Osmunda – Wikipédia, a enciclopédia livre

Como ler uma infocaixa de taxonomiaOsmunda
Ocorrência: Paleoceno–recente
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Polypodiophyta
Clado: Tracheophyta
Classe: Polypodiopsida
Ordem: Osmundales
Família: Osmundaceae
Martinov
Género: Osmunda
L.
Espécie-tipo
Osmunda regalis
L.
Espécies
Ver texto.
Sinónimos
Osmunda regalis (ilustração).
Osmunda banksiifolia.
Osmunda claytoniana.
Osmunda vachellii.
Osmundastrum cinnamomeum.

Osmunda é um género de pteridófitas, da família Osmundaceae, que agrupa 8-10 espécies com distribuição natural predominantemente nas regiões de clima temperado e clima subtropical do hemisfério norte.[1]

Na sua presente circunscrição taxonómica, o género Osmunda inclui cerca de 10 espécies. A descoberta de um fóssil de Osmunda claytoniites do Triássico da Antártida, permitiu concluir que a espécie extante Osmunda claytoniana e o seu parente de há aproximadamente 200 milhões de anos, Osmunda claytoniites, são morfologicamente quase indistinguíveis. O género Osmunda tem, portanto, pelo menos 200 milhões de anos, o que o torna um dos géneros de plantas mais antigos da Terra.

Os membros do género Osmunda são plantas perenes, arbustivas, com um rizoma subterrâneo curto e vertical.[2] Apresentam frondes grandes, com lâmina foliar simples ou bipinada, densamente agrupadas em espiral na extremidade do rizoma, sem escamas, com um feixe vascular forte e em forma de calha.[2]

As frondes são completamente dimórficas ou pinadas (hemidimórficas), com frondes estéreis verdes, fotossintéticas, e frondes férteis acastanhadas, pinadas, não fotossintéticas, portadoras de esporos contidos em grandes esporângios nus. Os esporângios são considerados nus por não estarem agrupados em soros e, ao contrário de muitos outros pteridófitos, não apresentarem ânulo. Os esporângios ocorrem agrupados no bordo dos segmentos finais das folhas, que formam uma espécie de panícula.[2]

Devido à grande massa de esporângios que amadurecem uniformemente ao mesmo tempo dando uma cor dourada vistosa às frondes férteis, os fetos parecem estar em flor, e por isso este género é por vezes chamado de fetos floridos.

Distribuição e ecologia

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As espécies de Osmunda ocorrem principalmente nas regiões subtropicais do hemisfério norte e apenas raramente na região Neotropical Na flora da Europa Central, apenas ocorre o feto-real (Osmunda regalis). O género está distribuído por todo o mundo, apenas ausente em grandes partes do norte da Ásia, do norte da América do Norte e da Austrália.[3]

Estes fetos formam estruturas radiculares maciças com raízes densamente emaranhadas e rijas. Esta massa de raízes é um excelente substrato para muitas plantas epífitas. São frequentemente colhidos como osmundina e usados horticulturalmente, especialmente na propagação e crescimento de orquídeas.

Algumas espécies de Osmunda são utilizadas como plantas alimentares pelas larvas de algumas espécies de Lepidoptera, incluindo a espécie Ectropis crepuscularia.

Taxonomia e filogenia

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Osmunda, o género tipo da ordem Osmundales, tem sido historicamente o maior género da família Osmundaceae. Smith et al. (2006), que realizaram a primeira classificação de alto nível de pteridófitas publicada na era da filogenética molecular, descreveram três géneros nessa família, nomeadamente Osmunda, Leptopteris e Todea.[4]

A derivação etimológica do nome do género é incerta. Uma teoria comum é que Osmunda deriva de Osmunder, um nome saxónico para o deus Thor,[5] mas outros autores asseveram que não há provas de que o nome tenha algo a ver com o deus Thor.[6] Outras explicações propõem que provém de palavras do inglês médio e do francês médio para um tipo de feto, ou mencionam um conto popular inglês sobre um barqueiro chamado Osmund que escondeu a mulher e os filhos num pedaço de feto real durante a invasão dinamarquesa. Outra explicação afiram que nome genérico Osmunda homenageia o chefe anglo-saxónico Osmund, rei do Sussex no século VIII. O médico e botânico inglês John Parkinson já utilizava este nome no seu Theatrum botanicum, publicado em 1640. Este facto explicará também a origem do nome trivial alemão Königsfarn (ou feto-real).[6]

