos setores industriais.
Para a maioria das pessoas, as duas coisas mais importantes de suas vidas são a família e o trabalho. É fácil entender o poder das organizações que combinam as duas coisas. Estar em uma empresa familiar é algo que afeta todos os participantes. O papel do Presidente do Conselho é diferente quando a empresa foi fundada pelo seu pai, e sua mãe e seus irmãos participam das reuniões, assim como se sentam em torno da mesa de jantar. O trabalho de um CEO é diferente quando o vice-presidente, na porta ao lado, é também uma irmã mais nova. O papel do sócio é diferente quando o outro sócio é um cônjuge ou um filho. Até mesmo passar pela porta da empresa em seu primeiro dia de trabalho, seja numa linha de montagem, ou no setor de faturamento é diferente se o nome acima da porta é o seu.
Esta diferença não é apenas um sentimento. Ela está enraizada na realidade da empresa. As empresas possuídas e administradas por famílias constituem uma forma organizacional peculiar, cujo "caráter especial" tem consequências positivas e negativas. Elas extraem uma força especial da história, da identidade e da linguagem comuns às famílias. Quando dirigentes-chave são parentes, suas tradições, seus valores e suas prioridades brotam de uma fonte comum. As comunicações, vernais ou não, podem ser grandemente aceleradas nas famílias. Os proprietários-gerentes podem decidir resolver um problema "como fizemos com o tio Harry". Mais importante, o empenho, até mesmo ao ponto do auto-sacrifício, pode ser solicitado em nome do bem-estar geral da família.
Entretanto, esta mesma intimidade também pode trabalhar contra o profissionalismo do comportamento empresarial. Antigas histórias e dinâmicas familiares podem se intrometer nos relacionamentos de negócios. Pode ser mais difícil exercer autoridade entre os parentes. Os papéis na família e na empresa podem tornar-se confusos. As pressões da empresa podem sobrecarregar e destruir relacionamentos familiares. Quando trabalhando mal, é possível criarem-se níveis de tensão, raiva, confusão e desespero que podem destruir, de forma surpreendentemente rápida, boas empresas e famílias sadias.
As empresas familiares são a forma predominante de empresa em todo o mundo. Elas ocupam uma parte grande da nossa paisagem econômica e social.
A empresa familiar, como toda e qualquer empresa, é uma criação humana que tem por finalidade a atuação econômica por meio de organização de iniciativas, de procedimentos e de fórmulas que visam empreender uma atividade com sucesso. No entanto, existe alguns pontos primordiais que as distinguem, elas devem estar ligada a uma família durante pelo menos duas gerações. Isto, se essa ligação resulta em uma influência recíproca, tanto na política geral do empreendimento, como nos interesses e objetivos da família.[1]
A partir de um sonho, de um ideal ou da necessidade de sobrevivência, o empreendedor torna-se a pessoa que gera, acumula ou distribui riqueza.
Ele divide, inicialmente as tarefas com o seu cônjuge, posteriormente, envolve os filhos nas atividades e operações da firma, muitas vezes de forma precoce, visando melhorar a situação e a condição social de sua família. Cria-se, desta forma, uma sociedade familiar que dera, ao longo dos anos, uma série de questões mais complexas que a simples administração da atividade comercial ou industrial.
Tem como característica básica a sucessão do poder decisório de maneira hereditária a partir de uma ou mais famílias. A estrutura familiar quando alocada a uma empresa, leva uma série de interações específicas da família, provocando particularidades na atuação na empresa, tornando-a diferente das demais empresas. Assim, na empresa familiar, da qual se evolui a família empresária, se inter-relacionam tanto normas jurídicas, planos de negócios, relações trabalhistas, como também sentimentos entre os membros da família. A primeira forma de produção familiar se deu no setor da agroindústria, abrangendo-se ao longo dos anos para as áreas do comércio e da prestação de serviços.
