O Enigma de Kaspar Hauser – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Enigma de Kaspar Hauser
Jeder für sich und Gott gegen alle
O Enigma de Kaspar Hauser
 Alemanha Ocidental
1974 •  cor •  110 min 
Género drama
Direção Werner Herzog
Roteiro Werner Herzog, Jakob Wassermann
Elenco Bruno S., Walter Ladengast, Brigitte Mira, Willy Semmelrogge
Idioma alemão

Jeder für sich und Gott gegen alle (no Brasil e em Portugal, O Enigma de Kaspar Hauser) é um filme alemão ocidental de 1974, um dos mais celebrados do diretor Werner Herzog. O trabalho, cujo título significa, em tradução literal, "Cada um por si e Deus contra todos" narra a história de Kaspar Hauser, uma criança abandonada envolta em mistério, encontrada na Alemanha Ocidental do século XIX, com alegadas ligações à família real de Baden. O filme fez parte da competição para a Palma de Ouro no Festival de Cannes 1975, onde ganhou três prêmios.

O filme de Werner Herzog é baseado no livro "Casper Hauser oder die Trägheit des Herzens", de Jakob Wassermann, publicado em 1908, que, por sua vez, retrata o caso de um adolescente encarcerado na Alemanha do século XIX até a idade de 16 anos, quando teve seu primeiro contato verbal e social. Somente depois disso, pôde ser observado algum desenvolvimento de Kaspar Hauser na linguagem e na socialização com outros indivíduos.[1]

Devido à aquisição tardia de uma língua materna, fora do período crítico da infância, Kasper Hauser nunca desenvolveu a competência linguística de um falante nativo, principalmente no que concerne à sintaxe. Além disso, outras habilidade sociais foram seriamente prejudicadas, ainda que ele fosse capaz de aprendizagem de disciplinas. Tal episódio demonstra a importância da linguagem no processo socializador de um indivíduo.[2]

O filme inicia mostrando um jovem acorrentado em um porão, alimentado por um homem misterioso. O prisioneiro brinca com um cavalo de madeira, e o nome do objeto é a única palavra que pronuncia: cavalo. O homem quer que o jovem aprenda a ler e a escrever então ele lhe dá papel e tinta. O jovem aprende a escrever seu nome, Kaspar Hauser.

Depois, o misterioso homem retira Kaspar do porão durante a noite e o deixa numa cidade próxima (Nuremberg), em 1828, com uma carta para o oficial da guarda. Perplexos com a figura, os moradores o deixam prisioneiro numa torre. O rapaz não é violento e se mostra inteligente, surgindo rumores de que ele pertença à nobreza. Durante dois anos, ele amplia seu vocabulário ensinado por uma família que o ajuda e por um padre. Ele aprende facilmente música, tricô e jardinagem, mas é um fracasso em compreender as convenções da época, principalmente as ligadas à sociedade, ciência e religião.

A apresentação do mal ou de que Deus trai o homem é tocada no Adagio de Albenoni, visualizada na natureza ao vento, desértica de homens e na impactante frase: "Cada um por si, Deus contra todos". Tudo é propositadamente paradoxal, contrastante. Não há Deus em tudo o que é Divino, num cenário que chama por Ele, onde Ele não escuta ou não quer escutar. O Adagio permanece tocando.

Kaspar Hauser foi mantido trancado por quinze anos, provavelmente porque era herdeiro do trono em Baden, por questões de poder. Mesmo que ele não viesse a saber, era uma ameaça, já que deixava de ser um menino selvagem e começava a desenvolver a noção das coisas.

Referências

  1. Sachete, Andréia dos Santos; Brisolara, Valéria Silveira (4 de julho de 2013). «Análise vigoskyana do filme O Enigma de Kaspar Hauser». Signo. 38 (65): 114–124. ISSN 1982-2014. doi:10.17058/signo.v38i65.4180 
  2. Santana, Ana Paula (2004). «Idade crítica para aquisição da linguagem». Distúrbios da Comunicação. 16 (3). ISSN 2176-2724 

Ligações externas

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