Estrada de Ferro Goiás – Wikipédia, a enciclopédia livre
A Estrada de Ferro Goiás foi uma ferrovia do governo federal, mais tarde incorporada à RFFSA, com aproximadamente quatrocentos e oitenta quilômetros de extensão e trinta estações, que ligava a cidade de Araguari, no Estado de Minas Gerais, à cidade de Goiânia, no Estado de Goiás.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Em 1873, Antero Cícero de Assis, então presidente da província de Goiás, foi autorizado a construir uma ferrovia que ligasse a capital do império à margem do Rio Vermelho, partindo da Estrada de Ferro Mogiana, mas ele não obteve sucesso em seu intento[1].
Em 1886, houve uma nova tentativa de dotar a província de um sistema de transportes para escoamento da produção, através de uma concessão à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que poderia ampliar suas linhas do Rio Paranaíba ao Rio Araguaia. Dez anos depois, após a publicação do decreto 862, de 16 de outubro de 1890, o Triângulo Mineiro recebeu os trilhos da Mogiana[2].
Após algumas divergências políticas, ficou estabelecido através do decreto 5.394, de 18 de outubro de 1904, que o ponto inicial da estrada de ferro seria na cidade de Araguari, e o final, na cidade de Goiás[3].
A criação da estrada de ferro
[editar | editar código-fonte]A estrada de ferro surgiu em 3 de março de 1906, como uma solução para os produtores, comerciantes e políticos goianos, que precisavam atender às necessidades da economia da região.
Denominada inicialmente Estrada de Ferro Alto Tocantins, de capital privado, foi autorizada a explorar o trecho de Catalão a Palmas, com o objetivo de ligar a cidade de Goiás, então capital do Estado, a Cuiabá. Em 28 de março de 1906, através do decreto 5.949 do então presidente Rodrigues Alves, a ferrovia passou a chamar-se Estrada de Ferro Goiás[4].
Em 27 de maio de 1911, dois anos após o início dos trabalhos no marco zero da ferrovia, os trilhos começaram a ser instalados no Estado de Goiás.
Em janeiro de 1920, o governo federal assumiu a administração da Estrada de Ferro Goiás, que através do decreto nº 13.936, foi autorizada a explorar o transporte ferroviário na região do Triângulo Mineiro e em Goiás. A linha Araguari-Roncador, com 234 quilômetros de extensão, foi incorporada à nova Estrada de Ferro Goiás. Nos primeiros anos da década de cinquenta do século XX, a Estrada de Ferro Goiás já percorria todos os seus 480 quilômetros de extensão.
O desenvolvimento econômico da região
[editar | editar código-fonte]A chegada dos trilhos da ferrovia, em solo goiano, teve uma importância fundamental para o desenvolvimento da economia da região, dominada, até então, por comerciantes das cidades do Triângulo.
Desde a construção, em 1907, do ramal ferroviário que ligava a cidade mineira de Araguari à cidade goiana de Catalão, a cidade de Goiandira era o ponto de encontro das estradas, os comerciantes mineiros vinham sofrendo prejuízos em seus negócios. A partir de 1915, as cidades do sudeste de Goiás acabaram assumindo o controle do comércio regional, antes dominado pelas cidades do Triângulo Mineiro. A cidade mineira de Araguari, no entanto, continuou tendo significativa participação no comércio de Goiás, servindo de ponto de integração com as regiões sul e sudeste do País.
A incorporação pela RFFSA
[editar | editar código-fonte]A disputa entre mineiros e goianos na região servida pela Estrada de Ferro Goiás acabou comprometendo o futuro da Companhia. A empresa entrou em séria crise financeira e administrativa, o que dificultou e impediu a aplicação dos programas de reaparelhamento de suas linhas.
A construção da nova capital federal provocou a expansão das rodovias, e as ferrovias passaram a ter um papel de menor importância na época.
Em 16 de março de 1957, a Lei 3.115 criou a Rede Ferroviária Federal S/A e estabeleceu a transformação de todas as empresas ferroviárias federais em uma Sociedade por ações, tendo a Estrada de Ferro Goiás sido incorporada à nova empresa.
Frota
[editar | editar código-fonte]A lista abaixo apresenta a frota da Estrada de Ferro Goiás.[5]
Modelo | Fabricante | Série (Numeração) | Imagem | Notas |
---|---|---|---|---|
2-6-0 | Borsig | 1 | ||
4-6-0 | Baldwin | 108 | ||
2-6-6-2 | 401 | |||
ALCo | 406 | |||
2-8-8-4 | Henschel | 1304 | Ex-EFCB |
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Diversos autores (1954). I Centenário das Ferrovias Brasileiras. Rio de Janeiro: IBGE. 173 páginas
- ↑ Araújo, Délio Moreira de (1974). Mais planos que realizações - a estrada de ferro no Estado de Goiás. Goiânia: Oriente
- ↑ Gomide, Leila Regina Scalia (1986). O pesadelo de uma perda: a estrada de ferro Goiás em Araguari. São Paulo: USP
- ↑ Borges, Barsanufo Gomides (1990). O despertar dos dormentes. Goiânia: Cegraf
- ↑ «EF Goias steam locomotives». jdhsmith.math.iastate.edu. Consultado em 31 de outubro de 2020