Luís Gonzaga da Silva Leme – Wikipédia, a enciclopédia livre
Luís Gonzaga da Silva Leme | |
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Nascimento | 3 de agosto de 1852 Bragança Paulista |
Morte | 13 de janeiro de 1919 (66 anos) São Paulo |
Nacionalidade | Império do Brasil |
Ocupação | Advogado, engenheiro civil, historiador, genealogista |
Luís Gonzaga da Silva Leme (Bragança Paulista, 3 de agosto de 1852 — São Paulo, 13 de janeiro de 1919) foi um advogado, engenheiro civil, historiador e genealogista brasileiro. Tornou-se especialmente conhecido por ter organizado a obra Genealogia Paulistana, que narra a linhagem da elite de São Paulo.
Panorama da Época
[editar | editar código-fonte]Filiação
[editar | editar código-fonte]Silva Leme é filho do coronel da Guarda Nacional e fazendeiro Luís Manuel da Silva Leme e de Carolina Eufrásia de Morais. Durante a infância, ele morou na cidade de Bragança Paulista, no interior do estado de São Paulo.[1] O pai dele, coronel Luís Manuel, começou a trabalhar muito cedo na lavoura de café, como forma de assegurar recursos para criar os filhos. Ele também participou da política, sendo chefe do Partido Conservador em Bragança e vereador da Câmara Municipal.[1]
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Silva Leme sempre se destacou pela capacidade intelectual. Isso fez com que fosse muito bem-sucedido em todas as áreas que ele escolheu atuar no futuro.[1]
A casa da família Silva Leme era, muitas vezes, local de encontros políticos que definiriam o futuro da cidade de Bragança. É por isso que os filhos, incluindo Luís Gonzaga da Silva Leme, cresceram em um ambiente de engajamento político.[1]
Vida Profissional
[editar | editar código-fonte]Início dos Estudos Acadêmicos
[editar | editar código-fonte]Foi no Seminário de São Paulo que Silva Leme fez seus estudos preparatórios. Em 1872, matriculou-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, onde bacharelou-se em 31 de outubro de 1876. Mas resolveu mudar os planos e guinar a carreira para a área de exatas, desistindo da área jurídica.[2]
Logo depois, seguiu para os Estados Unidos da América, onde começou o curso de engenharia civil no Instituto Politécnico de Rensselaer, na cidade de Troy, estado de Nova Iorque. Formou-se em junho de 1880.[3]
Experiências profissionais
[editar | editar código-fonte]Quando ainda era estudante do quarto ano de engenharia, trabalhou com uma equipe de engenheiros do governo estadunidense com o objetivo de melhorar o rio Missouri, na cidade de Omaha, estado de Nebraska.[2] Como ajudante, integrou a turma encarregada da triangulação e sondagens para o levantamento da carta hidrográfica do rio.
Em 1880, ocupou o lugar de chefe de seção na construção da estrada de ferro de Jacksonville a Waycross, na Flórida. Retornou ao Brasil em 1881 e foi ajudante do engenheiro Antônio Francisco de Paula Sousa. Mais tarde, tornou-se chefe de seção, na construção da estrada de ferro que ia de Rio Claro a São Carlos. Quando concluída, no ano de 1883, esta mesma estrada de ferro foi prolongada até a cidade de Araraquara.
Silva Leme foi nominado engenheiro-chefe para acabar a construção da estrada de ferro bragantina, inaugurada em 6 de agosto de 1884. Nomeado inspetor geral desta estrada, permaneceu neste posto até 1898, ano que começou a dedicar-se as pesquisas da sua obra genealógica.[3] Depois de começar as pesquisas, abandonaria a profissão de engenheiro.
