Laurent Nkunda – Wikipédia, a enciclopédia livre
Laurent Nkunda | |
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Nascimento | 2 de fevereiro de 1967 (57 anos) República Democrática do Congo |
Serviço militar | |
País | República Democrática do Congo |
Serviço | Forças Armadas da República Democrática do Congo |
Anos de serviço | 1994-2004 |
Patente | General |
Conflitos | Genocídio do Ruanda (1994-1995); Primeira Guerra do Congo (1997-1998); Segunda Guerra do Congo (2000-2003); Conflito de Kivu (2007); Guerra do Nord-Kivu (2008) |
Laurent Nkunda, Laurent Nkundabatware ou Laurent Nkunda Batware (nascido em 2 de fevereiro de 1967) é um ex-general das Forças Armadas da República Democrática do Congo, e é o ex-líder da facção rebelde que opera na província de Nord-Kivu, solidário aos Tutsis congoleses e ao governo dominado pelos Tutsis de Ruanda. Nkunda comandou as 81ª e 83ª brigadas das tropas das Forças Armadas da República Democrática do Congo. Ele domina as línguas inglês, francês, swahili e kinyarwanda.[1] No início de 2009, Nkunda foi capturado durante uma operação conjunta entre as Forças Armadas da RDC e de Ruanda.[2]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Nkunda tem seis filhos, sendo o mais velho com 18 anos de idade. Antes de se juntar à carreira militar, Nkunda estudou psicologia na Universidade de Kisangani,[3] e então começou a lecionar numa escola na cidade de Kichanga. Diz-se que ele admirava líderes como Mahatma Gandhi e George W. Bush.[4]
Crenças religiosas
[editar | editar código-fonte]Nkunda foi ordenado como pregador[5] e ministro cristão.[5] Segundo ele, a maior parte de suas tropas converteu-se ao Cristianismo.[6] No documentário Blood Coltan, sobre o real custos de telefones celulares, Nkunda mostra orgulhosamente um botom que ele usa, onde está escrito "Rebeldes de Cristo". Segundo o próprio Nkunda, ele é um pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Também diz que recebe ajuda e conselhos do grupo religioso americano "Rebeldes de Cristo", que visita regularmente o país pregando o Cristianismo Pentecostal.[7] No entanto, a Igreja Adventista do Sétimo Dia nega que Nkunda esteja ligado à igreja.[8]
Carreira política e militar
[editar | editar código-fonte]Genocídio em Ruanda (1994–1995)
[editar | editar código-fonte]Durante o Genocídio do Ruanda, o ex-estudante de psicologia viajou para Ruanda, juntando-se à Frente Patriótica Tutsi Ruandense, que estava lutando contra as Forças Armadas da Ruanda, as forças armadas responsáveis pelo genocídio, liderado pelo governo controlado pelos Hutus.[9]
Primeira Guerra do Congo (1997–1998)
[editar | editar código-fonte]Após a vitória da Frente Patriótica da Ruanda, que se tornou o novo governo do Ruanda, Nkunda retornou à República Popular do Congo. Durante a Primeira Guerra do Congo, ele combateu juntamente com Laurent-Désiré Kabila, que derrotou com sucesso Mobutu.[9]
Segunda Guerra do Congo (2000–2003)
[editar | editar código-fonte]Durante o início da Segunda Guerra do Congo, Nkunda juntou-se, e tornou-se um major no Reagrupamento Congolês para a Democracia, e lutou ao lado das forças de Ruanda, Uganda, Burundi, e de outras forças militares Tutsis.
Carreira no Exército e rebelião (2007)
[editar | editar código-fonte]Em 2003, com o término oficial da guerra, Nkunda juntou-se ao novo exército nacional integrado do governo de transição da República Democrática do Congo como Coronel, e em 2004, foi promovido a General. No entanto, logo rejeitou a autoridade governamental, e retirou-se com algumas tropas RCD e de Goma para as florestas de Masisi, na província de Nord-Kivu,[10] onde ele instalou um foco de rebelião contra o governo de Joseph Kabila. Nkunda disse estar defendendo os interesses da minoria Tutsi no leste da República Democrática do Congo, que estavam sujeitos a ataques Hutus, que tinham fugido após o seu envolvimento com o Genocídio do Ruanda. Esta guerra ficou conhecida como Conflito de Kivu.
