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Herodes, o Grande | |
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Basileu (rei) | |
Herodes | |
Rei da Judeia | |
Reinado | 37–4 a.C (Schürer) 36–1 a.C (Filmer)[1] |
Sucessor(a) | Herodes Arquelau |
Nascimento | 74 a.C. ou 73 a.C. |
Edom | |
Morte | 4 a.C. |
Jericó | |
Sepultado em | Heródio, Judeia |
Pai | Antípatro |
Mãe | Cipros |
Filho(s) | Antipater, Alexandre, Aristobulus IV, Salampsio, Herodes II, Herodes Antipas, Herodes Arquelau, Olympias, Herodes Filipe |
Religião | Judaísmo do Segundo Templo |
Herodes (em hebraico: הוֹרְדוֹס, transl. Hordos; em grego: Ἡρῴδης, Herodes), também conhecido como Herodes I ou Herodes, o Grande (ca. 74/73 a.C. – Jericó, 4 a.C.[2] ou 1 a.C[3][4]), foi um rei do território da Judéia, como representante (rei cliente) do Império Romano, entre 37 a.C. e 4 a.C.[5] Descrito como "um louco que assassinou sua própria família e inúmeros rabinos",[6] Herodes é conhecido por seus colossais projetos de construção em Jerusalém e outras partes do mundo antigo, em especial a reconstrução que patrocinou do segundo Templo, naquela cidade, por vezes chamado de Templo de Herodes. Alguns detalhes de sua biografia são conhecidos pelas obras do historiador romano-judaico Flávio Josefo.
Seu filho, Herodes Arquelau, tornou-se etnarca da Samaria, Judeia e Edom de 4 a 6 d.C., e foi considerado incompetente pelo imperador romano Augusto, que tornou o outro filho de Herodes, Herodes Antipas, soberano da Galileia (de 6 a 39 d.C.).
Biografia
[editar | editar código-fonte]Herodes era filho do idumeu Antípatro e de Cipros(uma mulher de procedência árabe). O povo de seu pai, fora um dos principais rivais dos judeus na Antiguidade, e segundo a Bíblia, foi a presença dos Idumeus, que compeliu o povo de Moisés, a realizar uma travessia muito mais demorada, após a saída do Egito, antes de chegarem à Terra Santa. À época do rei hasmoneu João Hircano, a Idumeia fora conquistada e a maioria dos seus cidadãos obrigados a se converterem ao judaísmo, exceto aqueles que se refugiaram no Egito, ou nas terras da antiga Assíria, como aconteceu com os ancestrais de Herodes.
A maior parte do que conhecemos sobre sua vida nos é narrada pelo historiador judeu Flávio Josefo[7][carece de fontes], que provavelmente usou o trabalho de Nicolau de Damasco como fonte, porque, quando termina Nicolau, na época de Arquelau, o relato de Josefo se torna mais resumido.[8] Segundo Josefo, a legitimidade de seu reinado era contestada pelos judeus por ele ser um idumeu. Numa tentativa de obter essa legitimidade, ele casou-se com Mariana, uma hasmoniana filha do alto sacerdote do Templo. Ainda assim, ele vivia temeroso de uma revolta popular, razão pela qual teria construído, como refúgio, a fortaleza de Massada.
Em 40 a.C., quando Matatias Antígono, o último rei da dinastia hasmónea, entrou na Judeia com a ajuda de uma potência vizinha, Herodes fugiu para Roma, onde António lhe entregou a realeza da Judeia, que assegurou com um exército romano, com o qual derrotou Antígono em 37 a.C. ao cercar Jerusalém. Octaviano (o futuro imperador Augusto), após a batalha de Ácio, em 31 a.C., manteve-o no poder.
A sua corte era helenizada e culta. Ele fundou as cidades gregas de Sebaste (Samaria)[9] e Cesareia Palestina,[10] com o seu belo porto. Construiu fortalezas e palácios, incluindo Massada[11] e o magnífico Templo,[12] o Heródio.[13] Presidiu aos Jogos Olímpicos.
Herodes destronou os reis da dinastia hasmónea, que tinham governado Israel por mais de um século. Essa dinastia tinha contado com o apoio dos saduceus. Por isso, Herodes era mal visto entre os saduceus. Em contrapartida, ele pôde contar com o apoio da facção moderada dos fariseus, conduzida por Hillel. Contou também com o apoio dos judeus da diáspora, mesmo naquela época, de número considerável. Já a relação com os essénios era mais complicada. Por um lado, os essénios detestavam Roma e não aprovavam que Herodes governasse em nome de Roma. Por outro lado, Herodes era um amigo de Menahem, o essénio e respeitava os essénios.
