Ford Corcel – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Não confundir com Ford Corsair.
Ford Corcel
Ford Corcel
Ford Corcel Luxo 1973.
Visão geral
Produção 1968 - 1986
Fabricante Ford
Modelo
Classe Segmento D
"Médio" no Brasil
Carroceria Sedan/Cupê
Ficha técnica
Motor 1.3L 8V I4
1.4L 8V I4
1.6L 8V I4
Transmissão 4 ou 5 marchas, manual
Modelos relacionados Ford Del Rey
Ford Belina
Ford Pampa
Chevrolet Chevette
Fiat Oggi
Chevrolet Monza
Volkswagen Passat
Dodge Polara
Renault 12
Cronologia
Ford Del Rey
Ford Escort

O Corcel é um automóvel médio produzido pela Ford no Brasil, de 1968 a 1986. Foi eleito pela revista Autoesporte o Carro do Ano em 1969, 1973 e 1979.[1]

Projeto inicial

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A Ford adquiriu o controle acionário da Willys Overland do Brasil, em 1967, quando esta desenvolvia um automóvel em parceria com a Renault, chamado projeto "M", que deu origem ao Renault 12 na França e, com uma carroceria diferente, ao Corcel no Brasil.[2]

Lançado inicialmente como um sedã 4 portas e a seguir como um coupé, em 1969, o carro foi bem aceito quando de sua estreia em 1968.[3] O espaço interno e o acabamento chamavam a atenção, com muitas inovações mecânicas a mais que seu concorrente direto, o Volkswagen 1600 TL.[4]

Ford Corcel 1975.

A fábrica fez algumas alterações na aparência geral do carro em 1973, deixando-o um pouco parecido com o Ford Maverick. O motor passou a ser o 1.4 usado na linha GT, conhecido como motor XP. Em 1975, o design foi novamente retocado, aumentando a semelhança com o Maverick, sobretudo na traseira. Um novo componente se adicionava à família, o LDO (Luxury Decor Option), com acabamento interno luxuoso e teto revestido de vinil.[5]

Até 1977, este modelo foi recebendo retoques no acabamento, conservando entretanto a mesma aparência, até o lançamento da linha 1978, chamado Corcel II, basicamente com a mesma mecânica, porém com uma carroceria totalmente remodelada, que em nada lembrava o modelo anterior. Em 1985, ganhou a frente do Del Rey, lançado em 1981 e ao qual deu origem, além de alguns retoques estilísticos e a retirada da expressão "II" do nome. Em 1986 a produção do Corcel foi encerrada.

Ford Corcel GT

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Um ano depois do lançamento do compacto Corcel, em 1969, a Ford percebeu a oportunidade de ampliar a família e se aproximar do público que sonhava com mais esportividade. O primeiro Corcel GT era mais aparência do que esportividade (teto revestido em vinil e uma faixa no centro do capô e uma na lateral), o motor era o quatro cilindros 1.3 com carburador Solex de corpo duplo, novos coletores de admissão e escape elevavam a potência do motor de 68 para 80 cv.

A aceleração e a velocidade máxima aumentaram um pouco, 0 a 100 km/h em 18 segundos, com 138,53 km/h. Em testes de época, nas mãos do piloto Emerson Fittipaldi, em Interlagos, este mesmo Corcel atingiu velocidades superiores a 142 km/h. Isso dependia da perícia do piloto e do acerto do motor (carburador bem regulado com uma mistura mais rica, e uma boa regulagem das válvulas), sendoo bastante para fazer o Corcel ter um bom desempenho. O motor mais potente só viria no final de 1971, um 1.4 e 85 cv, dando um melhor desempenho.

Ford Corcel Bino

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Ford Corcel Luxo 1977, com rodas do modelo LDO. Último ano antes do lançamento do Corcel 2.

A partir de dezembro de 1968, a Bino Automóveis (posteriormente incorporada à Sandaco, tornando-se Bino-Sandaco), que mantinha além da Equipe Bino de Competição (ex - Ford-Willys), uma divisão de veículos "de rua", passou a oferecer um kit preparação para a Linha Corcel que incluía o aumento da cilindrada de 1300 para 1500 cm³ (na verdade, de 1289 cm³ para 1440 cm³), com a adoção de carburação dupla (com um coletor que aproveitava o carburador original e adotava outro igual), camisas, anéis, e pistões de maior diâmetro (77 mm), assim como o comando de válvulas que também era mudado para a obtenção de maior torque a uma faixa de giros mais elevada, coletores especiais e escapamento Kadron.

