L'Auberge rouge (livro) – Wikipédia, a enciclopédia livre
L'Auberge rouge | |||||||
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A Estalagem Vermelha [BR] | |||||||
Autor(es) | Honoré de Balzac | ||||||
Idioma | Francês | ||||||
País | França | ||||||
Gênero | Romance policial | ||||||
Série | Études philosophiques | ||||||
Localização espacial | Paris, Andernach | ||||||
Editora | La Revue de Paris | ||||||
Lançamento | 1831 | ||||||
Edição brasileira | |||||||
Tradução | Vidal de Oliveira | ||||||
Editora | Globo | ||||||
Cronologia | |||||||
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L'auberge rouge (em português: A Estalagem Vermelha[1]) é uma novela de 1831 escrita pelo autor francês Honoré de Balzac incluída nos Études philosophiques ("Estudos filosóficos") de sua Comédia Humana.
Presentação
[editar | editar código-fonte]L'auberge rouge é uma das primeiras obras que Balzac assinou com seu nome, daí seu clima ainda levemente gótico. Segundo o depoimento da irmã do escritor, trata-se de uma história real,[2] contada "por um antigo cirurgião militar, amigo do homem condenado injustamente".[3] Para Paulo Rónai, "uma das mais importantes entre as novelas de Balzac."[4]
A frase "na raiz de toda grande fortuna existe um crime", que costuma ser citada como sendo deste livro,[5], na verdade não é dita em lugar nenhum da obra. O máximo que se diz é: "Assim como a virtude, o crime tem seus graus." Existe uma frase parecida, proferida pelo personagem Vautrin, um criminoso, no livro O Pai Goriot, a saber: "O segredo das grandes fortunas sem causa aparente é um crime esquecido porque o serviço foi bem-feito."[6] Só que "grandes fortunas sem causa aparente" não é o mesmo que "toda grande fortuna".
Em resumo, a obra conta a história de dois médicos que passam a noite numa taverna; um terceiro hóspede traz consigo muito dinheiro e aparece morto; todas as provas são contra um dos amigos, que realmente teve a ideia de matá-lo, porém desistiu no último segundo; mesmo assim, aceita sua condenação à morte, pois se sente culpado; sua ideia do assassinato fora transmitida telepaticamente a Taillefer, o outro médico, que é o verdadeiro criminoso e se cala para ficar com a fortuna.
Balzac empregou uma técnica complexa e inovadora, onde a história é contada pela única pessoa que conhecia a trama, estando presentes, entre outros, Taillefer e seu futuro genro, que o desmascara intimamente graças a um pequeno detalhe. Daí, o dilema: é imoral aceitar riquezas sabidamente advindas de um ato criminoso? Outra técnica empregada é a da história dentro de uma história: um narrador conta a história de um jantar onde o convidado alemão, Hermann, conta a história do crime da estalagem vermelha, parte da qual lhe foi contada na prisão por Prosper Magnan.[7]
Segundo Marcel Barrière em seu estudo literário e filosófico de A Comédia Humana, "Balzac, após ter feito a distinção que existe entre o fato e sua ideia geradora, inflige ao homem que concebeu o fato sem o executar a punição humana reservada normalmente à culpabilidade real. Quanto àquele que realmente agiu, escapa à vingança da sociedade, mas não à mais terrível da Providência.[8]
Dos quatro filmes com o título L'Auberge rouge (A Estalagem Vermelha), apenas dois, de 1912 e 1923, do cinema mudo portanto, são baseados na obra de Balzac. Os de 1951 e 2007 baseiam-se nos crimes da estalagem de Peyrebeille e nada têm a ver com a obra balzaquiana.
Enredo
[editar | editar código-fonte]O banqueiro alemão Hermann, de passagem por Paris, janta na companhia da alta sociedade. No final da refeição, ele conta uma estranha história que ouviu durante a sua prisão em Andernach, na época das Guerras Revolucionárias Francesas, onde foi preso pelos franceses por comandar um grupo de resistência.
Trata-se de um crime cometido em 1799. Dois cirurgiões militares passam a noite numa estalagem, partilhando o quarto com um industrial que fugiu das hostilidades e que admite, durante a refeição, ter consigo uma considerável soma em ouro, bem como diamantes. Um dos dois cirurgiões, Prosper (Próspero na edição brasileira de A Comédia Humana organizada por Paulo Rónai) Magnan, muito impressionado com esta revelação, não consegue adormecer e imagina como seria fácil e rentável para ele matar o industrial. Quando enfim adormece, é acordado por um tumulto: o industrial foi realmente assassinado e, mais ainda, com um instrumento cirúrgico.
Prosper Magnan é inocente, mas é preso, condenado e fuzilado.
Enquanto o banqueiro alemão Hermann desenvolve sua história, o narrador de A Estalagem Vermelha escuta. No entanto, ele está sentado em frente a outro convidado que dá sinais de inquietação durante o relato de Hermann: trata-se do verdadeiro assassino, por acaso sentado na mesma mesa. Este homem, Jean-Frédéric (Frederico) Taillefer, é o pai de Victorine (Vitorina) Taillefer, que encontraremos em O Pai Goriot.
Tendo se tornado um rico financista e cumulado de honras, Jean-Frédéric Taillefer desmorona gradualmente à medida que a história avança. A sua opulência, devido a esse crime, não impediu lembranças dolorosas, e Taillefer é acometido de uma crise nervosa da qual morre pouco depois.
O narrador balzaquiano, por sua vez, apaixonado por Victorine Taillefer, reluta em se casar com uma herdeira cuja fortuna está coberta de sangue. Ele pede conselhos aos amigos e a maioria acha que ele não deveria se casar, mas por um motivo interesseiro: eles têm interesse em se casar com ela. O livro termina sem uma solução.[9]
Referências
- ↑ Honoré de Balzac. A comédia humana. Org. Paulo Rónai. Porto Alegre: Editora Globo, 1954. Volume XVI
- ↑ Prefácio de Paulo Rónai a A Estalagem Vermelha no Volume XVI de A Comédia Humana por ele organizada.
- ↑ Mme. Surville, Balzac, sa Vie et ses Œuvres, pág. 103.
- ↑ Paulo Rónai, Prefácio a A Estalagem Vermelha.
- ↑ Por exemplo, em Rosivaldo Toscano Jr. «MUITO MAIS QUE UMA AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA». Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ O Pai Goriot, volume 4 da edição de A Comédia Humana organizada por Paulo Rónai, tradução de Gomes da Silveira.
- ↑ "A novela é das de técnica mais engenhosa entre todas as novelas de Balzac: ele aqui, à maneira dos narradores orientais, enxerta uma história dentro da outra, mas, mais artista que eles, sabe mantê-las em estreita ligação até o fim." Paulo Rónai, Prefácio a A Estalagem Vermelha.
- ↑ Marcel Barrière, L'Œuvre de H. de Balzac, Paris: Calmann Lévy, 1890.
- ↑ Resumo baseado no verbete correspondente da Wikipédia francesa.
Ligações externa
[editar | editar código-fonte]- Fac-símile em francês no site da Biblioteca Nacional da França.