Fez construir várias obras em seu reino, cuja monumentalidade ainda hoje é admirada. Delas subsiste, como documento mais bem conservado, o Túmulo dos Patriarcas, em Hebrom.[14]
Ao morrer, possivelmente em 4 a.C., Herodes deixou disposta, em testamento, a partilha do reino entre três de seus filhos sobreviventes: Herodes Arquelau, Herodes Antipas e Filipe. Foi durante seu reinado que nasceu Jesus Cristo, segundo a narrativa bíblica. Herodes foi visitado pelos Três Reis Magos, que foram adorar o Rei dos Judeus, Herodes pediu aos magos que seguissem para Belém e que depois voltassem para reportar se tinham conseguido encontrar a criança, porém, os Magos foram avisados em sonho a seguir outro caminho e não passarem por Herodes, que mandou matar todas as crianças de até 2 anos de idade (Mateus 2: 1-16).
Moedas de Herodes
[editar | editar código-fonte]As moedas que Herodes o Grande cunhou[15] não trazem símbolos tão agressivos para a religião judaica como acontecerá com as dos seus descendentes. Além do tripé, de origem grega e com alguma eventual ligação às suas vitórias e consequente domínio sobre o país, e do elmo, vai usar o escudo; mas haverá outros símbolos mais poéticos, como a romã, o diadema, a cornucópia, a âncora, etc.
O Estado Judeu herodiano
[editar | editar código-fonte]Herodes não tinha legitimidade judaica, pois descendia de idumeus e sua mãe era descendente de árabes. Desse modo, sua legitimidade se fundava na própria estrutura do poder que ele exercia, e que diferia da tradição dos Hasmoneus, na medida em que:
- o rei era legitimado como pessoa e não por descendência;
- o poder não se orientava pela tradição, mas pela aplicação do direito do senhor;
- o direito à terra decorria de distribuição: o senhor o concedia ao usuário de sua escolha (assignatio);
- o rei era a fonte da lei, ou seja, a "lei viva" (émpsychos nómos), conforme a base filosófica helenística, em oposição à lei codificada da tradição judaica.
Essa nova estrutura de poder (repudiada pelos judeus tradicionais), permitia a Herodes:
- Nomear o sumo sacerdote do Templo: ele destituiu os Asmoneus e nomeou um sacerdote da família babilônica e, mais tarde, da alexandrina;
- Exigir de seus súditos um juramento de obediência, não raro em oposição às normas patriarcais;
- Interferir na justiça do Sinédrio;
- Escravizar ladrões e revolucionários políticos, vendendo-os no exterior, sem direito a resgate.
O poder militar de Herodes baseava-se nos mercenários estrangeiros, aquartelados em fortalezas, ou em terras (cleruquias) a eles destinadas no vale de Jezrael e nas cidades helênicas fundadas pelo rei.
Morte
[editar | editar código-fonte]Os herodianos | ||
A partir do trabalho de Emil Schürer em 1896,[16] a maioria dos estudiosos concordam que Herodes morreu no final de março ou início de abril, em 4 a.C.[3][17]
Evidência adicional é fornecida pelo fato de que seus filhos, entre os quais seu reino foi dividido, dataram de seus governos a partir de 4 a.C.,[18] e Arquelau aparentemente também exerceu autoridade real durante a vida de Herodes.[19] Josefo afirma que a morte de Filipe o Tetrarca tomou lugar depois de um reinado de 37 anos, no ano 20 de Tibério (34 d.C.).[20]
Josefo diz que Herodes morreu depois de um eclipse lunar.[21] Ele faz um relato dos acontecimentos entre este eclipse e sua morte, e entre sua morte e o Pessach. Um eclipse parcial[22] ocorreu em 13 de março de 4 a.C., cerca de 29 dias antes do Pessach, e este eclipse é geralmente considerado como o referido por Josefo.[23] No entanto, pelo eclipse de 13 de março de 4 a.C. ser apenas parcial (e que, segundo os defensores de outra data, não ser relevante o suficiente para ter sido relatado por Josefo), outros estudiosos defendem o eclipse total de 8 de janeiro do ano 1 a.C[3][4] como a época da morte de Herodes. Sendo assim, Herodes teria reinado até cerca de 4 a.C e falecido em 1 a.C. Houve, contudo, outros dois eclipses totais em torno deste tempo[24][25]. Há também os defensores de 5 a.C.[26] e até mesmo 1 d.C[27]. Josefo deve estar se referindo ao eclipse solar anular de 8 de abril do ano 4 d.C, observado em todo Império Romano, e ocorreu após o Pessach de 23 de março de 4 d.C.
