Guarda Suíça – Wikipédia, a enciclopédia livre
Guarda Suíça Pontifícia | |
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Estandarte da Guarda Suíça no pontificado de Francisco | |
País | Vaticano |
Corporação | Guarda mercenária |
Subordinação | S.S. o Papa |
Missão | a segurança de Sua Santidade, o Papa |
Criação | 1506 |
Cores | Vermelho, branco, azul e dourado. |
História | |
Guerras/batalhas | Saque de Roma |
Logística | |
Efetivo | aproximadamente 135 soldados |
Sede | |
Sede | Cidade do Vaticano |
Página oficial | Página oficial |
Guarda Suíça Pontifícia (em latim: Custodes Helvetici; em italiano: Guardie Svizzere) é o corpo de guarda responsável desde 22 de janeiro de 1506 pela segurança do Papa. Hoje constitui também as forças armadas da Cidade do Vaticano. Atualmente a Guarda Suíça é composta por cinco oficiais, 26 sargentos e cabos e 78 soldados. É a única guarda do mundo cuja bandeira é alterada com cada novo chefe de Estado, pois contém o emblema pessoal do Papa.
O dia 6 de maio é a data de admissão de novos guardas. Estes prestam juramento diante do Papa e fazem o juramento com a mão direita levantada e os três dedos do meio abertos, recordando a Santíssima Trindade (cristianismo).
É o único grupo de soldados particulares que a lei suíça aceita. Do corpo da Guarda Suíça só podem fazer parte homens de robusta e rude constituição física, com um mínimo de 1,74 m de altura, católicos, com diploma profissional ou ensino médio concluído, com idade entre 18 e 30 anos, e não casados (só os cabos, sargentos e oficiais podem ser casados).[1] Devem também ter feito já treino militar do exército suíço, não ter registro criminal e ser de reputação social absolutamente imaculada. Dois anos, eventualmente renováveis até um máximo de 20, são o tempo de compromisso máximo de um membro da Guarda Suíça.
O curioso uniforme da Guarda Suíça é um espetáculo à parte. Com sua malha de cetim nas cores azul-real, amarelo-ouro e vermelho-sangue, causa estranheza que um soldado esteja trajado com roupas tão coloridas. Pode ser visto tanto no Vaticano quanto no castelo Papal de Avinhão, sede do papado nos séculos XIII a XIV.
A língua oficial da Guarda Suíça é o alemão. O seu lema é "Com coragem e fidelidade" (em latim: Acriter et fideliter) e tem como patronos São Martinho (festa em 11 de novembro), São Sebastião (festa em 20 de janeiro) e São Nicolau von Flüe, "Defensor Pacis et pater patriae" (orago da Suíça, com festa em 25 de setembro).
Entre as suas tarefas encontram-se a prestação de serviços diversos para o Papa, tais como a guarda em visitas de autoridades estrangeiras, o acompanhamento e assistência ao Papa durante viagens internacionais ou a prestação, à paisana, de serviços de segurança do Papa, ocasião em que os guardas se misturam com as multidões na Praça de São Pedro. Nesse caso os soldados da Guarda Suíça servem como guarda-costas, estando equipados com armamento variado e modernos equipamentos de comunicação.[2]
História
[editar | editar código-fonte]Inicialmente a Guarda Suíça era um conjunto de soldados mercenários suíços, que combatiam por diversas potências europeias entre os séculos XV e XIX em troca de pagamento. Hoje só servem o Vaticano.
A Guarda Suíça do Vaticano foi formada em 1506, em atendimento a uma solicitação de proteção feita em 1503 pelo Papa Júlio II aos nobres suíços. Cerca de 150 nobres tidos como os melhores e mais corajosos chegaram a Roma vindos dos cantões de Zurique, Uri, Unterwalden e Lucerna. O seu comandante era o capitão Kaspar von Silenen.
