Jerônimo Rodrigues – Wikipédia, a enciclopédia livre
Sua Excelência Jerônimo Rodrigues | |
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Jerônimo em 2024 | |
52.° Governador da Bahia | |
No cargo | |
Período | 1º de janeiro de 2023 até a atualidade |
Vice-governador | Geraldo Júnior |
Antecessor(a) | Rui Costa |
Secretário Estadual de Educação da Bahia | |
Período | 1º de fevereiro de 2019 até 31 de março de 2022 |
Governador | Rui Costa |
Antecessor(a) | Walter Pinheiro |
Sucessor(a) | Danilo de Melo Souza |
1° Secretário Estadual de Desenvolvimento Rural da Bahia | |
Período | 1º de janeiro de 2015 até 1º de fevereiro de 2019 |
Governador | Rui Costa |
Antecessor(a) | Cargo Criado |
Sucessor(a) | Josias Gomes |
Dados pessoais | |
Nome completo | Jerônimo Rodrigues Souza |
Nascimento | 3 de abril de 1965 (59 anos) Aiquara, BA, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Universidade Federal da Bahia |
Esposa | Tatiana Velloso |
Parentesco | Marta Rodrigues (irmã) |
Partido | PT (1990-presente) |
Religião | catolicismo |
Profissão | professor engenheiro agrônomo |
Jerônimo Rodrigues Souza (Aiquara, 3 de abril de 1965) é um professor, engenheiro agrônomo e político brasileiro. Filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), é o 52º governador do estado da Bahia desde 2023.
Nascido e criado no interior baiano, na década de 1990 formou-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal da Bahia e foi professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, ao mesmo tempo em que filiou-se ao PT e ingressou em movimentos estudantis e sociais. A partir de 2007, começou a integrar secretarias do estado, chegando a fazer parte do gabinete ministerial da presidente Dilma Rousseff, até assumir as pastas de Desenvolvimento Rural e da Educação da Bahia. Tornou-se governador em 2022, na primeira disputa eleitoral da qual participou.
Origens, formação e carreira acadêmica
[editar | editar código-fonte]Um dos nove filhos da costureira Maria Cerqueira e do agricultor familiar Zeferino Rodrigues, Jerônimo Rodrigues nasceu em 3 de abril de 1965 no povoado de Palmeirinha, na cidade baiana de Aiquara. Na infância, morou em uma comunidade rural próxima ao rio de Contas, e aos nove anos mudou-se para Jequié, município banhado pelo rio, para iniciar os estudos em uma escola pública e morar com suas cinco irmãs — uma delas é Marta Rodrigues, que também é professora e vereadora de Salvador.[1][2][3][4]
Após concluir o ensino médio, Jerônimo prestou na capital Salvador um vestibular para Engenharia Agronômica na Universidade Federal da Bahia (UFBA), tendo cursado a partir de 1987 no campus de Cruz das Almas; lá conheceu sua esposa, a também engenheira agrônoma e professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano Tatiana Velloso, com quem teve o filho João Gabriel. Formado em 1991, foi aprovado em um concurso público para professor efetivo na Universidade Estadual de Feira de Santana, onde lecionou diversas disciplinas e posteriormente tornou-se vice-diretor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da instituição. Ao iniciar o mestrado em Ciências Agrônomas pela UFBA, retornou a Aiquara para dar aulas no Colégio Municipal Américo Souto e assumir a Secretaria Municipal de Agricultura na gestão do prefeito Moacyr Viana Júnior.[1][2]
Carreira política
[editar | editar código-fonte]Enquanto era universitário, Jerônimo filiou-se, na década de 1990, ao Partido dos Trabalhadores (PT), passando a atuar em movimentos estudantis e sociais. Em 2006, participou ativamente como militante da campanha do companheiro de partido Jaques Wagner a governador da Bahia, que foi eleito. Jerônimo foi convidado no primeiro ano de sua gestão para integrar a equipe da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, e em 2010, ingressou na Secretaria de Planejamento do estado. Com trabalho bem avaliado pelo governador, Jerônimo foi indicado por ele ao gabinete ministerial da presidente Dilma Rousseff, exercendo de 2011 a 2012 os cargos de secretário executivo adjunto e assessor especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, secretário nacional do Desenvolvimento Territorial, secretário executivo do Programa Pró Territórios - Cumbre Ibero-Americana e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CONDRAF).[1][5]
