Eupetomena – Wikipédia, a enciclopédia livre
Eupetomena | |
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E. cirrochloris no rio Ribeira de Iguape, São Paulo | |
Classificação científica | |
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Tribo: | |
Gênero: | Eupetomena Gould, 1853 |
Espécie-tipo | |
Trochilus macroura Gmelin, 1788 | |
Espécies | |
2, ver texto | |
Sinónimos[1] | |
Aphantochroa Vieillot, 1818 |
Eupetomena é um gênero de aves apodiformes pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores.[2] O gênero possui um total de duas espécies reconhecidas, anteriormente consideradas coespecíficas; que se distribuem exclusivamente ao leste do continente sul-americano, principalmente na região sudeste brasileira, que apresenta uma espécie endêmica, e em algumas partes próximas à região do Río de la Plata, habitando as florestas subtropicais úmidas e a vegetação litorânea características desta parte do território; a espécie recentemente descrita era uma subespeciação da espécie principal, senão mesmo uma espécie distinta em gênero monotípico, por se distribuírem simultaneamente; tempo depois, a última seria reclassificada em Eupetomena.[3][4]
Com ambas as espécies sendo muito frequentes em toda a sua área de distribuição, a União Internacional para a Conservação da Natureza classifica ambos os beija-flores dentro de Eupetomena (e por convenção da BirdLife International, Aphantochroa) em "espécie pouco preocupante". Estes beija-flores se encontram na lista das 84 espécies com distribuição no Brasil, e no caso dos beija-flor-cinza (Eupetomena cirrochloris) entre as 16 que são endêmicas do país.[5][6]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Estes beija-flores apresentam uma média entre 12 a 17 centímetros de comprimento, enquanto a média de peso varia de 7,1 a 9,1 gramas, caracterizando-os como troquilíneos de tamanho relativamente grande. Geralmente, seus espécimes machos são sutilmente maiores e mesmo mais pesados do que as fêmeas. Ambos sexos possuem características morfológicas em comum nas espécies existentes, como seu bico preto e ligeiramente curvilíneo, porém não apresenta a mandíbula rosada na extremidade. O dimorfismo sexual mínimo se manifesta em seu comprimento, onde fêmeas são, normalmente, um quarto menores do que os machos, visto que não possuem a cauda longa e bifurcada, que representa quase metade do comprimento do beija-flor-tesoura; no beija-flor-cinza, a divergência é ainda menor. Os beija-flores imaturos apresentam a plumagem cinzenta e escurecida, que adquire coloração conforme seu desenvolvimento. A cabeça e as partes superiores são verde-bronzeado ou verde-metálico no beija-flor-cinza, que apresenta as penas superiores da cauda na mesma cor; ao que no beija-flor-tesoura, a maioria significativa de suas penas são verde iridescente, exceto cabeça, cauda, abdômen e cloaca, que são azuis. Enquanto isso, as partes inferiores do Eupetomena cirrochloris, que dá nome à ave, são acinzentadas com algumas poucas manchas verde-escuras. O beija-flor-tesoura possui, assim como muitos dos beija-flores típicos, tufos de plumas brancas nos pés, que são pretos, embora não apresentem, na maioria dos casos, a mancha branca atrás do olho.[7][8][9] São beija-flores residentes dentro de toda a sua área de distribuição, ou seja, logo não realizando migrações sazonais ao longo do ano.[7]
Distribuição e habitat