Características
[editar | editar código-fonte]As principais características de uma empresa familiar são:
- Dificuldades na separação entre o que é intuitivo/emocional e racional, tendendo mais para o primeiro;
- Comando único e centralizado, permitindo reações rápidas em situações de emergência;
- A postura de autoritarismo e austeridade do fundador, seja na forma de investir, seja na administração dos gastos, se alterna com atitudes de paternalismo;
- Estrutura administrativa e operacional "enxuta";
- Exigência de dedicação exclusiva dos familiares, priorizando os interesses da empresa;
- Forte valorização da confiança mútua, independentemente de vínculos familiares, isto é, a formação de laços entre empregados antigos e os proprietários exercem papel importante no desempenho da empresa;
- Laços afetivos extremamente fortes, influenciando os comportamentos, relacionamentos e decisões da empresa;
- Valorização da antiguidade como um atributo que supera a exigência de eficácia ou competência;
- Expectativa de alta fidelidade dos empregados, manifestada através de comportamentos, como não ter outras atividades profissionais que não estejam relacionadas com a vida da empresa, gerando muitas vezes um comportamento de submissão, sufocando a criatividade;
- Jogos de poder, nos quais, várias vezes, vale mais a habilidade política do que a característica administrativa.
Código de relacionamento
[editar | editar código-fonte]- Nenhum membro da família deve trabalhar na Empresa, a não ser que queira trabalhar junto.
- No caso de conflito o interesse da Empresa deverá vir sempre na frente.
- É mais fácil recusar emprego aos familiares como uma política sistemática e sabida de antemão do que demiti-los depois que entrarem na Empresa.
Problemas
[editar | editar código-fonte]Possíveis problemas da administração familiar
- A semente da destruição pode estar no próprio fundador;
- A família precisa entender que os parentes podem não ser os melhores sócios;
- A sucessão deve ser vista pelo ponto de vista do pai e o do sucessor;
- Precisa usar consultoria.
Papel na Economia
[editar | editar código-fonte]Brasil
[editar | editar código-fonte]Várias características de empresas familiares são benéficas, pois sustentam o tecido econômico do Brasil, nos quais elas são muito representativas. Estas também têm relevante papel na contribuição social e econômica em outras sociedades.
Estrutura
[editar | editar código-fonte]De grosso modo, segundo Lethbridge[2], existem três tipos de estruturas de empresas familiares:
- Tradicional: tem capital fechado, baixa transparência financeira e controle empresarial totalmente no dominado pela família.
- Hibrida: são as empresa familiares que já possuem capital aberto, todavia o controle familiar ainda é extremamente forte. O capital desta empresa é transparente e existe procedimentos administrativos não ligados a integrantes da família.
- Influencia familiar: Grande parte das deliberações de tomada de decisão é tomada pelo conselho de diretores, mas a família, mesmo não participando da diretoria, tem influencia estratégica nas tomadas de decisão, através de uma participação acionária significativa.
Deve existir um fundador seguido de herdeiros, a sucessão da diretoria deve estar ligada ao fator hereditário e os valores institucionais identificam-se com um sobrenome familiar ou com a figura de um fundador. A cultura da empresa deve ser fortemente influenciada pela cultura da família.
Para definir empresa familiar não é suficiente apenas a propriedade de uma empresa, mas é preciso que exista uma estrutura de gestão, em que os principais cargos são preenchidos por membros da família proprietária.
Existe a necessidade da família deter o poder sobre o negócio, ter um mínimo de propriedade do capital, e a garantia de direitos legais para interferir no controle administrativo. Quanto maior a concentração da propriedade do capital, tanto maior a autoridade para exercer o controle.
Motivações
[editar | editar código-fonte]O interesse ou motivação para se desenvolver um empreendimento familiar é conduzido por forças impulsionadoras, sejam por necessidades econômicas, o desafio da conquista, ou a insatisfação com o momento profissional.
- A primeira motivação dos empreendedores é o desejo de autogerenciar-se ao invés de sentir-se empregado, estando a independência pessoal e o controle sobre a própria vida, amplamente ligados ao desejo do empreendedor iniciar uma empresa.
- A segunda motivação é encontrar uma oportunidade de mercado. Os empreendedores inspiram-se nas realizações de outros fundadores e em suas empresas reflete-se o aproveitamento do oportunismo.
