Jornalismo de cidade – Wikipédia, a enciclopédia livre

Chama-se Jornalismo de Cidade, Jornalismo Local ou ainda noticiário local a especialização da profissão jornalística relativa à cobertura de fatos e eventos no contexto local. Normalmente, considera-se que estes assuntos não seriam de interesse para públicos de outras localidades, ou tampouco num nível nacional ou internacional. Pode-se, ainda, ampliar o conceito para « jornalismo regional », sobretudo no caso das redes de comunicação que atuam com abrangência de várias cidades, formando uma região por razões geográficas, culturais ou simplesmente por políticas de concessão.

Peculiaridades

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Em geral, o âmbito de cobertura do noticiário local diz respeito ao espaço geográfico de um município, concelho, distrito ou, em casos maiores, as regiões metropolitanas e estados ao redor de uma cidade.

No entanto, determinados fatores podem "elevar" a importância de um fato local e fazê-lo ser destaque no escopo do noticiário nacional ou mesmo no exterior — entre tais fatores estão, por exemplo, o grau de inusitado de um fato ou a importância geopolítica do local onde ocorreu. Neste caso, a notícia será publicada na seção Cidade da imprensa local e nas seções Nacional e Internacional da mídia de outras cidades e países, respectivamente.

Para cobrir notícias locais que tenham interesse ampliado nacionalmente, jornais e outros veículos de imprensa costumam manter redações sucursais em cidades estratégicas.

No Brasil, as editorias que publicam o noticiário local costumam ser chamadas de Cidade, Cotidiano, Local, Regional ou ainda batizadas com o nome da cidade-sede do veículo (como a editoria Rio do jornal O Globo e Fortaleza do jornal O Povo).

Nos EUA, cunhou-se o termo "hiperlocal" para se referir à cobertura de notícias em nível ainda menor que o das cidades, como o Jornalismo de bairro/comunitário.

O Jornalismo de Cidade é considerado mundialmente como a principal "escola" de reportagem e passagem inicial obrigatória na experiência profissional do jornalista. É comum a crença, entre colegas da profissão, de que o repórter que souber fazer bem o noticiário local está apto a cobrir qualquer outro assunto ou lugar do mundo.

As pautas do Jornalismo de Cidade incluem a cobertura de eventos (acidentes, crimes, fatalidades, festas cívicas, problemas ambientais de âmbito local como poluição de praias e rios, etc.), as instituições que geram produtos e fatos (prefeituras, secretarias municipais, empresas e entidades municipais e regionais), as políticas públicas para a área (problemas de infraestrutura, trânsito, saneamento, saúde, educação) e o dia-a-dia da localidade.

A política em nível municipal ou de concelho (eleições, atividades da câmara de vereadores, secretarias e outros órgãos municipais) é muitas vezes coberta pelas equipes das editorias de Cidade, embora às vezes fique a cargo do Jornalismo Político.

Como na maior parte das especializações jornalísticas, as fontes de Cidade são divididas entre protagonistas (personagens dos eventos e fatos locais), autoridades (prefeitos, vereadores, secretários, diretores de órgãos públicos, policiais), especialistas (educadores, sanitaristas, ambientalistas) e usuários (outros habitantes, moradores, vizinhos).

Funções específicas

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Uma função essencial no Jornalismo de Cidade em várias redações de jornalismo diário é a do apurador ou escuta. Trata-se de um repórter que fica, dentro da redação, numa sala específica (sala de apuração) com aparelhos de escuta radiofônica sintonizados nas freqüências utilizadas pelas polícias, pelos bombeiros e pela Defesa Civil. Quando ouvem um fato que pode servir para uma notícia, os apuradores confirmam a informação por telefone com as autoridades responsáveis (ou colegas em outros veículos) e comunicam a seus chefes que, se necessário, deslocam um repórter para o local do crime ou acidente.

Sobre esta função, ver também o artigo específico Cobertura policial.

Jornalismo de Cidade no Brasil

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No Brasil, praticamente todos os jornais diários são de âmbito local, mesmo os que se distribuem em circulação nacional (como a Folha de S.Paulo e O Globo). Já revistas semanais de circulação nacional, como a Veja, encartam em suas edições revistas locais para as maiores cidades (apelidadas de Vejinha). O carioca Jornal do Brasil criou, em 2004, cadernos específicos para suas sucursais em Brasília e Niterói.

As editorias de cidade dos principais jornais diários brasileiros são chamadas de "Cidade" no JB, "Cotidiano" na Folha de S.Paulo, "Metrópole" em O Estado de S.Paulo, "Rio" em O Globo, "Rio" em O Dia, "Paraná" na Gazeta do Povo, "Geral" e "Polícia" no Zero Hora, "Cidades-DF" no Correio Braziliense "Geral" no Estado de Minas, "Salvador" em A Tarde, "Vida Urbana" no Diário de Pernambuco, "Atualidades" e "Polícia" em O Liberal, e "Cidade" no Diário do Nordeste, "Cotidiano" no O Povo, "Cidades" em O Popular.

Na televisão, quase todas as redes dividem seus noticiários em locais e nacionais. As notícias locais que são julgadas como de interesse nacional são produzidas pelas sucursais (ou afiliadas) e acabam repetidas no telejornal em rede.

Jornalismo de Cidade em Portugal

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Referências bibliográficas

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  • FABBRI Jr, Duílio. A Tensão entre Global e Local: os limites de um noticiário regional na TV. Campinas: Akademika, 2006.

Ligações externas

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