Em 2015, Jerônimo ajudou na implantação e assumiu, na gestão de Rui Costa como governador da Bahia, a Secretaria de Desenvolvimento Rural. Coordenador da campanha de reeleição de Rui em 2018, foi nomeado em 2019 secretário da Educação.[2] Sua administração foi voltada à criação de milhares de vagas em cursos profissionalizantes através do programa Educar para Trabalhar, e na pandemia de COVID-19 implementou o Bolsa-Presença, que ofereceu auxílio mensal para famílias de estudantes da rede estadual de ensino, e o Mais Futuro, para manter jovens na universidade com apoio financeiro, além do vale-alimentação estudantil e do Mais Estudo.[1] No primeiro ano da gestão educacional, recebeu a Comenda 2 de Julho, a mais alta honraria concedida pela Assembleia Legislativa da Bahia,[6] e o Título de Cidadão de Salvador, da Câmara Municipal de Salvador.[7]
Em 2022, Jerônimo candidatou-se a governador da Bahia representando a coligação Pela Bahia, Pelo Brasil com o então presidente da Câmara Municipal de Salvador Geraldo Júnior, do MDB, como vice.[8] Ele terminou o primeiro turno com 4 019 830 votos, equivalente a 49,45% do total de válidos, disputando o segundo turno com ACM Neto.[9] Jerônimo venceu a eleição com 4 480 464 votos, ou 52,75% dos válidos,[10] tornando-se o primeiro governador autodeclarado indígena do Brasil.[11]
Desempenho eleitoral
[editar | editar código-fonte]Ano | Cargo | Partido | Votos | |||
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Total | Porcentagem | Posição | ||||
2022 | Governador da Bahia | PT | 4 019 830 (1.º turno) | 49,45% | 1.º | |
4 480 464 (2.º turno) | 52,79% | 1.º |
Controvérsias
[editar | editar código-fonte]Aprovação em massa de estudantes
[editar | editar código-fonte]Em 27 de janeiro de 2024, a Secretaria de Educação da Bahia publicou no Diário Oficial a portaria N°190, que dispõe sobre a sistemática de avaliação para aprendizagem na Rede Estadual de Ensino.[12] Contendo, dentre os incisos, a possibilidade que estudantes avançarem de série mesmo reprovados em disciplinas e com faltas em aulas.[13] A medida gerou diversas críticas por parte do corpo docente de diversas instituições estaduais de ensino médio e de órgãos de representantes da classe de educadores do estado.[14]
Em um evento na cidade de Feira de Santana em fevereiro de 2024, o governador Jerônimo Rodrigues afirmou que "não cabe aos professores decidirem sobre a aprovação dos alunos" e que a escola que reprova "é autoritária" e ainda reafirma sua defesa da aprovação em massa dos alunos.[15][16] O discurso gerou críticas de diversos sindicatos e associações educacionais em todo o estado, que declaram como ''injusta'' a posição do chefe do executivo.[15]
"Eu fico muito triste como governador, como professor, quando vejo professoras e e professores reprovando alunos. Não pode ser um professor, um educador, que tenha que dizer no final do ano: 'você está reprovado'. Quando reprova, é a escola que está reprovada. É a escola que não tem condição de dizer: quero curar você da escuridão". afirmou Jerônimo, no evento de abertura do ano letivo, na cidade de Feira de Santana.
Prioridade à prefeituras da base aliada
[editar | editar código-fonte]No dia 22 de abril de 2024, período pré-eleições municipais de 2024, em entrevista a veículos de imprensa locais, Jerônimo afirmou que a prioridade de seu governo é com as prefeituras de sua base aliada, mas que estará aberto para conversar com gestores municipais da oposição que forem eleitos para primeiro mandato ou tentarão a reeleição.[17][18]
“Existem demandas de pessoas que não votaram em Lula e em mim, mas têm interesse em dialogar, e a gente estabelece um critério. Quando tem um candidato que me apoiou e um que não me apoiou, a gente combina para dizer: olha, toque sua vida. Eu vou ter que ser solidário e grato a quem me apoiou. E caso você ganhe as eleições, se não for do campo da minha história, a gente conversa depois das eleições”. afirmou Jerônimo, em entrevista à imprensa local, em evento de contratação de professores, em Salvador.