[editar | editar código-fonte]Estes beija-flores podem ser encontrados no norte do continente sul-americano, especificamente extremo-sul do Suriname ao extremo-norte da região norte do Brasil, no norte dos municípios paraenses de Óbidos, Alenquer, Almeirim e Oriximiná. Depois, seguindo ao nordeste brasileiro, incluindo passagem às unidades federativas desde centro-sul de Amapá, ao noroeste do Maranhão, com uma ampla distribuição ao sul da região centro-oeste e, principalmente, região sudeste do Brasil. Na região sul do país, pode ser encontrada principalmente pela totalidade do estado do Paraná e pela maior parte de Santa Catarina, com distribuição pelo extremo-norte do Rio Grande do Sul. Nos outros países sul-americanos, o beija-flor-tesoura apresenta distribuição pelo extremo-norte argentino, seguindo à porção mais ao nordeste paraguaio e boliviano, e no extremo centro-leste peruano, com duas populações isoladas na região fronteiriça Rondônia—Amazonas e em na região de Cuzco. Em relação ao seu parente, o beija-flor-cinza possui uma distribuição mais restrita, sendo endêmica do território do leste brasileiro, indo desde o sul de Pernambuco, seguindo ao oeste até o Mato Grosso ao norte do Rio Grande do Sul. Os beija-flores habitam principalmente florestas inabitadas e florestas secundárias ou altamente degradadas, pelo menos nas florestas tropicais e subtropicais úmidas e nas florestas tropicais pluviais e nubladas que são encontradas pelo continente sul-americano. Também são encontradas em áreas urbanas semi-abertas ou semi-urbanas, que inclui plantações de café e cacau, praças, parques e florestas estaduais e nacionais. No Brasil, ocorrem nos biomas do cerrado, caatinga, nas vegetações litorâneas e na mata atlântica, bem como na amazônia. Pode ser encontrado em altitude baixa ou média, frequentemente até 1500 metros acima do nível do mar.[3][4]
Sistemática e taxonomia
[editar | editar código-fonte]Esse gênero foi introduzido primeiramente no ano de 1853, por um importante pesquisador e ornitólogo do Reino Unido durante o século XIX, John Gould, este o responsável pela nomeação e introdução deste novo gênero, Eupetomena, originalmente visava classificar dentro dos parâmetros recentes Trochilus macroura, que depois passaria a ser conhecido como beija-flor-tesoura, descoberto por Johann Friedrich Gmelin, um professor acadêmico alemão, em 1788, por meio das revisões do Systema Naturae, escrito por Lineu.[10][11] Etimologicamente, o nome do gênero deriva dos dois termos gregos antigos, εὖ, eu, e significa literalmente "bom, ótimo"; e petomena, que significaria algo como "para voar, sustentar-se nas asas".[12][13] Com isso, a outra espécie existente seria descrita em um gênero monotípico conhecido por Aphantochroa, nos dias de hoje considerado apenas pela BirdLife International. A espécie seria descrita em 1818 pelo francês Louis Jean Pierre Vieillot, no gênero que ocasionalmente, seria movido para Campylopterus, embora tal decisão não fosse reconhecida e, então, anulada.[14][15][1] No ano de 2014, seria publicado um estudo filogenético molecular de McGuire et al. que descobriria que esse gênero monotípico estava intimamente relacionado a Eupetomena, causando a reclassificação da espécie dentro do gênero descrito por Gmelin, que apresenta prioridade.[16][17] Atualmente, um único identificador taxonômico internacional importante considera este último em Aphantochroa, sendo esse o Handbook of the Birds of the World, publicado pela BirdLife.[14]
Espécies[2][6]
[editar | editar código-fonte]- Eupetomena macroura (Gmelin, 1788), beija-flor-tesoura — pode ser encontrado desde o sul das Guianas, seguindo ao leste brasileiro, e populações isoladas em Rondônia e no Peru seguindo à região do Rio da Prata
- Eupetomena macroura macroura (Gmelin, 1788) — subespécie nominal; ocorre nas Guianas, ao norte, centro-oeste e sudeste brasileiros, Paraguai e extremo-nordeste da Argentina
- Eupetomena macroura simoni (Hellmayr, 1929) — pode ser encontrado exclusivamente no nordeste do Brasil
- Eupetomena macroura cyanoviridis (Grantsau, 1988) — pode ser encontrado exclusivamente no sudeste do Brasil