Ele também construiu a capela de Pirapora, dirigiu a construção do Colégio de São Norberto e inaugurou o abastecimento de água. (PESQUISAR FONTES)
Vida Pessoal
[editar | editar código-fonte]Casou com Maria Fausta da Silva Macedo em São Paulo, em 1883, na capela do seminário episcopal. Ela era filha do capitão do exército Francisco de Assis de Araújo Macedo e de Maria Antônia da Silva Macedo. O casal morou em São Paulo e teve nove filhos, sendo eles Maria Ester, Maria Nazaré, Maria Adelaide, José Antônio, Raul, Maria de Lourdes, José Hildebrando, José Sizenando e Maria Bernadete.[2]
Obra
[editar | editar código-fonte]Silva Leme é considerado um importante autor sobre genealogia no Brasil. Intitulada Genealogia Paulistana, a obra aborda a história e linhagens das famílias paulistas tradicionais e ficou muito conhecida. Ela foi publicada em oito volumes de 550 páginas cada um. As publicações começaram a partir do ano de 1901 e foram até o ano de 1905. O nono volume é o índice, que inclui os desenhos de árvores genealógicas.[3] Ele também dividiu a obra com 56 títulos e com uma introdução de 7 capítulos.[4]
A obra foi impressa pela casa "Duprat & Comp", na Rua Direita, em São Paulo. Para escrevê-la, o autor passou 12 anos da sua vida pesquisando arquivos em bibliotecas públicas, coleções particulares e sebos no estado de São Paulo e também em outros estados, inventários, testamentos e registros paroquiais. Como estava focado nesta obra, abandonou as outras atividades profissionais.[5]
Na época em que publicou os seus trabalhos, as genealogias eram usadas como forma de reconstruir o passado de famílias brasileiras e desvendavam quais familiares tinham realizado feitos nobres ou heroicos, ou então, analisavam o passado como forma de justificar as ações do presente. Para construir as genealogias, era comum buscar informações nos registros paroquiais, que também eram feitos para registrar atos e rituais da comunidade cristã. Até hoje, eles são usados para investigar o passado das populações.[6]
Silva Leme levou em conta aspectos do contexto histórico, como o bandeirantismo, a exploração de populações indígenas, a mistura de culturas, como a alemã e a italiana, a economia cafeeira. Ele fez questão de enumerar cada membro da família, registrando características genealógicas essenciais, como a data e o lugar de nascimento, de casamento e de falecimento, assim como trabalhos e atividades que a pessoa fez.[7]
A partir da Genealogia Paulistana é possível acompanhar as mudanças migratórias das famílias. Com isso, acompanha-se o povoamento e a ocupação de parte do território brasileiro. A região analisada correspondia ao atual estado de São Paulo, incluindo o litoral, o planalto do Estado do Paraná e o litoral de Santa Catarina, e foi uma área que começou a ser povoada a partir do ano de 1532. Tinha 21 vilas e alguns distritos até a primeira metade do século XVIII.[7]
A obra de Silva Leme é uma atualização e ampliação do predecessor Pedro Taques de Almeida Pais Leme, chamada Nobiliarquia Paulistana, escrita no século XVIII.[5] Pedro Taques, curiosamente, era parente de Silva Leme.
Críticas
[editar | editar código-fonte]Muitos criticam a obra como um estudo das elites por levar em conta apenas 52 famílias, tidas como fundadoras. Outros acreditam que ela aborda questões históricas, sociais, de espaço e relações de poder.[7]
Como parecer sobre a sua obra, em 1903, Silva Leme escreveu: "Não foi ela inspirada na vaidade de ostentar os brasões de armas que provam a nobreza de nossos antepassados, e sim na necessidade que temos de guardar as tradições de família e satisfazer a curiosidade justificada, que nos leva a perguntar de onde viemos, a que nacionalidades embora remotamente nos filiamos pelos laços de sangue, e quais os feitos que enobreceram aos nossos antepassados, gravando seus nomes na história de nossa pátria".
Falecimento e homenagens
[editar | editar código-fonte]Faleceu no dia 13 de janeiro de 1919. A morte aconteceu no mesmo estado em que ele nasceu, no estado de São Paulo. Silva Leme era membro da Sociedade de Engenheiros de Rensselaer e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.[2] Também foi sócio correspondente do Centro de Ciências e Artes de Campinas, em São Paulo. Foi agraciado pela Santa Sé com o grau de cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, e, em 1900, foi condecorado com a cruz "pro ecclesia et pontifice".[8]
Em 1957, foi inaugurada uma praça, antigo Parque das Pedras, em Bragança Paulista com o nome de "Dr. Luís Gonzaga da Silva Leme". No mesmo local, encontra-se o busto de bronze de Silva Leme. A ideia de se fazer a estátua foi do Instituto Genealógico Brasileiro, mas a família de Silva Leme, representada pelo filho do genealogista Macedo Leme, resolveu custear a homenagem, oferecendo-a ao Instituto.[4]
Legado
[editar | editar código-fonte]O Instituto Genealógico Brasileiro faz ampla pesquisa de 18 anos para atualizar e continuar a obra de Silva Leme. Reuniram um grupo de estudiosos e entusiastas do trabalho de Silva Leme e começaram uma pesquisa para corrigir erros e publicar o dobro de volumes que o autor da Genealogia Paulistana havia publicado. Para que houvesse verbas para as publicações foi criada uma Fundação Genealógica Brasileira. O objetivo era que 30 volumes fossem publicados, abrangendo a história de todas as famílias brasileiras.[4]
Referências
- ↑ a b c d «Bragança-Jornal Diário». 21 de abril de 2013. Arquivado do original em 18 de novembro de 2017
- ↑ a b c d «Portal do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga»
- ↑ a b c Silva Leme, Luiz Gonzaga (1905). Genealogia Paulistana. [S.l.]: Duprat Comp
- ↑ a b c «Revista Genealógica Latina». Volumes 8-11
- ↑ a b «Clássico da genealogia é reeditado em CD-ROM»
- ↑ Hameister, Martha. «O uso dos registros batismais para o estudo de hierarquias sociais no período de vigência da escravidão» (PDF)
- ↑ a b c Trindade, Jaelson. «DEMOGRAFIA DE POVOAMENTO: SÃO PAULO, 1532-1900, UM TERRITÓRIO EM CONSTRUÇÃO»
- ↑ CBG, biografia: http://www.cbg.org.br/patronos_06.html Arquivado em 7 de agosto de 2010, no Wayback Machine.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- SILVA LEME, Luís Gonzaga da. Genealogia Paulistana. São Paulo: segundo volume, pág. 524, 1904.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Colégio Brasileiro de Genealogia - Patronos - Luís Gonzaga da Silva Leme.