Fusaiola – Wikipédia, a enciclopédia livre
Uma fusaiola, também chamada fuseola, verticilo, cossoiro (principalmente na arqueologia de teares antigos, feito de barro[1]), volante, castão/gastão do fuso, mainça e maunça, é um anel de peso variável usado na fiação como um acessório do fuso durante o fiar.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Segundo E. e J. Wendling, a palavra vem do italiano "fusaiolo”, nome comum masculino feminilizado em francês, feito por Schliemann por volta de 1860-1870.[2] Gonçalves Viana desaprovava o uso fuseola/fusaiola, considerando-o um galicismo inadequado, pois havia os termos gastão/castão, verticilo (do latim verticillum, pl. verticilli) e mainça/maunça.[3]
Dois pesos, dois usos
[editar | editar código-fonte]Pela forma de rosca no encaixe, as fusaiolas mais pesadas servem de volante de inércia aos fusos, permitindo girar com mais regularidade.[2][3] As mais leves servem como "anel de parada": rematadas na parte inferior do fuso, elas servem como um rolamento ao fio; colocadas no topo do fuso, eles servem como um "prende-fio", ajudando a torcê-lo.[2][3]
Materiais usados
[editar | editar código-fonte]Os materiais usados para a fabricação das fusaiolas são muito diversos: âmbar, galhada de cervídeos, osso, coral, vidro, metal (ferro, estanho, chumbo, ligas de chumbo, etc.), madeira (incluindo carvalho), giz, calcário, lamito, arenito, ardósia, pedra-sabão, etc.[2]
História
[editar | editar código-fonte]As fusaiolas mais antigas conhecidas datam do Neolítico (6500 - 5750 a.C.).[2]
Na Antiguidade, a "esfondilomancia” era uma arte divinatória que utilizava fusaiolas. Elas também foram usadas como suporte para práticas votivas (antes que o desejo seja realizado) ou como um ex-voto.[2]
Na França, a roda de fiar destronou o fuso por volta de 1530, exceto no oeste e sudoeste, e há poucas fusaiolas após essa data. As mais recentes datam por volta de 1930.[2]
Galeria
[editar | editar código-fonte]- Fusaiolas de pedra. Museu nacional de Belgrado, Sérvia
- Verticilos (acima - decoração que lembra as linhas ambulacrais de uma testa de ouriço do mar) e lançadeira de terracota (abaixo), Cnossos, 5 800–4 500 a.C. (Neolítico). Museu Arqueológico de Heraclião, Creta, Grécia
- Fusaiolas, Idade do Ferro. Museu de Brandemburgo
- Fusaiola, cultura de Hallstatt (1200-500 a.C.), Hamburgo, Alemanha.
- Três fusaiolas da Idade Média
- Fusaiola, Polônia, Século XII ou XIII
- Fusaiola com raios em terracota (diâmetro 5,5cm), Holanda
- Fusaiola de Tebtunis (Egito), Século V-IV a.C. Museu Arqueológico de Milão
- Verticilo no fuso, Mali
- Fuso em madeira e fusaiola em osso
- Verticilo quíchua, Peru
- Fusaiola (Sulsultin), Chemainus, salish do litoral, século XIX. Museu do Brooklyn
- Fusaiolas, salish do litoral. Museu Real da Colúmbia Britânica
- Fusaiolas em pedra (superior) e madeira (inferior), Yoshinogari, Saga, Japão
Referências
- ↑ Cardozo, Mário (1994). Obras de Mario Cardozo: Arqueologia e história antiga. [S.l.]: Fundação Eng. António de Almeida
- ↑ a b c d e f g Wendling, Edgar; Wendling, Joële (1998). «Distinguo entre rouelles à rayons et fusaïoles». Numismatique & Change (284): 31-32. Cópia arquivada em 30 de março de 2021
- ↑ a b c Viana, A. R. Gonçálvez (1906). Apostilas aos Dicionários Portugueses. Tomo I. A-H. Lisboa: Livraria Clássica Editora, A. M. Teixeira & C.ª (Filhos).