Josefo escreveu que a doença final de Herodes - às vezes chamada como "Mal de Herodes"[28] - era insuportável.[29] A partir das suas descrições, alguns peritos médicos propõem que Herodes tinha doença renal crônica complicada por gangrena de Fournier.[30] Os estudiosos modernos concordam que ele sofreu durante toda a sua vida de depressão e paranoia.[31] Sintomas similares estiveram presentes na morte de seu neto Agripa I, em 44, sobre quem se relata que vermes eram visíveis[32] e putrefação. Estes sintomas são compatíveis com uma sarna, que pode ter contribuído para sua morte e sintomas psiquiátricos.[33]
Josefo afirmou também que Herodes estava tão preocupado pela grande probabilidade de ninguém lamentar sua morte, que ele comandou um grande grupo de homens ilustres para vir para Jericó, e deu a ordem dizendo que eles deveriam ser mortos no momento da sua morte para que assim se mostrasse a dor que ele ansiava pela sua perda.[34] Para a felicidade deles, o filho de Herodes Arquelau e sua irmã Salomé não realizaram esse desejo insano e doentio do pai.[35]
Após a morte de Herodes, seu reino foi dividido entre três de seus filhos, por Augusto. Augusto "nomeou Arquelau, não para ser o rei de todo o país, mas para ser etnarca, ou metade do que estava sujeito a Herodes, e prometeu dar-lhe a dignidade real doravante, se governasse a sua parte de forma justa. Mas quanto a outra metade, ele dividiu em duas partes, e as deu aos outros dois dos filhos de Herodes, a Filipe e Herodes Antipas, o qual disputou com Arquelau pelo reino todo. Desta forma, para ele era Pereia e Galileia que deveriam pagar seus tributos, que somavam anualmente 200 talentos, enquanto Bataneia com Traconita, bem como Auranita, com uma certa parte do que foi chamado Casa de Lenodoro, pagassem o tributo de 100 talentos à Filipe. Entretanto a Idumeia, e Judeia, e o país de Samaria, pagavam tributo à Arquelau, porém tinham a partir dali uma quarta parte desse tributo retirado por ordem de César, que decretou a eles aquela mitigação, devido eles não terem se unido nesta revolta com o resto da multidão."[36] Arquelau tornou-se etnarca da tetrarquia da Judeia, Herodes Antipas tornou-se tetrarca da Galileia e Pereia e Filipe tornou-se tetrarca dos territórios a leste do Jordão.
Descoberta do túmulo do Rei Herodes
[editar | editar código-fonte]No dia 8 de Maio de 2007 o arqueólogo israelense Ehud Netzer, da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirmou ter achado o que seria o túmulo do rei Herodes, no local conhecido como Heródio, uma colina no deserto da Judeia, onde o rei construiu seu palácio, próximo a Jerusalém. Netzer trabalhava no sítio arqueológico do local desde 1970.[37]
O arqueólogo israelense Ehud Netzer, que se tornou conhecido pela escavação do palácio de inverno do rei Herodes e descoberta da tumba do monarca, morreu ao sofrer uma queda. Ele tinha 76 anos.[38]
Referências
- ↑ Erro de citação: Etiqueta
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inválida; não foi fornecido texto para as refs de nomeSteinmann 2009, pp. 1
- ↑ Filmer, W. E. (janeiro de 2010). «The Chronology of the Reign of Herod the Great». J Theol Studies. XVII: 283–298. doi:10.1093/jts/XVII.2.283
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(ajuda)
Herodes Casa de Herodes Morte: 4 a.C. | ||
Precedido por: Antígono | Rei dos Judeus 37 a.C. – 4 a.C. | Sucedido por: Herodes Arquelau |
Soberano da Galileia 37 a.C. – 4 a.C. | Sucedido por: Herodes Antipas | |
Soberano de Bataneia, na Traconítide 37 a.C. – 4 a.C. | Sucedido por: Herodes Filipe II |