Vantagens e Desvantagens
[editar | editar código-fonte]Pontos Fracos da administração familiar
- Falta de comando central capaz de gerar uma reação rápida para enfrentar os desafios do mercado;
- Falta de planejamento para médio e longo prazos;
- Falta de preparação/formação profissional para os herdeiros;
- Conflitos que surgem entre os interesses da família e os da empresa como um todo;
- Falta de compromisso em todos os setores da empresa, sobretudo com respeito a lucros e desempenho;
- Descapitalização da empresa pelos herdeiros em desfrute próprio;
- Situações em que prevalece o emprego de parentes, sem ser este orientado ou acompanhado por critérios objetivos de avaliação do desempenho profissional;
- Falta de participação efetiva dos sócios que legalmente constituem a empresa nas suas atividades do dia-a-dia;
- Usualmente há uso de controles contábeis irreais - com o objetivo de burlar o fisco - o que impede o conhecimento da real situação da empresa e sua comparação com os indicadores de desempenho do mercado.
Pontos Fortes da administração familiar
- Disponibilidade de recursos financeiros e administrativos para auto-financiamento obtido de poupança compulsória feita pela família;
- Importantes relações comunitárias e comerciais decorrentes de um nome respeitado;
- Organização interna leal e dedicada;
- Grupo interessado e unido em torno do fundador;
- Sensibilidade em relação ao bem-estar dos empregados e da comunidade onde atua;
- Continuidade e integridade de diretrizes administrativas e de focos de atenção da empresa;
- Sistema de decisão mais rápido.
Sucessão
[editar | editar código-fonte]No processo de sucessão da empresa familiar deve-se considerar:
- É aconselhável que os filhos façam seu aprendizado em outras empresas, antes de se dedicar integralmente a sua Empresa;
- É importante começar por baixo;
- Os pais não devem forçar a entrada dos filhos no negócio;
- É prudente evitar coincidência entre crise da Empresa;
- Felling do "dono" pode direcionar quem o sucederá. Um ou mais filhos no comando;
- Uma nova geração deve crescer junto com o filho até que possa suceder o "pai".
Profissionalização
[editar | editar código-fonte]O processo de Profissionalização da empresa familiar
- É o processo pelo qual uma organização familiar assume práticas administrativas mais racionais, modernas e menos personificadas;
- É o processo de integração de gerentes contratados e assalariados no meio de administradores familiares;
- É a substituição de formas de contratação de trabalho arcaicas ou patriarcais por formas assalariadas.
Três pontos básicos da profissionalização
- O sucesso de integrar profissionais familiares na direção;
- O sucesso de adotar práticas mais racionais;
- O sucesso em recorrer a consultoria externa.
Alguns perigos da Profissionalização da empresa familiar
- Massificar e/ou apressar o processo (começar com poucos e bons).
- Dar efetivamente autonomia para o "gestor" – muitas vezes se dá responsabilidade sem dar autoridade.
Recomendações
[editar | editar código-fonte]Algumas recomendações
- Defina bem o objetivo ao contratar alguém;
- Tenha bem definido o que quer do cargo e da pessoa;
- Defina bem o apoio que será dado ao "gestor";
- Dê-lhe somente um superior imediato.
Referências
- ↑ Donnelley, R. G. (1976). A empresa familiar tem suas vantagens e desvantagens, o importante é identificá-las e compreendê-las. Boston: Biblioteca Harvard de Administração de empresas. Consultado em 21 de fevereiro de 2021
- ↑ Lethbridge, Eric (Junho de 1997). «Tendências da Empresa Familiar no Mundo» (PDF). Revista do Bndes. 4 (7). Consultado em 21 de fevereiro de 2021
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Abreu, Vitor (9 de dezembro de 2016). «Os desafios da empresa familiar: gestão e sucessão». SEBRAE. Consultado em 21 de fevereiro de 2021
- Gersick, Kelin E.; Davis, John A.; Hampton, Marion McCollom; Lansberg, Ivan (2017). De Geração Para Geração: Ciclos de Vida das Empresas Familiares 1.ª ed. [S.l.]: Editora Alta Books (publicado em 21 de março de 2017). 312 páginas. ISBN 978-8-55080-086-8
- Nascimento, Auster Moreira (Janeiro de 2009). «Um estudo sobre o modelo de gestão e o processo sucessório em empresas familiares». Revista Contabilidade & Finanças. 20 (49). ISSN 1808-057X. doi:10.1590/S1519-70772009000100008. Consultado em 21 de fevereiro de 2021
- Waller, Michael (2018). Empresa familiar: ame ou deixe 1.ª ed. [S.l.]: Reino. 143 páginas. ISBN 978-8-58764-696-5