Avanço da violência e das facções no estado
[editar | editar código-fonte]Segundo dados do Ministério da Justiça, de janeiro a outubro de 2023, a Bahia liderou os índices de homicídio doloso, morte por ação policial e lesão corporal seguida de morte no país, ultrapassando estados como Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará.[19] Os números se repetiram em relação ao ano de 2022, onde o estado da Bahia apresentou 5 mil registros de homicídios durante o ano. Com isso, em 10 meses do governo Jerônimo, os 3.895 homicídios chegaram perto da média registrada no ano anterior. A média mensal de assassinatos na Bahia em 2023 foi de 404 assassinatos.[20]
Durante um evento de entrega de vans escolares, em Salvador, em maio de 2024, o governador afirmou, em declarações à imprensa sobre o avanço da atuação de facções criminosas na Bahia, que "não vai dar trégua a esse movimento" e que esse não seria "um problema apenas da Bahia'', chegando a fazer comparações com a segurança pública europeia e a declarar que seria uma movimentação "internacional".[21]
"Não é só na Bahia, o Brasil está passando por isso. Estive agora na Europa e vi que a Europa também não está ausente desse movimento, que é internacional. Estamos muito firmes do que estamos fazendo, equipando a polícia, seja com novos profissionais, concurso, capacitação, equipamentos de inteligência e viaturas. afirmou Jerônimo, no evento de entrega de vans escolares, em Salvador.
Caderninho dos Comportamentos
[editar | editar código-fonte]No dia 11 de Julho de 2024, durante a solenidade de início da emissão da nova carteira de identidade nacional, no Terminal Pituaçu, em Salvador, Jerônimo afirmou a existência de um ''Caderninho dos Comportamentos'' quando questionado sobre o apoio do Agir, partido de sua base aliada de governo ao prefeito de Salvador e pré-candidato à reeleição, Bruno Reis.[22][23]
O embate se deu devido repercussão de uma foto do deputado estadual Júnior Muniz (PT), pai da presidente estadual do Agir Társsila Muniz, ao lado do prefeito de Salvador em suas redes sociais.
"O partido que não estava efetivamente no conselho político. Tínhamos a parceria com o deputado (Júnior Muniz). Ele não consultou a mim, não conversou comigo, ele tem autonomia, o partido tem, mas como um partido parceiro, é importante ter o diálogo. [...] nós haveremos de conversar e ver como é que a gente faz, a política tem dessas; eu não decepciono não, mas a gente está botando no caderninho os comportamentos de como é que acontece as coisas na Bahia". afirmou Jerônimo, em solenidade de início da emissão da nova carteira de identidade nacional, no Terminal Pituaçu em Salvador.