Formando um governo
[editar | editar código-fonte]Em agosto de 2007, a área sob o controle de Nkunda cobria os territórios ao norte do Lago Kivu, na província de Nord-Kivu, nos territórios de Masisi e Rutsuru. Nesta área, Nkunda estabeleceu seu quartel-general, construindo a infraestrutura necessária e desenvolvendo instituições de ordem. Nkunda estabeleceu uma organização política conhecida como Congresso Nacional para a Defesa do Povo.
Conflitos em Nord-Kivu (2008)
[editar | editar código-fonte]Na guerra, que começou em 27 de outubro de 2008, conhecida como a Guerra do Nord-Kivu, Nkunda liderava os rebeldes Tutsis que estavam se opondo ao Exército da República Democrática do Congo e às forças das Nações Unidas, que tem um contingente de mais de 17.000 soldados no país. Relata-se que Nkunda estava avançando com suas tropas numa tentativa de capturar a cidade de Goma, e o Exército da RDC diz que Nkunda estava recebendo ajuda de Ruanda.[11]
A guerra causou a retirada de 200.000 civis, trazendo o total de pessoas afetadas pelo Conflito de Kivu para mais de 2 milhões de pessoas,[12] causando grande mal-estar civil[13] e fome.[12] As Nações Unidas chamam o conflito como "uma crise humanitária de dimensões catastróficas".[14]
Numa entrevista ao BBC em 10 de novembro de 2008, Nkunda ameaçou atingir o governo da República Democrática do Congo se o presidente, Joseph Kabila, continuar a evitar negociações diretas.[15]
Direitos humanos
[editar | editar código-fonte]Com o passar dos anos, Nkunda esteve sob investigação e foi acusado por várias organizações de cometer abusos aos direitos humanos. Nkunda foi indiciado por crimes de guerra em setembro de 2008, e está sob investigação da Corte Penal Internacional.[10]
De acordo com observadores dos direitos humanos, tais como a Refugees International, alega-se que as tropas de Nkunda cometeram assassinatos, estupros e saques nas povoações civis controladas pelos rebeldes; uma responsabilidade que Nkunda nega.[16] A Anistia Internacional diz que suas tropas usaram crianças menores de 12 anos para servirem como soldados-criança.[17]
Em maio de 2002, Nkunda foi acusado de massacrar 160 pessoas em Kisangani, levando ao Comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Mary Robinson, a pedir sua prisão após o sequestro e o linchamento de dois investigadores das Nações Unidas, realizados pelas tropas de Nkunda.[10] Nkunda diz que as Nações Unidos ignoraram os ataques gerais contra Tutsis na região durante o Genocídio do Ruanda em 1994.
Soldados-criança
[editar | editar código-fonte]Nkunda refuta veementemente as acusações que declaram que ele recruta soldados-criança e dizem que ele usou mais de 2.500 "jovens soldados e que ainda está fazendo isso, que seria "ridículo" recrutar mais soldados. O contingente total das tropas de Nkunda é estimado entre 7 e 8 mil homens.