O motor podia também receber tampa de válvulas aletada e cárter de maior capacidade, ambos de alumínio, e radiador de óleo. O Corcel Bino foi recebendo aperfeiçoamentos, como retrabalho no cabeçote e taxa de compressão, na ordem de 9:1 a 9,5:1, com potência de 90 cv na versão mais civilizada. Com tudo isso, o motor subia rápido de rotação, até encostar nas 6500 RPM ou mais.

O primeiro Corcel Bino, um sedan branco, foi testado em 1969 pela revista AutoEsporte, fazendo de 0 a 100 em 16 segundos e atingindo 144 km/h. A revista alertou, no entanto, que o carro, único então disponível, havia participado das 12h de Porto Alegre (Após liderar a prova por varias voltas, terminou 2o colocado, atrás do Fusca Fittipaldi 1600 e à frente de um FNM JK) e rodado mais de 10 mil km em testes na Bino, saindo para a avaliação sem qualquer revisão, estando portanto muito ruim, e assim, seus resultados não refletiam o real desempenho do modelo.

Ford Corcel GT 1973.

Posteriormente, em 1970, a Revista Quatro Rodas testou um cupê, obtendo 0 a 100 em 15,5 seg e atingindo 147 km/h. As especificações da Bino, entretanto, eram 0 a 100 em 13,5s e velocidade máxima de 156 km/h para o motor de 90CV. Versões mais potentes, em torno de 100 cv, podiam fazer o pequeno modelo ter altas acelerações para a época: de 0 a 100 km/h em 13s, 0 a 120 km/h em 20s, 0 a 140 km/h em 35s, e velocidade máxima em torno de 160 km/h. Os testes de época apontavam que o Corcel Bino na estrada podia manter a velocidade máxima por longos períodos, sem que o motor fervesse por falta de água ou por falta de lubrificação, lembrando que os Corcéis de corrida que eram aliviados de peso e mais bem preparados atingiam velocidades superiores a 185 km/h, mas isso comprometia a durabilidade. Como se tratava de uma versão preparada, estava impedido em correr em provas da divisão 1, e nas categorias de força livre tinha que enfrentar VWs e Pumas muito bem preparados entre 1600 e 2200 cc, Opalas de 6 cilindros e outras feras da época, tarefa muito difícil para o motor de apenas 1.440cc. Mesmo assim, obteve algum sucesso em provas automobilísticas, com vitórias pontuais. Mas foi nos Rallyes que o motor Bino obteve o maior sucesso, inclusive levantando campeonatos, equipando os Corceis e Belinas amarelos das Equipes Bino, Bino-Motorádio, Greco/Ford e depois Mercantil/Finasa/Ford. Além de modificar o motor, a Bino oferecia também faixas decorativas para o capô e para as laterais, falsa entrada de ar (scoop), faróis de milha, painel completo com instrumentos colocados em uma moldura exclusiva, volante esportivo, console de teto e de câmbio, moldura para a grade, vidros verdes e rodas de magnésio, além de itens menores, como emblemas, pomo do câmbio, chaveiros e jaquetas da grife. Alguns detalhes foram sendo incorporados na lista ou modificados com o passar do tempo,como o desenho do painel de instrumentos e console. A Bino vendia carros prontos (inicialmente com base no sedan, e depois no cupê), mas os equipamentos também podiam ser comprados em conjunto ou separadamente por quem já tinha um Corcel, e assim, nenhum carro era exatamente igual ao outro, o que ressaltava o toque de exclusividade do modelo, que se tornou coqueluche no início dos anos 70. Em razão disso, algumas versões GT e Belinas também receberam o Kit Bino[6].