Líderes da Oposição, como o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (UNIÃO) criticaram a fala do chefe do executivo, Segundo Neto, o posicionamento do petista mostra o “lado dele de perseguição, de quem vai atrás dos políticos que eventualmente não rezarem na cartilha dele. Isso é inaceitável.”[24] A presidente estadual do Agir na Bahia, em meio à pressão da base governista, rebateu a fala do sobre possível apoio a candidatura de oposição, em Salvador. em nota, afirmou que os diretórios tem autonomia para definir as composições eleitorais de cada cidade, respeitando suas particularidades e as diretrizes previamente apresentadas pelo comando estadual, em sequência rebateu o argumento de que o deputado petista Júnior Muniz, pai de Társsila estaria envolvido nas negociações, "O deputado Júnior Muniz é muito querido pelo Agir, mas ele faz parte de outra agremiação, e essa decisão cabe apenas ao Agir”, finalizou Társsila.[25]
Referências
- ↑ a b c d «Jerônimo Rodrigues: quem é o novo governador da Bahia». Infomoney
- ↑ a b c Tortella, Tiago (2 de outubro de 2022). «Saiba quem é Jerônimo Rodrigues, que disputa o 2° turno na Bahia». CNN Brasil. Consultado em 7 de outubro de 2022
- ↑ Carvalho, Eric Luis (30 de outubro de 2022). «Indígena e professor: conheça Jerônimo Rodrigues, eleito governador da Bahia neste domingo». G1
- ↑ Arraz, Lucas; Caldas, Matheus (16 de junho de 2019). «Marta Rodrigues avalia desempenho do irmão Jerônimo Rodrigues na Secretaria de Educação». Bahia Notícias
- ↑ «Jerônimo Rodrigues Souza». Assembleia Legislativa da Bahia
- ↑ D'Eça, Aline (11 de abril de 2019). «PGJ participa de entrega de Comenda 2 de julho a secretário estadual». Ministério Público do Estado da Bahia
- ↑ «Jerônimo Rodrigues receberá Título de Cidadão de Salvador hoje à noite». Câmara Municipal de Salvador. 26 de agosto de 2019. Consultado em 7 de outubro de 2022
- ↑ Carvalho, Eric Luis (31 de outubro de 2022). «Advogado, comunicador e presidente da Câmara de Salvador: conheça Geraldo Júnior, vice governador eleito da Bahia». G1
- ↑ «Eleição Ordinária Federal - 2022 1º Turno - Governador - BA». TSE: Resultados
- ↑ «Eleição Ordinária Federal - 2022 2º Turno - Governador - BA». TSE: Resultados
- ↑ Corrêa, Gabriel (31 de outubro de 2022). «Jerônimo Rodrigues se torna o primeiro governador indígena da história». Agência Brasil. Consultado em 4 de novembro de 2022
- ↑ «Portaria N°190/2024» (PDF). Diário Oficial do Governo da Bahia. 27 de janeiro de 2024. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ «Entenda o que acontece se o governo Jerônimo decidir revogar a portaria da aprovação em massa». www.correio24horas.com.br. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ liviabruna (16 de fevereiro de 2024). «APLB denuncia Portaria 190 do governo da Bahia e alerta: Aprovação em massa é descompromisso com a educação!». CTB. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ a b «Jerônimo diz que escolas que reprovam alunos são 'autoritárias'; veja vídeo». www.correio24horas.com.br. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ «Estímulo à aprovação automática na Bahia volta a opor esquerda ao governador do PT». O Globo. 7 de março de 2024. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ «'Prioridade é quem caminhou junto, mas garanto dialogar com oposição', diz Jerônimo». Bahia.Ba. Consultado em 17 de julho de 2024
- ↑ «501 | Ooops. Conteúdo indispinível :/». Veja Essa. Consultado em 17 de julho de 2024
- ↑ «Dados do Ministério da Justiça confirmam descontrole da violência na Bahia». VEJA. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ «Bahia é o segundo estado mais violento do Brasil, indica Anuário Brasileiro da Violência». Brasil 61. 12 de setembro de 2023. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ «Governador cita Europa ao comparar escalada da violência a 'movimento internacional'». Bahia.Ba. Consultado em 6 de julho de 2024
- ↑ «Jerônimo dispara sobre coligação do AGIR com Bruno Reis: "Botando no caderninho os comportamentos"». Bnews. 9 de julho de 2024. Consultado em 17 de julho de 2024
- ↑ «Jerônimo Rodrigues fala sobre "caderninho" em que anota comportamento de aliados; saiba mais». Bnews. 11 de julho de 2024. Consultado em 17 de julho de 2024
- ↑ «ACM Neto afirma que Jerônimo Rodrigues persegue aliados políticos: 'caderninho da perseguição'». www.correio24horas.com.br. Consultado em 17 de julho de 2024
- ↑ Bahia, Mandato. «ACM Neto Critica Jerônimo por 'Caderninho da Perseguição' - Mandato Bahia». ACM Neto Critica Jerônimo por ‘Caderninho da Perseguição’ - Mandato Bahia. Consultado em 17 de julho de 2024