Executor literário – Wikipédia, a enciclopédia livre
Executor literário ou testamenteiro literário é, enquanto expressão jurídica, inexistente em muitos países, a pessoa que fica responsável pela publicação póstuma dos escritos de um escritor falecido.
O legado literário consiste principalmente nos direitos de autor e outros sobre a propriedade intelectual das obras já publicadas — tais como direitos cinematográficos (conversão de um texto em filme) ou de tradução para outros idiomas. Também pode incluir manuscritos originais de obras já publicadas, e que possuam potencial valor comercial; obras inéditas, terminadas ou inconclusas; e ainda ensaios ou documentos de valor literário intrínseco, tais como correspondências ou diários pessoais. Em termos de Academia é frequente o uso do termo alemão Nachlass para o legado de documentos.
Geralmente o próprio autor, em vida, quem elege seu executor literário. Como todo legado, passa para os herdeiros do autor, mas a administração da parte literária cabe ao executor, que tem implicações não meramente econômicas, uma vez que documentos privados podem revelar detalhes ou emprestar maior fiabilidade a uma biografia escrita por quem a eles teve acesso.
Casos concretos
[editar | editar código-fonte]Exemplos de executores literários incluem Max Brod de Franz Kafka, Sir Edward Marsh de Rupert Brooke, Robert Baldwin Ross de Oscar Wilde, Robert Hayward Barlow de H. P. Lovecraft e Otto Nathan de Albert Einstein.
No caso de Kafka, se Brod tivesse cumprido a sua vontade expressa para que destruísse seus trabalhos, sua atual reputação seria inexistente. Mesmo quando Brod morreu, sua secretária manteve diversos documentos e papeis pessoais do escritor em segredo, sendo analisados apenas após a morte desta, aos 101 anos.[1]
Um outro exemplo bastante notório foi o caso de Elisabeth Förster-Nietzsche executora da obra de Friedrich Nietzsche, onde ela teria usado de fraudes para adequar os escritos de seu irmão à ideologia nazi (fato este que é contestado por pensadores como Domenico Losurdo).[2]
A escritora Marguerite Duras deixou, em testamento, seu último companheiro, Yann Andréa, como seu executor literário. A figura jurídica, contudo, inexiste no direito de França e a Justiça daquele país entendeu que a autora o nomeara seu "executor testamenteiro", com poderes de decidir também sobre o que poderia ou não ser publicado. Quando o filho de Duras, Jean Mascolo, publicou um livro de receitas compilados por sua mãe, Andréa embargou o livro e, apesar de já ter vendido 10 mil exemplares, foi interditada a publicação em 1999.[3]
Referências
- ↑ «Israel pode revelar manuscritos inéditos de Franz Kafka». Folha de S.Paulo. 10 de julho de 2008. Consultado em 11 de outubro de 2010
- ↑ UFMG (6 de maio de 2010). «É preciso reconstruir o contexto intelectual do século 19 para compreensão de Nietzsche, diz pesquisador da UFMG». UFMG. Consultado em 11 de outubro de 2010
- ↑ Fátima Gigliotti (27 de novembro de 1999). «Os meninos (nem tanto) de Marguerite Duras». Folha de S.Paulo. Consultado em 11 de outubro de 2010