Joaquim Anselmo da Mata e Oliveira – Wikipédia, a enciclopédia livre

Joaquim Anselmo da Mata e Oliveira
Joaquim Anselmo da Mata e Oliveira
Nascimento 5 de março de 1874
Lisboa
Morte 24 de julho de 1948 (74 anos)
Lisboa
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação oficial de marinha, político
Empregador(a) Marinha Portuguesa

Joaquim Anselmo da Mata Oliveira (Lisboa, 5 de março de 1874Lisboa, 24 de julho de 1948) foi um oficial general da Armada Portuguesa e político, que, entre outras funções de relevo, foi deputado na fase final da Monarquia Constitucional Portuguesa (1908-1910), governador de Macau (1930) e procurador à Câmara Corporativa do regime do Estado Novo (1935-1938).[1][2] Ao longo da sua carreira, comandou diversos navios de guerra e desempenhou outras missões de topo na estrutura militar da Armada Portuguesa.

Joaquim Anselmo da Matta Oliveira nasceu em Lisboa, filho de João Theodoro de Oliveira e de Victoria Adelaide Freire da Matta Oliveira. Ingressou na Escola Naval em 31 de outubro de 1892, cujo curso concluiu em 1895. Ao longo da sua carreira concluiu o curso complementar naval e o curso do Estado-Maior Naval. Como oficial da Armada, foi sucessivamente promovido a guarda-marinha em 1895, a segundo-tenente em 1898, a primeiro-tenente em 1907, a capitão-tenente em 1917, a capitão-de-fragata em 1919, a capitão-de-mar-e-guerra em 1932 e a contra-almirante em 1936. Durante a Grande Guerra integrou a partir de 1918 a comissão reorganizadora da defesa do porto de Lisboa, das costas metropolitanas e das Ilhas Adjacentes e a comissão encarregada de dar execução ao Plano Geral de Defesa Nacional. Terminado o respetivo curso, a partir de 1919 foi membro do Estado-Maior Naval. Em 1924 foi nomeado chefe do Estado-Maior da Esquadrilha Ligeira e em 1925 passou a chefe do Estado-Maior da Esquadra de Operações. Em 1932 foi nomeado superintendente dos Serviços da Armada, e depois, sucessivamente, subchefe e chefe do Estado-Maior Naval. Em 1937 foi nomeado major-general da Armada, passando em 1941 à reserva, por limite de idade.[1]

Interessou-se pela história e pela investigação em matérias militares e a partir de 1905 foi colaborador permanente da Revista Militar, onde publicou o resultado das suas investigações em história e estratégia militar. Foi sócio efetivo da Revista Militar a partir de 1909, membro do Conselho Fiscal em 1913 e membro da direção em 1914 e 1917, sendo que ao longo da sua carreira deteve sempre importantes funções na direção da revista.[1]

Na política iniciou-se como deputado eleito pelo círculo eleitoral de Margão, no Estado da Índia, em funções de 1908 a 1910, ou seja, na última legislatura da Monarquia Constitucional Portuguesa. Já após o golpe de 28 de maio de 1926 foi Chefe de Gabinete do Ministro da Marinha (1929-1931), sendo em 1930 nomeado governador de Macau e membro do Conselho Superior das Colónias (depois o Conselho Superior Colonial).[3]

Mata e Oliveira governou Macau de 30 de março de 1931 a 15 de outubro de 1931, durante o período da operacionalização da proibição do comércio do ópio por acordo com a Sociedade das Nações.[4] Tinha estado anteriormente em Macau como primeiro-tenente, ao comando da canhoneira Macau, tendo-se distinguido no episódio contra os piratas em Coloane ocorrido em julho de 1910.[5] No dia 15 de outubro de 1931, partiu para Lisboa, em serviço, o governador de Macau, o capitão-de-fragata Joaquim Anselmo da Matta e Oliveira, a bordo do cruzador Adamastor, que saiu da Ponte Nova do Porto Exterior.[2] Já não regressaria a Macau, sendo substituído em 21 de junho de 1932 pelo tenente-coronel de Artilharia António José Bernardes de Miranda.[6]

Durante o seu curto mandato em Macau, o comércio do ópio era uma das questões de maior relevo para a política ultramarina portuguesa no âmbito da Sociedade das Nações (SDN), pois por pressão de alguns Estados (a China e os EUA, sobretudo), tinham sido aprovadas em 11 de janeiro e 19 de fevereiro de 1925 duas convenções sobre ópio preparado, ópio bruto e outros estupefacientes, visando controlar o contrabando de ópio. Aquando da aprovação das convenções, Portugal fora acusado de assumir uma posição dúbia relativamente ao consumo de drogas, sobretudo em relação Macau, onde o comércio legal do ópio fora durante muito tempo a principal receita fiscal. As autoridades portuguesas fizeram um grande esforço no sentido de respeitarem os compromissos assumidos internacionalmente e no início de 1929 foi feito um levantamento de dados sobre o consumo de drogas em todos os territórios portugueses, posteriormente enviados para a SDN.[7]

Com a criação da Câmara Corporativa foi nomeado procurador por designação do Conselho Corporativo na I Legislatura (1935-1938). Na Câmara Corporativa dedicou-se essencialmente a assuntos militares, integrado a 19.ª secção (Defesa Nacional).[1]

Quanto a condecorações e louvores, recebeu a medalha de prata da classe de comportamento exemplar e recebeu louvores pela forma como desempenhou as suas comissões de serviço em África.[8]