Niccolò Franco – Wikipédia, a enciclopédia livre

Niccolò Franco
Niccolò Franco
Nascimento 13 de setembro de 1515
Benevento
Morte 11 de março de 1570 (54 anos)
Roma
Ocupação poeta, escritor
Causa da morte forca

Niccolò Franco (Benevento, 13 de setembro de 1515 - Roma, 11 de março de 1570) foi um escritor e poeta antipetrarquista italiano.[1]

Niccolò Franco nasceu em Benevento, na região da Campania, Itália, em uma família de origem modesta. Ele foi educado com o apoio de seu irmão Vicenzo, que era professor, o que possibilitou que Franco se destacasse nos estudos desde jovem. Demonstrando um talento precoce para a escrita, ele se interessou pela literatura e pela língua latina, o que mais tarde o capacitou a trabalhar como tradutor.[1]

Em 1534, Franco mudou-se para Nápoles, uma cidade que, na época, era um importante centro cultural e literário na Itália. Lá, ele escreveu sua primeira obra, Hisabella, que marcou o início de sua carreira literária. Em 1535, mudou-se para Veneza, outro centro cultural significativo, onde publicou seu primeiro livro em latim vulgar, Tempio d'amore. Esse período de sua vida foi marcado por colaborações e amizades influentes, incluindo seu trabalho com o célebre escritor Pietro Aretino, com quem desenvolveu uma relação tanto profissional quanto pessoal.[1]

Franco trabalhou com Aretino como secretário e tradutor, aproveitando seu profundo conhecimento da língua latina. Durante esse tempo, também colaborou com o tipógrafo Francesco Marcolini da Forlì, o que lhe permitiu estar no epicentro da produção literária e editorial da época.[1]

Ruptura com Aretino e Carreira Solo

[editar | editar código-fonte]

No entanto, a amizade com Aretino desmoronou em 1538 após uma briga envolvendo Ambrogio Eusebil, um empregado de Aretino. Esse rompimento influenciou fortemente a produção literária de Franco, levando-o a expressar seu ressentimento através da escrita. Em 1539, publicou três de suas obras mais significativas: Le Pistole Vulgari, I Dialogi Piacevoli e Il Petrarchista. Neste último, Franco satirizou o estilo poético de Petrarca, refletindo sua postura antipetrarquista, que desafiava as convenções poéticas do Renascimento italiano, criticando a idealização exagerada do amor e da mulher.[1]

Mesmo após o rompimento, Franco não conseguiu superar sua mágoa em relação a Aretino e, como vingança, escreveu Le Rime contro Pietro Aretino, um ataque literário direto a seu antigo mentor e amigo. A obra foi um reflexo do caráter combativo de Franco, que frequentemente usava sua habilidade com as palavras para atacar seus adversários.[1]

Anos em Roma e Conflitos com a Igreja

[editar | editar código-fonte]

Em 1558, Franco mudou-se para Roma, onde continuou sua carreira como escritor. No entanto, sua natureza satírica e provocadora o colocou em apuros. Poucos meses após sua chegada, ele foi acusado de heresia e irreverência devido à publicação do Commentari Latini, uma obra que o levou à prisão por alguns meses. Após sua libertação, Franco não se intimidou e continuou a explorar temas polêmicos.[1]

Dotado de uma veia polêmica e satírica, Franco começou a trabalhar em uma obra que difamava o Papa Paulo IV e sua família, os Carafa, uma poderosa dinastia com quem Franco havia tido contato durante sua estada em Nápoles. Sua obra satírica criticava a corrupção e o nepotismo dentro da Igreja, o que era um tema extremamente sensível e perigoso na época. As ações de Franco o colocaram em conflito direto com as autoridades eclesiásticas.[1]

Prisão e Execução

[editar | editar código-fonte]

Como consequência de suas atividades literárias subversivas, Niccolò Franco foi novamente preso. Desta vez, porém, a punição foi muito mais severa. Ele foi condenado por difamação e sedição, crimes considerados graves contra a autoridade papal. Em 11 de março de 1570, Niccolò Franco foi enforcado na Ponte Sant'Angelo, em Roma, uma execução pública que serviu de advertência para outros escritores e críticos do poder eclesiástico.[1]

Niccolò Franco é lembrado como um dos críticos mais ousados de seu tempo, cuja obra desafiou as convenções literárias e confrontou o poder estabelecido, tanto no âmbito literário quanto no político e religioso. Seu estilo antipetrarquista se opôs à corrente dominante de sua época, e sua ousadia em confrontar figuras poderosas como Pietro Aretino e o Papa Paulo IV marcou sua trajetória como um escritor rebelde e satírico. Embora sua vida tenha terminado tragicamente, suas obras continuam a ser estudadas como exemplos da literatura renascentista de resistência e crítica social.[1]

Niccolò Franco,Rime contro Pietro Aretino, Carabba, 1916
  • Pistole vulgari (1539)[2]
  • Petrarchista (1539); uma sátira aos imitadores do estilo de Petrarca
  • Dialoghi piacevolissimi (1539); in homage to Torquato Tasso
  • Rime contro Pietro Aretino (1545)
  • Priapea (1546); provavelmente inspirado na publicação de 1534 de uma coleção de Diversorum Veterum poetarum em Priapum lusus junto com o Apêndice virgiliano e o Priapea pseudo-virgiliano.
  • Il Duello (1546)
  • La Philena (1547); romance
  • Rime maritime (1547)
  • Dialogi piacevoli (1554)
  • Dix Plaisans dialogues (1579); traduzido do italiano para o francês por Gabriel Chappuys.
  • Dialoghi piacevolissimi di Nicolo Franco da Benevento. Espurgati da Girolamo Gioannini da Capugnano… (1590, 1599, 1609)
  • De le Lettere di Nicolò Franco, scritte a prencipi, signori, et ad altri personaggi e suoi amici, libri tre, ne le quali si scuopre l'arte del polito e del terso scrivere. Di nuovo ristampate et à candida lezione ridotte [da Giovanni Bruno] (1604, 1615)
  • Li Due Petrarchisti, dialoghi di Nicolò Franco e di Ercole Giovannini, ne' quali... si scuoprono... secretti soprà il Petrarca e si danno a leggere molte lettere missive... que lo stesso Petrarca... scrisse al re Roberto di Napoli... (1623)[3]
  • Li due Petrarchisti. Dialoghi di Nicolò Franco e di Ercole Giovannini... (1625)
  • Baldi, Rota, Franco, del Vasto, Fidentio, marittimi e pedanteschi del secolo XVI. [Publicado por Andrea Rubbi.] (1787)
  • La Priapea, sonetti lussuriosisatirici (1790)
  • Dialogi piacevoli (2003)
  • Dialogo del venditore di libri (2005)

Referências

  1. a b c d e f g h i j «FRANCO, Nicolò in "Dizionario Biografico"». www.treccani.it (em italiano). Consultado em 30 de julho de 2018 
  2. Niccolò Franco (1539). Pistole vulgari di M. Nicolo Franco (em italiano). National Central Library of Rome. [S.l.: s.n.] 
  3. Niccolò Franco (1623). Li due petrarchisti dialoghi di Nicolò Franco, & di Ercole Giouannini ne' quali con vaga dispositione si scuoprono bellissime fantasie, nuoui, & ingegnosi secretti sopra il Petrarca; .. (em italiano). National Central Library of Rome. [S.l.]: appresso Barezzo Barezzi