Ford Corcel GTXP

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Painel do Ford Corcel GT 1973

Em 1971 chegava o Corcel GTXP (extra performance ou desempenho extra) com capô preto fosco, teto revestido em vinil, faróis de longo alcance, painel com instrumentação completa e tomada de ar. No entanto o motor também fora mudado, elevando assim a cilindrada de 1300, para 1400 o que o fazia desenvolver potência bruta de 85 cv ante os pacatos 68 cv da versão 1.3. E também com o motor 1.4 o desempenho do Corcel melhorou, fazia de 0 a 100 km/h em 17 segundos e atingia velocidade máxima de 145 a 150 km/h (valores muito bons para a época), o que colocava o Corcel entre os nacionais mais velozes.

A partir de 1973, toda a linha Corcel ganhava nova grade, com logotipo Ford no emblema redondo ao centro, outro desenho do capô, paralamas e lanternas traseiras. As versões cupê, sedã e a perua Belina passavam a ser equipadas com o motor do GT XP de motor 1.4. O "esportivo" trazia duas faixas pretas paralelas no capô e nas laterais e também faróis auxiliares de formato retangular na grade, esta também de desenho diferente.

A segunda fase: o Corcel II

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Ford Corcel II

No final de 1977 chegava às ruas o novo modelo: o Corcel II.[7] A carroceria era totalmente nova, com linhas mais retas, modernas e bonitas. Os faróis e as lanternas traseiras, seguindo uma tendência da época, eram retangulares e envolventes. A grade possuía desenho aerodinâmico das lâminas, em que a entrada de ar era mais intensa em baixas velocidades que em altas. O novo carro parecia maior, mas não era. A traseira tinha uma queda suave, lembrando um fastback. Um fato notável no Corcel II era a ventilação dinâmica, de grande vazão, dispensando a ventilação forçada. O Corcel II veio com o mesmo motor do Corcel I 1.4, só que com a potência cortada, se o Corcel anterior com o mesmo motor de 1.4 litro rendia 85 cv e superava muitos carros da época, o Corcel II veio com o 1.4 litro de 72 cv (55 cv líquidos), o Corcel II era muito pesado para usar o 1.4, em função disso tinha um desempenho muito modesto (0 a 100 km/h em 20,9 segundos e 135 km/h de velocidade máxima) em relação ao antigo Corcel, mas a segurança, estabilidade e nível de ruído, já eram superiores em relação ao modelo anterior.

Os concorrentes do Corcel II na época eram o Volkswagen Passat e o Dodge Polara, ambos veículos médios. Ofereciam desempenho semelhantes ao do Corcel, mas o carro da Ford era mais econômico, moderno e elegante, tinha interior mais confortável (particularmente os bancos), oferecia melhor acabamento e também mais robustez que o Dodge.

Já em 1980 a Ford lançou como opcional para o Corcel II o motor de 1.6 (1555 cm³) com câmbio de 4 marchas, mas com relações mais longas e 90 cv de potência bruta (66,7 cv líquidos). O Corcel II passou a andar um pouco mais rápido, fazia de 0 a 100 km/h em medianos 17 segundos e a velocidade máxima passava a ser de 148 km/h, o suficiente para andar junto do seu concorrente mais próximo, o Passat 1500, porém muito atrás da versão 1600 (1.6). As versões oferecidas eram Corcel II básica; L e a luxuosa LDO, com interior totalmente acarpetado e painel com aplicações em imitação de madeira; e a GT, que se distinguia pelo volante esportivo de três raios, aro acolchoado em preto e pequeno conta-giros no painel (nenhuma outra possuía). A versão esportiva tinha 4 cv a mais, que não faziam muita diferença. Contava ainda com faróis auxiliares e pneus radiais. As rodas tinham fundo preto e sobre-aro cromado. O ano de 1978 foi o único em que os piscas dianteiros eram na cor laranja e na traseira, as lanternas eram lisas. Foi também o único ano em que não havia o pequeno spoiler na dianteira. Para o ano de 1979 ele ganharia embreagem eletromagnética do ventilador de série (era opcional no modelo 1978), piscas dianteiros brancos, lanternas traseiras onduladas e o spoiler. Em 1980, os pára-choques ganhariam ponteiras plásticas e em 1981, lanternas traseiras com frisos pretos e um friso prata que envolvia os faróis e a grade, pintado.

Em 1982, novo painel, ligeiramente redesenhado na caixa de instrumentos, relógio digital opcional, suspensões do Del Rey e encostos vazados de espuma de poliuretano (único ano em que isso ocorreu).

