Paço de Cernache – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Paço de Cernache foi residência dos Senhores de Cernache no terceiro quartel do século XIII, e é localizado no Largo do Paço, à Rua da Senhora dos Milagres, em Cernache, Coimbra, e atualmente denominado “Casa do Paço”, foi propriedade de Fernão Vasques Pimentel, o 1º Senhor de Cernache.[1]

Sucedeu-lhe no senhorio de Cernache a sua filha D. Isabel Fernandes Pimentel, a quem em 1359 é mantida a mercê da jurisdição civil de Cernache pelo rei D. Pedro I, também para sua neta D. Beatriz Fernandes Pimentel, as quais haviam pedido a sua manutenção com o fundamento de estarem na posse dela e serem moradoras no dito lugar, mandando o mesmo rei suster, no estado em que estava, a demanda suscitada entre aquelas senhoras e o concelho de Coimbra, por causa da referida jurisdição.

D. Isabel Fernandes Pimentel, nascida cerca de 1290, casou com Fernão Nunes Cogominho, filho de Nuno Fernandes Cogominho, 1º Almirante-mor do Reino e Chanceler do infante D. Afonso (futuro D. Afonso IV) e tiveram D. Beatriz Fernandes Pimentel.

D. Beatriz Fernandes Pimentel, nascida cerca de 1320, casou com Gonçalo Nunes Barreto, a quem D. Pedro I deu a Alcaidaria e a tenência do castelo de Montemor-o-Velho em1357. Tendo D. Beatriz levado em dote o senhorio e a jurisdição civil de Cernache, veio a mesma a ser confirmada a Gonçalo Nunes Barreto por D. Fernando em 1372. Gonçalo Nunes Barreto vendeu em 1413 a D. João I “os Paços e pomar de Cernache com todo o seu assentamento”.

D. João I, estando em Tentugal, fez mercê e doação, em 11 de Setembro de 1420, do lugar de Cernache com todos os seus direitos, que haviam sido de Gonçalo Nunes Barreto, ao seu filho Infante D. Pedro, Duque de Coimbra.

O infante regente D. Pedro, em 15 de junho de 1425, fez mercê da vila de Cernache a Álvaro Gonçalves de Ataíde, trespassando-lhe todo o seu direito, rendas e jurisdições que nele tinha em virtude das doações que el-rei, seu pai lhe fizera e constam mais detidamente duma carta de D. João III, passada em Lisboa em 18 de novembro de 1522, a requerimento de D. Afonso de Ataíde.

D. Duarte confirmou em 3 de Setembro de 1433 essa mercê e, bem assim, D. Afonso V em 25 de Julho de 1488 e, por sucessivas confirmações regias, foi transferida aos sucessores de Álvaro Gonçalves de Ataíde, sendo o último destes Jerónimo de Ataíde, 11º Conde de Atouguia, genro do Marquês de Távora, que foi executado no dia 13 de Janeiro de 1759, na Praça do Cais de Belém, em virtude de ter sido considerado culpado de intervenção no atentado contra D. José I, ocorrido em 3 de Setembro de 1758.

Em consequência destes acontecimentos os bens das famílias Távora e Atouguia foram sequestrados para a Coroa, incluindo senhorio de Cernache, Paço, padroado e mais bens.[2]

D. José, por carta régia de 14 de Maio de 1771, fez doação do senhorio da Vila de Cernache, na conformidade do Alvará de 2 de Janeiro de 1769, ao Conde da Lousã, D. Luís António de Lancastre de Basto Baharem, para o dito senhor ter por uma vida.

Posteriormente todos estes direitos e bens regressaram à posse da Coroa, tendo, por Decreto de 5 de Abril de 1821, em nome da regência de D. João VI, os bens da coroa e todas as propriedades que vagassem, possuídas por donatários e comendadores, sido ordenada a sua venda para os resultados seriam aplicados na amortização da dívida pública. Em cumprimento destas disposições, o Governo vendeu o Paço de Cernache mais os bens do antigo senhorio de Cernache, bem como o edifício do Hospital que tinha sido fundado por Álvaro Anes de Cernache.[3]

Desde então o Paço de Cernache teve vários proprietários[quem?], até ser adquirido em 1928 pelo Dr. Américo Viana de Lemos, da família Lemos da Casa do Cabo em Cernache, na época titular do respectivo "partido médico", encontrando-se na posse de descentes seus, que recentemente procederam ao seu restauro, conforme fotos.[4]

Referências

  1. Sousa, Bernardo Vasconcelos e (2000). Os Pimentéis - Percurso de uma Linhagem da nobreza Medieval Portuguesa (seculos XIII-XIV). Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda 
  2. Guerra, Luís de Bivar (1954). Inventários e Sequestros das Casas Távora e Atouguia em 1759. [S.l.]: Edições do Arquivo do Tribunal de Contas 
  3. Santos, Henrique Matheus dos (1921). Monographia historica de Cernache e apontamentos biographicos. Lisboa: Banco de Portugal 
  4. Cruz, Marco (2011). Cernache, os Moinhos, sua História, sua Gente. [S.l.: s.n.] 


Ícone de esboço Este artigo sobre Património de Portugal é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.