Amerimanga – Wikipédia, a enciclopédia livre

Amerimanga ou OEL Manga (Original English-Language manga, lit. "Mangá original em inglês") é o termo comumente usado para descrever revistas em quadrinhos ou graphic novels do gênero "internacional" de mangá cujo idioma da publicação original é o inglês.[1] O termo mangás internacionais, como usado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, abrange todos os quadrinhos estrangeiros, que inspiram a "forma original de apresentação e de expressão" encontrado no mangá japonês.[2]

Ver artigo principal: Mangá#Em outros países
Toren Smith

A mais antiga série derivada de mangá lançada nos Estados Unidos foi uma adaptação americana de Astro Boy de Osamu Tezuka publicada pela Gold Key Comics (um selo da Western Publishing a partir de 1965, entre 1979, a mesma editora publicou uma adaptação de Battle of Planets (versão norte-americana do anime Gatchaman da Tatsunoko Productions).[3] Entre 1979 e 1980, a Marvel publicou quadrinhos da linha de brinquedos Shogun Warriors, baseada em mechas (robôs gigante) das franquias Brave Raideen, Chodenji Robo Combattler V e Wakusei Robo Danguard Ace.[4]

Os primeiros quadrinhos produzidos por artistas americanos influenciado pelos mangá surgiram em meados da década de 1980, A editora Antarctic Press, com sede em San Antonio, produziu a antologia Mangazine em 1985, e a Rion Productions, com sede em Ohio, publicou duas edições do Rion 2990, de Doug Brammer e Ryan Brown, em 1986. Entre 1986 e 1988, a First Comics publicou Dynamo Joe, uma série sobre um mecha criada por Doug Rice, a série primeiro teve roteiros por John Ostrander e depois por Phil Foglio. Ben Dunn às vezes substituía Rice nos desenhos.

No final dos anos 80, a Antarctic e a Eternity Comics publicaram obras inspiradas em mangás, como a Ninja High School de Ben Dunn (estreando em 1987)[5] e Metal Bikini de Jason Waltrip (estreando em 1990),[6] bem como adaptações de animes como Captain Harlock, Robotech e Lensman.

Uma versão americana de Dirty Pair feita por Adam Warren e Toren Smith foi publicada pelo Studio Proteus em 19888.[7]

Warren e Dunn são frequentemente requisitados para criarem versões mangás de personagens dos comics, o primeiro fez isso com Novos Titãs (uma possível formação futurista do grupo),[8] e Gen¹³[9], o segundo o Marvel Mangaverso, uma linha editorial da Marvel Comics ambientada em um Universo paralelo.[10]

Em 1993, a editora de origem japonesa Viz Media publicou uma linha de American Manga.[11] A versão encurtada, "Amerimanga", é possivelmente o termo mais antigo para esse tipo quadrinho. Outras variações são OEL manga, western manga, world manga,[4][12] neo-manga,[13][14] e nissei comi,[15] o termo OEL manga é mais usado atualmente. O termo não indica apenas publicações do mercado norte-americano, mas também de outros países de língua inglesa como Canadá, Austrália e Reino Unido.

Entre 1999 e 2000, o coreano Tommy Yune produziu três séries de quadrinhos de Speed Racer publicadas pela Wildstorm: Speed Racer, Racer X e Speed Racer: Born to Race.[16]

Megatokyo de Fred Gallagher

Em 2000, Fred Gallagher lançou na internet a webcomic Megatokyo,[17] que mais tarde, ganharia compilações de suas tiras publicadas na internet, algumas delas editadas num formato próximo ao usado nos tankohons (livros de bolso) pela Dark Horse[18] e pela CMX (extinta linha mangá da DC Comics)..

