Eunice Katunda – Wikipédia, a enciclopédia livre

Eunice Katunda
Nascimento 14 de março de 1915
Rio de Janeiro
Morte 3 de agosto de 1990 (75 anos)
São José dos Campos
Cidadania Brasil
Cônjuge Omar Catunda
Ocupação compositora, professor de música, pianista

Eunice do Monte Lima Catunda (Rio de Janeiro, 14 de março de 1915 - São José dos Campos, 3 de agosto de 1990) foi uma compositora, regente, pianista e professora brasileira.

Filha do gaúcho Rubens do Monte Lima e da pintora nativista cearense Maria Grauben Bomilcar,[1] iniciou seus estudos de piano com 5 anos de idade com a professora Mima Oswald, filha do compositor Henrique Oswald. Mais tarde será aluna de Oscar Guanabarino e, de 1936 a 1942, de Furio Franceschini, Marietta Lion e Camargo Guarnieri.[2]

Casa-se em 1934 com o matemático Omar Catunda (Santos, 23 de setembro de 1906 - Salvador, 12 de agosto de 1986)[3], incorporando o sobrenome do marido. O casal vai residir em São Paulo.

Em 1946, Eunice volta para o Rio de Janeiro e torna-se aluna do mentor do grupo Música Viva e introdutor da música dodecafônica no Brasil, Hans-Joachim Koellreutter, que terá grande influência na sua formação. É justamente de 1946 uma de suas principais obras - a cantata Negrinho do pastoreio. Em 1948, juntamente com outros alunos de Koellreutter, realiza viagem de estudos à Itália, onde estudará regência com Hermann Scherchen. Durante o curso, torna-se próxima de seus colegas de curso, Luigi Nono e Bruno Maderna[4].

A partir do final de 1948, sua militância política no Partido Comunista Brasileiro, ao qual era filiada desde 1936, deverá também marcar o seu trabalho. As diretrizes estéticas do partido, na época, vinculavam a produção artística à construção da identidade nacional e à transformação social. A frase de Mário de Andrade é bem representativa dessa orientação: "O critério atual da Música Brasileira deve ser não filosófico, mas social. Deve ser um critério de combate." Assim, Eunice acaba por abandonar o Música Viva e distanciar-se dos seus amigos Nono e Maderna, assumindo a perspectiva da arte engajada, nos moldes do realismo socialista.[5][6][7]

No início dos anos 1950, vai a Salvador, por ocasião de uma manifestação da Campanha pela Paz, promovida pelo PCB, e visita o bairro da Liberdade, onde o partido apoiava a invasão de terrenos baldios por trabalhadores, que ali construíam as suas casas. Essa visita à Bahia será a primeira de uma série,[8] com finalidade de estudos e pesquisas. Depois de assistir à capoeira no terreiro de mestre Waldemar da Paixão, escreverá um artigo, publicado em 1952, na revista literária Fundamentos.[9] A compositora experimentaria, no final dos anos 1950 um período de grande aproximação com o mundo da cultura afro-brasileira, especialmente com o terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, para isso contando com o apoio de Pierre Verger.[10] Eunice Catunda inspirou-se neste universo sonoro para diversas de suas composições, ao longo dos anos 1950.

Em 1956, abandona o PCB, em protesto contra a invasão da Hungria.

Em 1964, Eunice se separa de Omar Catunda. A partir de então, ela passará a assinar Eunice Katunda, trocando o C pelo K, para dissociar-se do sobrenome do ex-marido.[11]

Referências

  1. BARBOSA, Maria Ignez Corrêa da Costa Gentíssima. Grauben: Qual a diferença entre Van Gogh e Gauguin?, p. 95. Entrevista com Maria Grauben Bomilcar
  2. KATER, Carlos Eunice Katunda: musicista brasileira. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2001.
  3. LIMA, Eliene Barbosa Dos infinitésimos aos limites: a contribuição de Omar Catunda para a modernização da análise matemática no Brasil.Universidade Federal da Bahia- Universidade Estadual de Feira de Santana. Salvador, 2006.
  4. KATER, op. cit. p. 20.
  5. KATER, op. cit. p. 28s.
  6. Jornal da Unicamp. «Tese lança luz sobre a vida e a obra de Eunice Katunda» (PDF). Campinas, 23 a 29 de março de 2009. Consultado em 16 de dezembro de 2010 
  7. Dados biográficos.
  8. A compositora realizará outras viagens à Bahia, para estudos sobre ritmos e cantigas de capoeira de Angola, nos anos de 1956, 1957, 1958 e 1958. Ver Capoeira e Louvação, o nacionalismo da obra de Eunice Katunda, por Joana Holanda e Cristina Gerling.
  9. Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, por Eunice Katunda. Fundamentos — Revista de Cultura Moderna, nº30, São Paulo, 1952, pp. 16–18.]
  10. Os sons da Bahia, por Angela Lühning.
  11. HOLANDA, Joana Cunha de Eunice Katunda (1915 - 1990) e Esther Scliar (1926-1978): trajetórias individuais e análise de 'Sonata de Louvação' (1960) e 'Sonata para Piano'. UFRGS: Porto Alegre, 2006

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
Ícone de esboço Este artigo sobre um(a) compositor(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.