Possível usurpação
[editar | editar código-fonte]Nkunda já foi usurpado na sua liderança pelo seu ex-amigo Bosco Ntaganda, que se tornou o novo representante do grupo. Os dois devem ter tido uma briga devido a um massacre realizado pelas tropas de Ntaganda.[18]
Captura e prisão
[editar | editar código-fonte]Nkunda foi capturado em 22 de janeiro após ter cruzado a fronteira com a Ruanda. Após tentativas malsucedidas de derrotar as tropas do Congresso Nacional para a Defesa do Povo, o Presidente da República Democrática do Congo, Kabila, realizou uma negociação com o Presidente do Ruanda, Kagame, para permitir que soldados ruandenses entrem na República Democrática do Congo para remover militantes FDLR em troca da extradição de Nkunda.[19] As autoridades ruandenses ainda tem que dizer se Nkunda será extraditado para a República Democrática do Congo, que emitiu uma garantia internacional para a sua prisão.[2] Um porta-voz militar da Ruanda disse que Nkunda foi preso após enviar três batalhões para repelir o avanço das tropas conjuntas das Forças Armadas da República Democrática do Congo e da Ruanda.[20] As forças foram parte de uma operação conjunta entre as Forças Armadas da República Democrática do Congo e da Ruanda para caçar homens pertencentes a milícias Hutus que operam na RD do Congo.[21] Nkunda esta atualmente sendo mantido destrancado num local não divulgado pelas autoridades ruandenses.[22] Um porta-voz militar de Ruanda disse, no entanto, que Nkunda está sendo mantido em Gisenyi, uma cidade no distrito de Rubavu, Província do Oeste.[23][24]
Referências
- ↑ McConnell, Tristan (1 de novembro de 2008). «Congo's maverick warlord who kills in the name of Christianity». The Times (em inglês). Consultado em 1 de novembro de 2008
- ↑ a b BBC News. Rwanda arrests Congo rebel leader. 23 January 2009
- ↑ «Who is Laurent Nkunda?». Radio France Internationale (em inglês). 14 de novembro de 2008. Consultado em 18 de novembro de 2008. Arquivado do original em 23 de março de 2012
- ↑ "For Tutsis of Eastern Congo, Protector, Exploiter or Both?" by Stephanie McCrummen, The Washington Post, August 6, 2007
- ↑ a b http://www.csmonitor.com/2008/1114/p06s01-woaf.html
- ↑ "Dinner With A Warlord." Arquivado em 5 de julho de 2007, no Wayback Machine. New York Times, June 18, 2007.
- ↑ "Rebels for Christ, Killing in the Name of God" "Rebels for Christ, Two for the Road, New York Times Blog June 21, 2007"
- ↑ «Adventists Deny Rebel Leader's Claimed Affiliation». Consultado em 21 de maio de 2009. Arquivado do original em 16 de dezembro de 2008
- ↑ a b "We are ready for war, rebels warn Kabila" Arquivado em 24 de setembro de 2006, no Wayback Machine., The Independent, August 3, 2006
- ↑ a b c "Arrest Laurent Nkunda For War Crimes", Human Rights Watch, February 1, 2006
- ↑ Faul, Michelle (29 de outubro de 2008). «Congolese army claims attack by Rwandan troops». Associated Press (em inglês)
- ↑ a b «U.N. says recent Congo fighting uproots 200,000». CNN (em inglês). 27 de outubro de 2008. Consultado em 28 de outubro de 2008
- ↑ «Protesters attack U.N. HQ in eastern Congo». CNN (em inglês). 24 de outubro de 2008. Consultado em 28 de outubro de 2008
- ↑ «Congo rebels 'cease fire' as UN urges restraint». Financial Times (em inglês). 29 de outubro de 2008. Consultado em 31 de outubro de 2008
- ↑ «Talk or go, DR Congo rebel warns». BBC (em inglês). 10 de novembro de 2008. Consultado em 10 de novembro de 2008
- ↑ Refugees International website. Arquivado em 28 de setembro de 2007, no Wayback Machine. Retrieved 5 September 2007.
- ↑ "Rise in recruitment of child soldiers in DRC." Arquivado em 23 de outubro de 2007, no Wayback Machine. The Wire, Amnesty International's monthly magazine, June 2006. Retrieved 5 September 2007.
- ↑ http://www.csmonitor.com/2009/0122/p06s01-woaf.html
- ↑ "DRC: Civilians at risk from further fighting after Nkunda arrest", IRIN, 26 January 2009 (accessed 23 February 2009)
- ↑ «Rebel leader General Nkunda arrested». The Zim Daily (em inglês). 23 de janeiro de 2009. Consultado em 23 de janeiro de 2009
- ↑ «Congo, rebel leader Nkunda arrested». Africa Times (em inglês). 23 de janeiro de 2009. Consultado em 23 de janeiro de 2009. Arquivado do original em 12 de fevereiro de 2009
- ↑ «Congo's Nkunda arrested in Rwanda». Radio Telefís Éireann (em inglês). 23 de janeiro de 2009. Consultado em 23 de janeiro de 2009
- ↑ «Congo rebel leader Nkunda arrested». El Economista (em inglês). 23 de janeiro de 2009. Consultado em 23 de janeiro de 2009
- ↑ «Congo rebel leader Nkunda arrested in Rwanda». Khaleej Times (em inglês). 23 de janeiro de 2009. Consultado em 23 de janeiro de 2009. Arquivado do original em 8 de junho de 2011