Mesmo com o fim da CMX em Maio de 2010, a DC prometeu continuar publicando Megatokyo[19]. Influências dos mangás podem ser vistas em trabalhos de artistas de comics como Frank Miller[20], Joe Madureira, Humberto Ramos,[8] Chris Bachalo. Em 2003 a Marvel Comics criou outras duas linhas inspiradas em mangás: Tsunami[21] e Marvel Age (atual Marvel Adventures)[22]

A presença dos mangás é cada vez maior nos Estados Unidos (onde há até mesmo uma versão local da Shonen Jump foi publicada pela Viz)[23], o estilo tem influênciado não só a Marvel e a DC Comics, mas diversas outras editoras tradicionais como a Archie Comics nos títulos Sabrina, the Teenage Witch e Josie & the Pussycats[24]. A influência dos mangás não fica restrita apenas no traço, mas também na escolha de cores,[25] temática e formato de publicação.[26] A linha Marvel Age/Adventures por exemplo, lança compilações de suas publicações de brochuras no formato "digest" (popularmente conhecido no Brasil como formatinho).[27]

O OEL manga gradualmente se tornou mais amplamente usado, mesmo que geralmente incorretamente, porque era um termo mais abrangente e global que incluía trabalhos produzidos por todos os falantes de inglês, abrangendo trabalhos originários de países como Canadá, Austrália e Reino Unido, bem como no Estados Unidos. O colunista da Anime News Network, Carlo Santos, fez o primeiro uso registrado do termo em 28 de abril de 2005 em seu blog pessoal, e outros começaram a usá-lo em fóruns e espalhar a popularidade da frase. Em outubro de 2005, o jornal da indústria editorial Publishers Weekly também fazia uso do termo,[12] mas os editores de mangá ainda não o usaram em anúncios oficiais ou comunicados à imprensa.

No entanto, a palavra original, mangá, ainda é usada por editoras como Tokyopop, Harper Collins e várias pequenas editoras como um termo geral para todas as seus romances gráficos[28] - sem referência à origem ou localização de seu criador ( s). O significado da palavra, entretanto, mudou fora do Japão como uma referência aos quadrinhos originalmente publicados no Japão, independentemente do estilo ou idioma. O dicionário Merriam-Webster define a palavra manga como significando "uma história em quadrinhos ou história em quadrinhos japonesa", refletindo a mudança do significado que essa palavra já tinha usado fora do Japão.[29]

Como a palavra "manga" - sendo um empréstimo japonês em inglês - significa quadrinhos inicialmente publicados no Japão, tem havido tentativas de encontrar termos mais apropriados para o número crescente de publicações de mangás criadas por autores não japoneses. Ao lado do termo “OEL Manga”, há também o termo “quadrinhos influenciados por mangá” (MIC) em uso. Por exemplo, Megatokyo, que foi programado para ser publicado pela maior produtora de mangá Kodansha, ainda é referido como um "quadrinho influenciado pelo mangá".[30]

O site de notícias de anime e mangá Anime News Network atualmente usa o termo "world manga", cunhado por Jason DeAngelis da Seven Seas Entertainment, para descrever esses trabalhos em sua coluna intitulada Right-Turn Only. Em maio de 2006, Tokyopop mudou oficialmente o nome de sua linha de mangá não japonês para "manga global",[30] considerando-o um termo mais respeitoso e preciso do que Amerimanga, com suas conotações negativas de ser uma qualidade inferior de trabalho em comparação com o mangá japonês;[31] no entanto, os próprios livros do Tokyopop, sejam eles do Japão, da Coréia ou de algum outro país, todos dizem mangá sobre eles e são arquivados na seção de mangás das principais cadeias de livrarias como a Barnes & Noble ao lado do mangá japonês, manhwa coreano, manhua chinês, manga la nouvelle francesa e novelas gráficas americanas de tamanho e dimensões semelhantes. Entende-se, entretanto, que o mangá não atua como um empréstimo quando usado na língua japonesa original e, portanto, apenas assume seu significado original de, simplesmente, quadrinhos.

