Maurício de Almeida Abreu – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para Maurício de Abreu, político brasileiro, que governou o Estado do Rio de Janeiro entre 1894 e 1897, veja Joaquim Maurício de Abreu.
Maurício de Almeida Abreu
Nascimento 18 de dezembro de 1948
Rio de Janeiro
Morte 9 de junho de 2011 (62 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade  Brasil
Alma mater Universidade Federal do Rio de Janeiro
Ocupação Geógrafo
Principais trabalhos Geografia Histórica do Rio de Janeiro - 1502-1700 (2010)
Evolução Urbana do Rio de Janeiro (1987)[1]
Prémios Prêmio ABL de História e Ciências Sociais (2011)
Escola/tradição Geografia Urbana

Maurício de Almeida Abreu (Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 1948 - Rio de Janeiro, 9 de junho de 2011[2]) foi um geógrafo brasileiro que contribuiu para o desenvolvimento da geografia histórica e geografia urbana no Brasil. É considerado também historiador, professor e escritor.

Carreira profissional

[editar | editar código-fonte]

Foi professor titular do programa de graduação e pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mestrado e doutorado na Universidade Estadual de Ohio (EUA) (1971-1976), dedicando-se principalmente às temáticas de Geografia Urbana e Geografia Histórica do Rio de Janeiro.[1]

Tendo o Rio de Janeiro como objeto de investigação, Mauricio Abreu teve como principais linhas de investigação o processo de fracionamento das terras urbanas cariocas desde o período da fundação em 1565 até o século XX, o aparecimento das favelas e sua disseminação e a avaliação das políticas de urbanização da cidade.[1]

Biografia de Maurício de Almeida Abreu

[editar | editar código-fonte]

Nasceu no Rio de Janeiro, em uma família de classe média. Seu avô era advogado e historiador, durante 50 anos trabalhou no Arquivo Público do Estado de São Paulo e escreveu toda a história do litoral paulista. O pai era contador e trabalhava para uma empresa americana de publicidade, J. Walter Thompson, falava inglês e latim pois inicialmente tencionara ser padre. A mãe era dona de casa, tocava piano, falava francês. Era o caçula de três irmãos.

Fez o curso primário em escola particular, mas completou o antigo ginásio e o 2º grau no Colégio Pedro II, que possuía uma espécie de prova para entrar, na época, por ser muito concorrido. Três meses antes de fazer o vestibular, decidiu-se por geografia, assunto pelo qual sempre teve interesse, desde criança, mas acabou fazendo o vestibular de Letras da UFF, que mais tarde abandonou. Dois meses após ter passado em Letras, fez o vestibular de Geografia, em que foi aprovado em 1º lugar, em 1967. Em 1968, foi aluno de Lysia Bernardes, que o indicou para o IBGE onde fez estágio, abandonando, em definitivo, as Letras. Foi aluno de Maria do Carmo Corrêa Galvão e Bertha Becker, além da geógrafa urbana Maria Therezinha de Segads Soares.

Seu primeiro trabalho para a UFRJ foi “As causas do Crescimento Urbano recente de Itaboraí-Venda das Pedras”, ao lado de Maria do Socorro Diniz, publicado no Boletim Carioca de Geografia. Terminou licenciatura em Geografia em 1970, e obteve o Ph.D em 1976. Fez mestrado e doutorado em Ohio State, nos Estados Unidos. Prestou concurso para Professor titular de geografia da UFRJ em 1997.[3]

Características

[editar | editar código-fonte]

Sua obra mais conhecida foi “Evolução Urbana do Rio de Janeiro (1987)”, um livro no qual retrata de forma extremamente detalhada os processos de transformação pelos quais passou a cidade até o século XX. A obra é considerada rara, e os poucos exemplares ainda disponíveis estão em sebos. A livraria do Instituto Pereira Passos promove reimpressões com alguma frequência, porém rapidademente estes se esgotam.[1]

No final de 2010 lançou aquela que já pode ser considerada a mais completa obra acerca do processo de formação do Rio de Janeiro nos séculos XVI e XVII. “Geografia Histórica do Rio de Janeiro - 1502-1700”, dividida em dois volumes[1][4][5] que custou a Mauricio Abreu quinze anos de pesquisas em diferentes instituições brasileiras, portuguesas, francesas e do Vaticano, englobando todas as modificações do território carioca e fluminense por 200 anos. A obra demonstra todos os detalhes da construção do Rio de Janeiro nos séculos XVI e XVII, divididos em quatro etapas: O processo de conquista; a apropriação do território e a formação da sociedade colonial: agentes, ritmos e conflitos; o Rio de Janeiro e o sistema Atlântico; e a cidade de São Sebastião.