- Eupetomena macroura hirundo (Gould, 1875) — pode ser encontrado exclusivamente no leste do Peru
- Eupetomena macroura boliviana (Zimmer, 1950) — pode ser encontrado exclusivamente no nordeste da Bolívia
- Eupetomena cirrochloris (Vieillot, 1818), beija-flor-cinza — pode ser encontrado exclusivamente no Brasil, indo desde o sul de Pernambuco, passando ao centro-oeste por onde se distribui pelo Mato Grosso ao extremo-nordeste do Rio Grande do Sul
Referências
- ↑ a b Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Sombre Hummingbird (Aphantochroa cirrochloris)». The IUCN Red List of Threatened Species 2016. e.T22687658A93163136 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687658A93163136.en. Consultado em 8 de dezembro de 2022
- ↑ a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Swallow-tailed Hummingbird (Eupetomena macroura)». The IUCN Red List of Threatened Species 2016. e.T22687094A93139282 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687094A93139282.en. Consultado em 8 de dezembro de 2022
- ↑ Pacheco, José Fernando; Silveira, Luís Fábio; Aleixo, Alexandre; Agne, Carlos Eduardo; Bencke, Glayson A.; Bravo, Gustavo A.; Brito, Guilherme R. R.; Cohn-Haft, Mario; Maurício, Giovanni Nachtigall (junho de 2021). «Annotated checklist of the birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee—second edition». Ornithology Research (2): 94–105. ISSN 2662-673X. doi:10.1007/s43388-021-00058-x. Consultado em 29 de agosto de 2022
- ↑ a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 116. ISSN 1830-7809. Consultado em 8 de dezembro de 2022
- ↑ a b Schuchmann, Karl-L. (janeiro de 1999). «Family Trochilidae (Hummingbirds)». Barcelona: Lynx Edicions. Handbook of the Birds of the World. 5: 468–680. ISBN 84-87334-25-3. Consultado em 27 de agosto de 2022
- ↑ Schuchmann, Karl-Ludwig; Kirwan, Guy M. (2020). «Swallow-tailed Hummingbird (Eupetomena macroura), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.swthum1.01. Consultado em 8 de dezembro de 2022
- ↑ Züchner, Thomas; Kirwan, Guy M. (2021). «Sombre Hummingbird (Eupetomena cirrochloris), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.somhum1.01.1. Consultado em 8 de dezembro de 2022
- ↑ Gould, John; Sharpe, R. Bowdler (1852–1854). «Eupetomena hirundinacea». Londres: Taylor and Francis. A monograph of the Trochilidæ, or family of humming-birds (em inglês). 2: 42. OCLC 9648140. doi:10.5962/bhl.title.51056. Consultado em 8 de dezembro de 2022
- ↑ Gmelin, Johann Friedrich (1789). Systema naturae per regna tria naturae : secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis (em latim). 1. Parte 1: 13.ª ed. Leipzig: Georg. Emanuel. Beer. p. 487
- ↑ Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 3 de outubro de 2022
- ↑ Jobling, James A. (2010). Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Christopher Helm. p. 136. ISBN 978-1-4081-2501-4. OCLC 1058460352
- ↑ a b BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022
- ↑ McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Corl, Ammon; Rabosky, Daniel L.; Altshuler, Douglas L.; Dudley, Robert (14 de abril de 2014). «Molecular phylogenetics and the diversification of hummingbirds». Current Biology (8): 910–916. ISSN 1879-0445. PMID 24704078. doi:10.1016/j.cub.2014.03.016. Consultado em 8 de dezembro de 2022
- ↑ STILES, F. Gary; Remsen, J. V. Jr.; McGuire, Jimmy A. (24 de novembro de 2017). «The generic classification of the Trochilini (Aves: Trochilidae): Reconciling taxonomy with phylogeny». Zootaxa (3). 401 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4353.3.1. Consultado em 8 de dezembro de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Eupetomena macroura no Avibase
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