Referências

  1. David S. Serchay. Neal-Schuman Publishers, ed. The librarian's guide to graphic novels for children and tweens. 2008. [S.l.: s.n.] 50 páginas. ISBN 9781555706265 
  2. «Speech by Minister for Foreign Affairs Taro Aso at Digital Hollywood University» 
  3. Hofius, Jason; George Khoury. G-Force Animated. TwoMorrows Publishing, 2002. 82 p. ISBN 9781893905184.
  4. a b Jason S. Yadao (2009). The Rough Guide to Manga. [S.l.]: Rough Guides. pp. 35, 52,43, 242 
  5. Doug Hills, Michael Rhodes (2008). Manga Studio For Dummies. [S.l.]: For Dummies. 60 páginas. ISBN 9780470129869 
  6. «Age of Fake Manga». Stupid Comics 
  7. Trish Ledoux, Doug Ranney, Fred Patten (1997). The complete anime guide: Japanese animation film directory & resource guide. [S.l.]: Tiger Mountain Press. 183 páginas. ISBN 9780964954250 
  8. a b Mangá de verdade
  9. Samir Naliato. «Resenha de Gen 13 Mangá». Universo HQ. Consultado em 16 de novembro 2009 
  10. Marcelo Forlani (2 de outubro de 2001). «Marvel de olhinhos puxados, ou melhor, esbugalhados». site Omelete. Consultado em 16 de novembro de 2009 [ligação inativa]
  11. Schodt, Frederick L. Dreamland Japan: Writings on Modern Manga. ISBN 1-880656-23-X.
  12. a b «Manga in English: Born in the USA». PublishersWeekly.com (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  13. Michele Gorman (2008). Getting Graphic!: Comics for Kids. [S.l.]: Linworth Pub. 77 páginas. 9781586833275 
  14. “Turma da Mônica” muda de editora pensando no exterior
  15. Changes 1: From the Creators' Point of View[ligação inativa]
  16. Tommy Yune, Carl Macek. The Art of Robotech: The Shadow Chronicles, Stone Bridge Press, 2007
  17. «Start of Megatokyo (strip #1)» 
  18. «Megatokyo Volume 1 TPB». Dark Horse 
  19. Érico Assis (20 de Maio de 2010). «DC Comics encerra sua linha de mangás». Omelete 
  20. «Opera relança Ronin em edição de luxo». Consultado em 8 de junho de 2016. Arquivado do original em 20 de setembro de 2016 
  21. Érico Borgo (16 de Abril de 2003). «Panini Comics já planeja linha Tsunami». Omelete 
  22. Public library catalog: guide to reference books and adult nonfiction. [S.l.]: H.W. Wilson Co. 2004. 129 páginas. ISBN 9780824210397 
  23. Alexandre Nagado (7 de Agosto de 2002). «Shonen Jump começa sua invasão». Omelete. Consultado em 1 de junho de 2010 
  24. Fé No Futuro
  25. Sérgio Codespoti (24 de maio de 2004). «Mercado de mangá cresce nos Estados Unidos». Universo HQ. Consultado em 23 de julho de 2010. Arquivado do original em 3 de julho de 2004 
  26. Marcus Ramone (9 de novembro de 2015). «Mangás: os novos donos do mundo dos quadrinhos?». Universo HQ 
  27. Robert G. Weiner (2008). Marvel graphic novels and related publications: an annotated guide to comics, prose novels, children's books, articles, criticism and reference works, 1965-2005. [S.l.]: McFarland. 0786425008, ISBN 9780786425006 
  28. «More from Tokyopop's Jeremy Ross on OEL Manga and Contracts - 10/18/2005 - Publishers Weekly». web.archive.org. 15 de novembro de 2009. Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  29. «Definition of MANGA». www.merriam-webster.com (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  30. a b «Tokyopop To Move Away from OEL and World Manga Labels». Anime News Network (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2020 
  31. «A Midnight Opera». Anime News Network (em inglês). Consultado em 21 de dezembro de 2020 

Ligações externas

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