A batalha mais expressiva foi em 6 de maio de 1527, quando as tropas invasoras imperiais de Carlos V de Habsburgo, em guerra com Francisco I, entram em Roma. O exército imperial era composto de cerca de 18 000 mercenários. Em frente à Basílica de São Pedro e depois nas imediações do Altar-Mor, a Guarda Suíça lutou contra cerca de 1000 soldados alemães e espanhóis. Combateram ferozmente formando um círculo em volta do Papa Clemente VII visando protegê-lo e levá-lo em segurança ao Castelo de Santo Ângelo. Faleceram 147 guardas dos 189 que a compunham na época, mas em contrapartida 900 dos 1000 mercenários do assalto caíram mortos pelas alabardas dos suíços.
O Papa Pio V (1566–1572) enviou a Guarda Suíça para combater na Batalha de Lepanto, contra os turcos. Com Pio VI a guarda foi dissolvida já que este Papa foi enviado para o exílio por Napoleão. A guarda voltou a formar-se em 1801 e, em 1848, desempenhou um papel decisivo na defesa do Palácio Apostólico frente aos revolucionários nacionalistas italianos.
Quando a Alemanha Nazi ocupou Roma em setembro de 1943, a Guarda Suíça e as outras unidades que na época constituíam as formas armadas papais, como a Guarda Palatina, foram colocadas em estado de alerta. Houve um aumento no número de postos de vigia. Os guardas trocaram as alabardas e espadas por espingardas Mauser 98k, baionetas e cartucheiras com 60 substituições de munição, como medida de precaução. Embora as tropas alemãs patrulhassem o território italiano até à Praça de São Pedro, não houve qualquer tentativa de invasão pela fronteira do Vaticano nem qualquer confronto entre a Guarda Suíça e tropas alemãs. Nessa altura a Guarda tinha apenas 60 homens, pelo que poderia apenas ter feito uma resistência simbólica a qualquer ataque. No próprio dia em que os alemães ocuparam Roma o Papa Pio XII deu ordens que proibiam a Guarda Suíça de derramar sangue em sua defesa.
Desde a tentativa de assassinato do Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981, as funções não cerimoniais da guarda passaram a receber uma maior atenção. Os soldados passaram a utilizar pequenas armas de fogo e atuar como uma guarda pessoal moderna, inclusive com membros à paisana acompanhando o Papa em suas viagens ao exterior para sua proteção
Em 4 de maio de 1998 o coronel da Guarda Suíça Alois Estermann, a sua mulher Gladys Meza Romero e o vice-cabo Cédric Tornay foram encontrados mortos no apartamento de Estermann. A versão oficial do Vaticano atribuiu a responsabilidade do delito ao vice-cabo Tornay.
Nas comemorações do 500.º aniversário da Guarda Suíça em abril de 2006, 80 ex-guardas marcharam de Bellinzona no sul da Suíça para Roma, fazendo o mesmo trajeto da marcha dos 200 guardas suíços originais que assumiram o serviço papal em 1505.
Em tempos recentes a guarda atua juntamente com as autoridades italianas para evitar ataques terroristas, sobretudo depois de ameaças do Estado Islâmico do Iraque, Hamas, Hezbollah e do Levante.
A Guarda Suíça hoje
[editar | editar código-fonte]Os guardas assinam um contrato de dois anos e obtêm um soldo mensal de 1200 euros. São celibatários (exceto os oficiais, sargentos e cabos) e é-lhes formalmente interdito dormir fora do Vaticano. O seu alojamento é a caserna da guarda. A vida quotidiana é preenchida também com celebrações litúrgicas. A guarda dispõe de uma capela onde oficia o capelão do exército pontifício.
