Parábola do Fermento – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Fermento.
Gravura de Jan Luyken na Bíblia de Bowyer.

A Parábola do Fermento é uma das mais curtas parábolas de Jesus. Ele aparece em dois dos evangelhos sinóticos do Novo Testamento. As diferenças entre Mateus 13:33 e Lucas 13:20–21 são pequenas e as duas parábolas podem ser derivadas da mesma fonte. Em ambos os evangelhos, ela segue imediatamente após a parábola do grão de mostarda, com quem compartilha o mesmo tema, o Reino de Deus que cresce de pequenos começos.

Uma versão da parábola também ocorre no apócrifo Evangelho de Tomé [1].

Narrativa bíblica

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Em Mateus:

«Ainda outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.» (Mateus 13:33)

Em Lucas:

«Disse-lhes mais: A que compararei o reino de Deus? É semelhante ao fermento, que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.» (Lucas 13:20–21)

Evangelho de Tomé

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No Evangelho apócrifo de Tomé:

96. O Reino do Pai é semelhante a uma mulher que tomou um pouco de fermento, misturou-o com a massa, e fez com ela grandes pães. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
 

Interpretação

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Esta parábola[3] compartilha do mesmo sentido que a anterior, a parábola do grão de mostarda, ou seja, o crescimento forte do Reino de Deus a partir de pequenos começos.[4] O resultado final é inevitável, uma vez que o processo natural de crescimento já começou.[5]

Embora o fermento simbolize influências malignas em outras partes do Novo Testamento (Lucas 12:01),[4], ele não é geralmente interpretado dessa maneira nesta parábola.[3][4][5][6][7][8] No entanto, alguns comentaristas vêem o fermento como reflectindo influências corruptas no futuro da Igreja.[9]

Tal como acontece com Dracma Perdida, esta parábola é parte de um par, em que a primeira descreve a obra de Jesus em termos de atividades agrícolas de um homem e a segunda em termos das atividades domésticas de uma mulher.[3] Joel B . Green escreve que Jesus "pede às pessoas - homens ou mulheres, privilegiados ou camponeses, não importa - que entrem no domínio das mulheres e donas de casa do primeiro século para que ganhem uma nova perspectiva sobre o domínio de Deus. " [6]

A grande quantidade de farinha pode sugerir uma ocasião festiva planejada, pois o pão produzido poderia alimentar uma centena de pessoas.[3]

A Bíblia de Jerusalém comenta a passagem por meio de um Nota de Rodapé[10], que afirma que:

Como o grão de mostarda e o fermento, o Reino tem começo modesto, mas grande e repentino desenvolvimento.

A Edição Pastoral da Bíblia comenta a passagem por meio de um Nota de Rodapé[11] a Mateus 13:33, que afirma que:

A comunidade dos discípulos parece desaparecer no meio dos homens. Num segundo momento, porém, ela exerce ação transformadora no seio da sociedade.

A Bíblia do Peregrino comenta a passagem por meio de Notas de Rodapé a Mateus 13:33 e a Lucas 13:18–21, nas quais observa que:

  1. trata-se de uma variante doméstica da Parábola do Grão de Mostarda;
  2. sugere o ocultamento de uma minoria na massa e o contraste entre o tamanho e a eficiência;
  3. quando considerada em conjunto com a Parábola do Grão de Mostarda, observam-se duas parábolas concisas (comparações simples, sem armação narrativa) que ilustram o dinamismo do Reinado de Deus e do anúncio da boa notícia, em um contexto no qual: a primeira contém uma alusão hiperbólica a o cedro magnífico referido em Ezequiel 17:22–24.

A Tradução Ecumênica da Bíblia comenta a passagem por meio de uma Nota de Rodapé[12] a Mateus 13:33, na qual observa que:

  1. trata-se de parábola que complementa a Parábola do Grão de Mostarda;
  2. não se deve fixar o interesse na paciência exigida para que o levedo transforme a massa, mas no contraste entre a pequena quantidade de levedo e o grande efeito (crescimento da massa).
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Referências

  1. O Evangelho de Tomé: Lamb translation and Patterson/Meyer translation. Em inglês (06/06/2011).
  2. «Evangelho de Tomé». Saindo da Matrix. Consultado em 19 de fevereiro de 2011 
  3. a b c d Ben Witherington, Women in the Ministry of Jesus: A study of Jesus' attitudes to women and their roles as reflected in his earthly life, Cambridge University Press, 1987, ISBN 0-521-34781-5, p. 40–41. Em inglês (06/06/2011).
  4. a b c I. Howard Marshall, The Gospel of Luke: A commentary on the Greek text, Eerdmans, 1978, ISBN 0-8028-3512-0, pp. 561–562. Em inglês (06/06/2011).
  5. a b John Nolland, The Gospel of Matthew: A commentary on the Greek text, Eerdmans, 2005, ISBN 0-8028-2389-0, p. 553–554. Em inglês (06/06/2011).
  6. a b Joel B. Green, The Gospel of Luke, Eerdmans, 1997, ISBN 0-8028-2315-7, p. 527. Em inglês (06/06/2011).
  7. John Calvin, Commentary on Matthew, Mark, Luke - Volume 2.Em inglês (06/06/2011).
  8. Daniel J. Harrington, The Gospel of Matthew, Liturgical Press, 1991, ISBN 0-8146-5803-2, p. 205. Em inglês (06/06/2011).
  9. Herbert Lockyer, All the Parables of the Bible, Zondervan, 1988, ISBN 0-310-28111-3, p. 190. Em inglês (06/06/2011).
  10. A Bíblia de Jerusalém, também indica leituras correlatas: Mateus 16:6 e I Coríntios 5:6–8, que são úteis para saber, que, em outras passagens do Novo Testamento, "fermento" é o símbolo de algo negativo.
  11. Capítulo 13 do Evangelho segundo Mateus, acesso em 16 de junho de 2013.
  12. A Tradução Ecumênica da Bíblia, também indica leituras correlatas: I Coríntios 5:6–8 e Gálatas 5:9, que são úteis para saber, que, em outras passagens do Novo Testamento, "fermento" é o símbolo de algo negativo.