O género também tem sido tratado historicamente como consistindo num número de subgrupos, geralmente subgéneros, Osmunda (3 espécies), Osmundastrum (2 espécies), e Plenasium (3-4 espécies). No entanto, suspeitava-se que o género não era monofilético.[7]

A publicação de uma filogenia pormenorizada da família por Metzgar et al. em 2008 mostrou que Osmunda como circunscrito era parafilético e que Osmunda cinnamomea, apesar de sua similaridade morfológica com Osmunda claytoniana, era táxon irmão do resto da família, e ressuscitou o género segregado Osmundastrum, elevando-o de subgénero, para o conter e tornar Osmunda monofilético. A filogenia de Osmunda é mostrada nos seguintes cladogramas:

Filogenia externa [7] Filogenia interna [8][9]
Osmundaceae

Osmundastrum 1 espécie

Todea 2 espécies

Leptopteris 6 espécies

Osmunda

subgenus Claytosmunda 1 espécie

subgenus Plenasium 4 espécies

subgenus Osmunda 4 espécies

Osmunda

O. hybrida

O. regalis

O. spectabilis

O. japonica

O. lancea

Vários autores propuseram a elevação dos subgéneros ao nível de géneros separados.[7] Em 2016 a classificação do Pteridophyte Phylogeny Group (PPG I) dividiu ainda mais Osmunda elevando os seus subgéneros a géneros como Claytosmunda e Plenasium, deixando apenas as espécies originalmente incluídas no subgénero Osmunda.[10] O género passou a ter a seguinte composição:

O género Osmunda inclui, entre outras, as seguintes espécies:

O feto-canela, também conhecido como feto-real canela-castanho (Osmundastrum cinnamomeum (L.) C.Presl, anteriormente Osmunda cinnamomea L.), já não faz parte do género. Tem folhas que são puramente para assimilação e folhas que são puramente para a formação de esporos. É muito comum no Novo Mundo e na Ásia Oriental, de Assam a Kamchatka. As folhas jovens são colhidas no Canadá e os caules são preparados como espargos. Esta espécie, o feto-canela (Osmundastrum cinnamomeum), forma enormes colónias clonais em zonas pantanosas.

  1. Christenhusz, M. J. M.; Zhang, X. C.; Schneider, H. (18 fevereiro 2011). «A linear sequence of extant families and genera of lycophytes and ferns». Phytotaxa. 19 (1). 7 páginas. doi:10.11646/phytotaxa.19.1.2Acessível livremente 
  2. a b c J. Dostál: Osmundaceae. In: Gustav Hegi: Illustrierte Flora von Mitteleuropa. 3. Auflage. Band I, Teil 1. Verlag Paul Parey, Berlin-Hamburg 1984. S. 99–102.
  3. a b c d e f g h i Datenblatt Osmundaceae bei POWO = Plants of the World Online von Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew: Kew Science.
  4. Smith et al. 2006.
  5. Coombes, Allen J. (2012). The A to Z of plant names. USA: Timber Press. p. 220. ISBN 9781604691962 
  6. a b Lotte Burkhardt: Eine Enzyklopädie zu eponymischen Pflanzennamen: Von Menschen & ihren PflanzenBerlin: Botanic Garden and Botanical Museum Berlin, Freie Universität Berlin, Berlin 2022. doi:10.3372/epolist2022.
  7. a b c Metzgar et al. 2008.
  8. Nitta, Joel H.; Schuettpelz, Eric; Ramírez-Barahona, Santiago; Iwasaki, Wataru; et al. (2022). «An Open and Continuously Updated Fern Tree of Life». Frontiers in Plant Science. 13: 909768. PMC 9449725Acessível livremente. PMID 36092417. doi:10.3389/fpls.2022.909768Acessível livremente 
  9. «Tree viewer: interactive visualization of FTOL». FTOL v1.3.0. 2022. Consultado em 12 dezembro 2022 
  10. Pteridophyte Phylogeny Group 2016.
  11. Thomas N. Taylor, Edith L. Taylor, Michael Krings: Paleobotany. The Biology and Evolution of Fossil Plants . Second Edition, Academic Press 2009, ISBN 978-0-12-373972-8 , p. 437-443
  12. Miller, C.N. jr. (1982). «Osmunda wehrii, a New Species Based on Petrified Rhizomes from the Miocene of Washington». American Journal of Botany. 69 (1): 116–121. JSTOR 2442836. doi:10.2307/2442836 

Ligações externas

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