Hierarquia
[editar | editar código-fonte]Oficiais comissionados
[editar | editar código-fonte]- Oberst (Coronel - o comandante da Guarda)
- Oberstleutnant (tenente-coronel - vice-comandante)
- Kaplan (Capelão - Considerado o mesmo posto de tenente-coronel)
- Major
- Dois Hauptmanns (capitães)
- Três Leutnants (Tenentes)
Suboficiais
[editar | editar código-fonte]- Feldwebel (sargento-major)
- Wachtmeister (sargento)
- Korporal (Cabo)
- Vizekorporal (Vice-cabo)
Recrutas
[editar | editar código-fonte]- Hellebardier/Gardist (Halabardeiro/Guarda)
Uniforme
[editar | editar código-fonte]O uniforme que hoje a Guarda usa foi desenhado por Jules Répond[3] (comandante no período 1910–1921) a partir do modelo que se atribui a Michelangelo por volta de 1505, pelo que é considerado um dos uniformes militares mais antigos do mundo, e muito mais vistoso, alegre e colorido que o do século XIX: o capacete é decorado com uma pluma vermelha, as luvas são brancas e a couraça tem reminiscências medievais. A cor vermelha foi introduzida pelo Papa Leão X, em homenagem ao escudo dos Médici, e simboliza também o sangue derramado em defesa do Papa.
A Guarda Suíça não utiliza botas, sendo calçadas meias aderentes às pernas e presas à altura dos joelhos por uma liga dourada, sendo eventualmente cobertas por polainas. Em geral, o uniforme recorda o esplendor das cortes do Antigo Regime, e o orgulho de ser soldado, combater e servir o Papa.
Comandantes da Guarda Suíça
[editar | editar código-fonte]Indicam-se seguidamente os comandantes da Guarda Suíça, o seu cantão de origem e o período em que lideraram a Guarda:
- Kaspar von Silenen, de Uri (1506–1517)
- Markus Röist, de Zurique (1518–1524)
- Kaspar Röist, de Zurique (1524–1527)
- Jost von Meggen, de Lucerna (1548–1559)
- Kaspar Leo von Silenen, de Lucerna (1559–1564)
- Jost Segesser von Brunegg, de Lucerna (1566–1592)
- Stephan Alexander Segesser von Brunegg, de Lucerna (1592–1629)
- Nikolaus Fleckenstein, de Lucerna (1629–1640)
- Jost Fleckenstein, de Lucerna (1640–1652)
- Johann Rudolf Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1652–1657)
- Ludwig Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1658–1686)
- Franz Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1686–1696)
- Johann Kaspar Mayr von Baldegg, de Lucerna (1696–1704)
- Johann Konrad Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1712–1727)
- Franz Ludwig Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1727–1754)
- Jost Ignaz Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1754–1782)
- Franz Alois Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1783–1798)
- Karl Leodegar Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1800–1834)
- Martin Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1835–1847)
- Franz Xaver Leopold Meyer von Schauensee, de Lucerna (1847–1860)
- Alfred von Sonnenberg, de Lucerna (1860–1878)
- Louis-Martin de Courten, de Valais (1878–1901)
- Leopold Meyer von Schauensee, de Lucerna (1901–1910)
- Jules Répond, de Friburgo (1910–1921)
- Alois Hirschbühl, Graubünden (1921–1935)
- Georg von Sury d'Aspremont, de Soleura (1935–1942)
- Heinrich Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1942–1957)
- Robert Nünlist, de Lucerna (1957–1972)
- Franz Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1972–1982)
- Roland Buchs, de Friburgo (1982–1998)
- Alois Estermann, de Lucerna (1998)
- Pius Segmüller, de São Galo (1998–2002)
- Elmar Theodor Mäder, de São Galo (2002–2008)
- Daniel Rudolf Anrig, de São Galo (2008–2015)
- Christoph Graf, de Lucerna (2015–)
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano
- Forças Armadas do Vaticano
- Guarda Palatina
- Kaspar Von Silenen
Referências
- ↑ Página do Vaticano sobre a Guarda Suíça. «Requisitos de admissão». Consultado em 8 de maio de 2010
- ↑ «Eles dariam a vida pelo Papa (III)». Consultado em 8 de maio de 2010. Arquivado do original em 6 de janeiro de 2012
- ↑ Página do Vaticano sobre a Guarda Suíça. «The Uniform of The Swiss Guards». Consultado em 8 de maio de 2010
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Página do Vaticano sobre a Guarda Suíça» (em alemão, inglês, e francês)
- Origens da Guarda Suíça Pontifícia
- Página da Santa Sé sobre a Guarda Suíça Pontifícia