Henrique, Conde de Chambord – Wikipédia, a enciclopédia livre

Henrique V
Conde de Chambord
Henrique, Conde de Chambord
Rei da França e Navarra (Nomeado)
Reinado 02 - 09 de agosto de 1830
Antecessor(a) Carlos X
Sucessor(a) Luís Filipe I
Pretendente Legitimista ao Trono Francês
(disputado de 1873 a 1883)
Período 3 de junho de 1844 - 24 de agosto de 1883
Predecessor(a) Luís XIX
Sucessor(a) Filipe VII
(segundo os Orléanistas)
João III
(segundo os Legitimistas)
 
Nascimento 29 de setembro de 1820
  Paris, França
Morte 24 de agosto de 1883 (62 anos)
  Lanzenkirchen, Áustria
Sepultado em Monastério de Kostanjevica
Nome completo  
Henrique Carlos Fernando Maria Deodato d'Artois
Cônjuge Maria Teresa de Áustria-Este (c.1846–1883)
Casa Bourbon
Pai Carlos Fernando, Duque de Berry
Mãe Carolina de Nápoles e Sicília
Religião Catolicismo
Brasão

Henrique, Conde de Chambord (Paris, 29 de setembro de 1820Lanzenkirchen, 24 de agosto de 1883) foi rei de França e Navarra, de 2 de agosto a 9 de agosto de 1830, quando foi deposto por seu primo Luís Filipe d'Orleães e retirou-se ao exílio.

Era o filho póstumo de Carlos Fernando, Duque de Berry, filho mais novo de Carlos X e de Carolina de Nápoles e Sicília, filha do rei Francisco I das Duas Sicílias.

Nascimento e juventude

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Nascido no pavilhão de Marsan, no Palácio das Tulherias, agora Louvre. O pai de Henrique havia sido assassinado muitos meses antes de seu nascimento, não tendo tido nenhum membro da corte como testemunha do parto, o que foi usado por muitos orleanistas como desculpa para se questionar a legitimidade do príncipe.

Ao nascer, Henrique foi titulado duque de Bordéus. Como o antigo ramo da Casa de Bourbon encontrava-se em decadência e com poucos herdeiros diretos, o príncipe foi logo alcunhado Dieudonné ("Dádiva-divina") e "criança miraculosa".

Em 2 de agosto de 1830, em resposta à Revolução de Julho, o avô de Henrique, Carlos X, abdicou em favor do filho mais velho, então Luís Antônio, duque d'Angoulême e delfim de França, que vinte minutos depois viria a também abdicar. Henrique d'Artois foi automaticamente declarado rei de França e Navarra, cujo reinado fictício durou apenas sete dias, quando a Assembléia Nacional declarou que o trono deveria ser passado ao regente, seu primo distante o duque d'Orleães, que se tornaria Luís Filipe I de França.

Henrique e sua família deixaram a França em 16 de agosto de 1830. Enquanto parte dos legitimistas ainda o consideravam o soberano reinante, outros contestavam a validade das abdicações de seu avô e de seu tio, ao passo que os orleanistas defendiam a validade da aclamação de Luís Filipe I. Com a morte de seu avô em 1836, e de seu tio em 1844, Henrique tornou-se o principal pretendente ao trono francês do ramo Bourbon.

Henrique, que no exílio preferia utilizar sua antiga titulação do condado de Chambord, manteve suas pretensões ao trono durante a Segunda República e o Segundo Império. Em novembro de 1846, Henrique casou-se com a arquiduquesa Maria Teresa de Áustria-Este, filha de Francisco IV de Módena e de Maria Beatriz Vitória de Saboia. Os avós maternos da arquiduquesa eram Vítor Emanuel I da Sardenha e Maria Teresa de Áustria-Este. O casal não teve filhos.

Em inícios dos anos 1870, com o fim do Segundo Império devido em grande parte à Guerra Franco-Prussiana, os monarquistas tornaram-se a maioria na Assembléia Nacional Francesa. Os orleanistas concordaram em apoiar Henrique, esperando sucedê-lo ao trono, em sua eventual morte, o conde de Paris Filipe d'Orleães. Contudo, Henrique insistiu que assumiria a Coroa apenas se a França abandonasse a Bandeira Tricolor, retornando ao antigo pavilhão branco com flor-de-lis, e se fosse mantida a origem divina de seu poder, e não o preceito popular. Isso desestabilizou a frágil aliança entre legitimistas e orleanistas, para além de enfraquecer a causa monárquica ante os liberais.

A Terceira República foi estabelecida como um governo provisório, a ser substituído após a morte de Henrique, quando então o mais liberal Filipe, conde de Paris, assumiria o trono. Todavia, à morte de Henrique, em 1883, a opinião pública preferiu manter a república que, de acordo com as palavras do antigo presidente Adolphe Thiers, "divide-nos menos".

Henrique morreu em sua residência em Frohsdorf, Áustria. Foi enterrado junto a seu avô Carlos X na cripta do mosteiro de Castagnavizza, Gorizia. Após a morte de Henrique, sua esposa e alguns de seus apoiadores defenderam que seu sucessor legítimo ao trono seria seu primo e cunhado João, Conde de Montizón, então o membro mais velho da Casa de Bourbon. Outros partidários de Henrique aliaram-se aos orleanistas, apoiando o conde de Paris. Seus espólios foram deixados ao sobrinho, Roberto I de Parma, entre os quais se inclui o Castelo de Chambord.

Referências

  • Philippe Delorme, Henri comte de Chambord, Journal (1846-1883), Carnets inédits, Oeil-FX de Guibert, 2009.

Ligações externas

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