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro decidiu, em 16/03/11, entregar a Maurício de Almeida a Medalha Pedro Ernesto,[6] pela dedicação à pesquisa da história e geografia do Rio de Janeiro. A Medalha foi entregue em 27 de abril de 2011.[7]

Obras principais

[editar | editar código-fonte]
  • Um quebra-cabeças (quase) resolvido: Os engenhos da Capitania do Rio de Janeiro - Séculos XVI e XVII. Rio de Janeiro. Disponível em Instituto Camões
  • Migration: Urban Labor Absorption and Ocupational Mobility in Brazil, Columbus, Ohio: Ohio State University, 1976.
  • Políticas Públicas e Estrutura Interna das Cidades: Uma Abordagem Preliminar, Anais do 3º Encontro Nacional de Geógrafos, Fortaleza, 1978.
  • O Estágio Atual da Geografia no Brasil: Uma Visão Crítica, Anais do 3º Encontro Nacional de Geógrafos, Fortaleza, 1978.
  • Estado e Espaço Urbano: Uma Perspectiva Histórica, Anais do 4º Nacional de Geógrafos, Rio de Janeiro, 1980.
  • Contribuição ao Estudo do Papel do Estado na Evolução da Estrutura Urbana, Revista Brasileira de Geografia, 1981.
  • O Crescimento da Perifeiras Urbanas nos Países do Terceiro Mundo: Uma Apresentação do Tema. Conferência Regional Latino-Americana, Rio de Janeiro, 1982.
  • Urban Structure and the Role of the State, Conferência Regional Latino-Americana, 1982.
  • A Construção do Espaço, São Paulo: Nobel, 1986.
  • Da Habitação ao Habitat: A Questão da Habitação Popular no Rio de Janeiro e sua Evolução, Revista do Rio de Janeiro, 1986.
  • Evolução Urbana do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Zahar, 1987.
  • A Periferia de Ontem: O Processo de Concentração do Espaço Suburbano no Rio de Janeiro, Espaço & Debates, 1987.
  • Reflexões sobre Algumas Críticas da Geografia Crítica, I Encontro Estadual de Profissionais de Geografia, Uberlândia, 1989.
  • A Dimensão Temporal na Geografia, Rio de Janeiro, Disponível em UFRJ.
  • Sobre a Memória das Cidades, Disponível em Revista da Faculdade de Letras.
  • O Estudo geográfico da Cidade no Brasil: Evolução e Avaliação. In: Carlos, Ana Fani Alexandri (org). Os Caminhos da Reflexão sobre A Cidade e o Urbano. São Paulo: USP, 1994.
  • Geografia Histórica do Rio de Janeiro - 1502-1700, Rio de Janeiro: Instituto Pereira Passos (IPP)/ Editora Andrea Jacobsen, 2010

Notas e referências

[editar | editar código-fonte]
  1. a b c d e Machado, Mônica Sampaio(org.); Martin, André Roberto (org.); Angela N. Damasceno Gomes (2014). As metamorfoses de um geógrafo: da evolução urbana à Geografia histórica do Rio de Janeiro (in) Dicionário dos Geógrafos Brasileiros (PDF). 1. Rio de Janeiro: 7Letras (Viveiros de Castro Editora Ltda). p. 85-100. ISBN 978-85-421-0232-1. Consultado em 3 de março de 2024 
  2. Instituto de Arquitetos do Brasil[ligação inativa]
  3. Luiz Fernando Scheibe, Ewerton Vieira Machado, Sandra M. de A. Furtado e Maria Dolores Buss (2006). Entrevista com o professor Maurício de Almeida Abreu. 21. Florianópolis: Geosul. p. 85-100. Consultado em 3 de março de 2024 
  4. Correio do Povo [ligação inativa]
  5. Revista de História [ligação inativa]
  6. Sônia Rabello (24 de março de 2011). «Medalha de Mérito Pedro Ernesto concedida ao professor Maurício de Almeida Abreu». Rio de Janeiro: Câmara Municipal. Consultado em 3 de março de 2024 
  7. Instituto Pereira Passos [ligação inativa]