Em 1983, a Ford promoveu modificações no motor 1.6 o qual denominou de CHT (sigla de "Compund High Turbulence"), cuja potência líquida na versão a álcool chegava a 73 cv, dando um fôlego extra ao Corcel, que chegava aos 150 km/h de velocidade máxima e atingia os 100 km/h em 16 segundos. Juntamente, a Ford lançou a versão 1.3 do CHT para o Corcel, que, com a potência líquida de 62 cv, atingia modestos 143 km/h de velocidade máxima, e chegava aos 100 km/h em 20 segundos. Porém, o fim do Corcel começou a ser desenhado com a chegada, no Brasil, do Ford Escort que, mesmo trazendo os mesmo motores CHT, possuía desempenho e consumo melhores que o do Corcel, além de ser um projeto mais moderno, com motor transversal.

Em 1985 sofre sua última remodelação, que deixa o modelo com a frente igual a do Del Rey remodelado. Mesmo com a melhora de performance da versão 1.6 e com o aumento da gama de opções, o Corcel se tornava obsoleto diante da concorrência que oferecia carros como o Chevrolet Monza, por exemplo, lançado em 1982 que, mesmo com desempenho semelhante na versão com motor 1.6, era um carro mais atual. Adicionalmente o Passat, mesmo com projeto originário dos anos 70, atraía consumidores pelo seu desempenho, por possuir um motor bem mais eficiente que o do Corcel.

Belina da primeira geração

Lançada em março de 1971, a station wagon do Ford Corcel, chamada Belina, que visava atender ao público que buscava espaço interno amplo. Sucesso de vendas, o modelo tinha a mesma motorização e características do Corcel, seguindo todas as suas reestilizações.

De 1985 e 1987, a Belina teve uma versão 4×4, voltada para o trabalho no campo. Foi algo inédito no segmento, mas que acabou sendo descontinuada por problemas de funcionamento e durabilidade.

A Belina foi um sucesso de vendas durante décadas, sendo descontinuada em 1991, quando já fazia parte da família do Ford Del Rey.[8]

Séries especiais

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  • Cinco Estrelas: lançada em 1982 para Corcel II e Belina, vinha com rodas esportivas, pintura em dourado metálico (havia opção por três outras cores), relógio digital e conta-giros. Nova série aparecia em 1984 com tom cinza metálico exclusivo, faixas laterais, as mesmas rodas e um bagageiro para a Belina.[9]
  • Os Campeões: limitada ao Corcel II, vinha em 1983 na cor preta com faixas douradas, faróis de neblina, as mesmas rodas do Cinco Estrelas, conta-giros, relógio digital e volante de quatro raios.
  • Astro: também de 1985, trazia para o Corcel e a Belina L faixas laterais, o relógio digital de sempre, calotas e revestimento de bancos como o do Escort XR3, além de bagageiro na perua. Vinha em prata ou dourado.

Referências

  1. O título dos 40 anos (outubro de 2004). «Carro do Ano». Consultado em 20 de abril de 2010 [ligação inativa]
  2. Sérgio Berezovsky (julho de 2001). «Ford Corcel». Consultado em 20 de abril de 2010 
  3. Francis Castaings. «O cavalo brasileiro - 2». Consultado em 20 de abril de 2010 
  4. Francis Castaings. «O cavalo brasileiro - 1». Consultado em 20 de abril de 2010 
  5. Pereira, Gabriel (21 de março de 2024). «Ford Maverick LDO V8 1978 em estado de 0km ainda encanta». Planet Cars. Consultado em 30 de março de 2024 
  6. http://quatrorodas.abril.com.br/materia/grandes-brasileiros-ford-corcel-bino Quatro Rodas. Grandes Brasileiros: Ford Corcel Bino
  7. Sérgio Berezovsky (janeiro de 2006). «Corcel II». Consultado em 20 de abril de 2010 
  8. «Carros para sempre: Ford Belina foi de pioneira a perua mais luxuosa do segmento». Motor1.com. Consultado em 30 de março de 2024 
  9. http://bestcars.uol.com.br/bc/informe-se/passado/historia-ford-corcel-belina-del-rey-pampa/ Best cars Web Site. Ford Corcel: uma família que atendeu a muitas outras

Ligações externas

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